Enem: Entenda como funciona o Exame Nacional do Ensino Médio

Os conteúdos do Observatório da Educação sobre o Enem irão te ajudar a entender como funciona o Exame Nacional do Ensino Médio e qual sua real importância para a educação no Brasil.

Introdução

Criado para avaliar a última etapa da Educação Básica, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) já foi ferramenta de indução de transformações no currículoAbre em uma nova guia. Hoje, é a principal porta de acesso ao ensino superior e busca alinhamento à Base Nacional Comum Curricular (BNCC)Abre em uma nova guia, assim como necessitará estar coerente às mudanças que Ensino Médio deve observar nos próximos anos.

Ao longo dos anos, foi se articulando a novos programas estudantis, como o FIES (Fundo de Financiamento Estudantil), o ProUni Programa Universidade para Todos e também à Lei de Cotas para o Ensino Superior (12.711/2012).

Com o objetivo de que você compreenda toda essa trajetória do ENEM e que entenda a sua importância para a educação brasileira, produzimos este especial, que reúne diversos conteúdos disponíveis no Observatório de EducaçãoAbre em uma nova guia.

No menu ao lado, você poderá ter melhor acesso aos temas relacionados ao ENEM de forma catalogada, para que facilite a sua compreensão e leitura.

Para que você possa conferir, de forma mais profunda, outros conteúdos sobre o exame, distribuímos diversos links ao longo do texto, que direcionam para materiais selecionados, disponibilizados e organizados aqui dentro do Observatório de Educação.

Atual objetivo do Enem: trajetória e futuro da avaliação

Desde 2017, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem como objetivo primordial “aferir se seus participantes demonstram, ao final do ensino médio, individualmente, domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna e se detém conhecimento das formas contemporâneas de linguagemAbre em uma nova guia".

Seus resultados devem servir como parâmetros para: a autoavaliação do participante; a criação de referência nacional para o aperfeiçoamento dos currículos do ensino médio; a utilização como mecanismo único, alternativo ou complementar para acesso à educação superior, especialmente a ofertada pelas instituições federais de educação superior; e o acesso a programas governamentais de financiamento ou apoio ao estudante da educação superior.

Para chegar até aqui, o Enem percorreu trajetória de mais de 20 anosAbre em uma nova guia. Teve seu início na gestão do ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza (1995-2002). Foi regulamentado pela Portaria n. 438, de 28 de maio de 1998, do Ministério da Educação (MEC), integrando um conjunto de reformas que o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso implementou na Educação pública depois da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e das críticas que o próprio ex-ministro, falecido em 2011, tinha ao vestibular tradicional.

Como instrumento de acesso ao ensino superior, o Enem passou a figurar entre as avaliações em larga escala, junto com o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que havia sido criado no início da década.

Na websérie de entrevistas com ex-ministros da Educação, da seção Luz, Câmera, Gestão, do Observatório de EducaçãoAbre em uma nova guia, Maria Helena Guimarães, que foi secretária de Educação Básica durante a gestão de Paulo Renato, lembra detalhes de como foi o processo de criação, com a constituição de uma comissão que trabalhou durante um ano analisando as condições de oferta do Ensino Médio e a referência ao SAT (Scholastic Aptitude Test, exame realizado nos Estados Unidos).

Confira mais detalhes no vídeo abaixo, de Maria Helena Guimarães.

Seu planejamento e operacionalização desde o início estão a cargo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep)Abre em uma nova guia, órgão ligado ao MEC.

Semelhante ao que é estabelecido hoje, quando criado, o Enem focava em entender o perfil do estudante que estava saindo da escolaridade básica, buscando dar uma referência ao jovem, ao fim dos seus 11 anos de estudo, além de subsidiar o MEC na elaboração de políticas públicas e pesquisas educacionais.

Ano a ano, o exame foi ganhando número de inscritos e relevância como potencial indutor do currículo do Ensino Médio, diante da ausência de uma base nacional.

O primeiro crescimento considerável de inscrições ocorreu em 2001, com a medida de isenção de taxas para estudantes das escolas públicas. O segundo grande salto ocorreu em 2005, já no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, quando passou a ser utilizado como parâmetro para a concessão de bolsas do ProUni.

Número de Inscrições no ENEM por Ano

Ano Nº de Inscritos
2023 3.933.970
2022 3.396.632
2021 3.389.907
2020 5.783.357
2019 5.095.308
2018 5.513.662
2017 6.731.186
2016 8.627.371
2015 7.792.025
2014 8.722.290
2013 7.173.574
2012 5.791.332
2011 5.380.857
2010 4.611.411
2009 4.147.527
2008 4.004.715
2007 3.568.592
2006 3.731.975
2005 2.998.083
2004 1.547.094
2003 1.876.387
2002 1.818.665
2001 1.627.949
2000 390.574
1999 346.819
1998 157.076

Tal processo se consolidou em 2009, no segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Sob a gestão do ex-ministro Fernando Haddad, a aferição da nota do Enem passou por uma mudança metodológica, com consequente reorganização de seus conteúdos e adotando a Teoria de Resposta ao Item (TRI) como técnica para permitir a comparabilidade histórica dos resultados.

Os resultados do Enem passaram então a valer como critério de ingresso no ensino superior, através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), posteriormente articulando-se também a Lei de Cotas de 2012.Abre em uma nova guia

Neste contexto, a finalidade fundamental do Enem não foi alterada. Continuou, assim, servindo para avaliar o concluinte do ensino médio. Mas passou a avaliar também os estudantes ingressantes nos cursos de graduação e certificar alunos que ainda não haviam concluído o ensino.

Por meio do Sisu e do Prouni, a nota do Enem passou a valer como a principal forma de ingresso no Ensino Superior e, atualmente, ele é considerado a principal porta de entrada para as universidades públicas e privadas no Brasil.

Além disso, o exame também possibilita aos estudantes, dependendo de seus resultados, a garantia de bolsas de estudos e financiamento estudantil.

Segundo afirma o pesquisador Rodrigo Travitzki em sua tese “Enem: limites e possibilidades do Exame Nacional do Ensino Médio enquanto indicador de qualidade escolar”,Abre em uma nova guia dentre todos os objetivos do Enem, utilizá-lo para ingressar em empresas ou Instituições de Ensino Superior foi o mais aceito no sistema educacional e na sociedade. /

“Em 2009, de acordo com os microdados, 80% dos participantes fizeram o exame com o objetivo de entrar na faculdade, 12% desejavam apenas uma autoavaliação (...) Ao longo dos anos, mais objetivos foram sendo acrescentados ao exame”, destacou Travitzki.

Em 2017, no bojo de novas reformas educacionais, o MEC, sob a gestão de Mendonça Filho, optou por fazer novas alterações no objetivo do exame, diante do avanço das tramitações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e do Novo Ensino Médio(NEM). Além disso, a prova deixou de ser utilizada para certificação do Ensino Médio para estudantes em idade avançadaAbre em uma nova guia, função que passa a ser do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).

Em 2020, o MEC anunciou a opção do ENEM Digital, com vagas limitadas para os estudantes fazerem a prova pelo computador em alguns locais de aplicação. Porém, devido ao alto custo e baixa procura, o projeto foi encerrado três anos depois.

Em 2022, o MEC também anunciou novas mudanças que seriam praticadas a partir da edição de 2024, quando deveria terminar a implementação do Novo Ensino Médio. A primeira novidade seria a inclusão de questões discursivas, além das de múltipla escolha.

O teste passaria a ter duas provas, uma com questões interdisciplinares voltadas ao currículo da BNCC, além da redação.

A segunda prova teria quatro versões diferentes, específicas para os itinerários formativos escolhidos no Ensino Médio:

  • linguagens, ciências humanas e sociais aplicadas;
  • matemática, ciências da natureza e suas tecnologias;
  • matemática, ciências humanas e sociais aplicadas;
  • ciências da natureza, ciências humanas e sociais aplicadas.

Alunos que cursam a formação técnica e não estudaram todas as disciplinas receberiam bonificações na nota para concorrer a uma vaga no Ensino Superior.

Entretanto, após muitas críticas ao Novo Ensino Médio e o início do novo governo de Luisz Inácio Lula da Silva, em abril de 2023 o MEC suspendeu a continuidade da implementação do NEM e, consequentemente, do Novo Enem.

Segundo o ministro da Educação, Camilo Santana, o ENEM não deve mudar de formato pelo menos até 2025.

Porém, os estudantes que cursaram o Novo Ensino Médio e estão prestes a ingressar na universidade podem ser cobrados por conteúdos não necessariamente lecionados ou que até foram, mas de modo superficial, por causa da redução da carga horária das matérias da Formação Geral Básica (FGB).

Para avaliação e reestruturação da Política Nacional de Ensino Médio, o MEC realizou consultas públicas que resultaram nesta proposta para embasar novos debates. Isso porque qualquer nova mudança no Ensino Médio deve ser encaminhada e aprovada pelo Congresso Nacional, além de sancionada pelo presidente, para entrar em vigor.

Essa discussão, sobre o papel do ENEM no contexto da reforma curricular foi aprofundada durante webinário promovido pelo Instituto Unibanco em parceria com o Conselho Nacional de Educação, integrando uma série de debates que refletiu sobre o “Presente e Futuro das Avaliações Educacionais no Brasil”.

O que os resultados do Enem revelam?

Marco avaliativo final de um processo de escolarização ainda notadamente discriminatório, as notas do Enem expressam o funil excludente que marca a educação brasileira.

Como mostramos no conteúdo especialAbre em uma nova guia sobre desigualdade racial, por exemplo, em 2022, dos jovens de 14 a 29 anos fora da escola, 70% eram negros e 28% brancos, índice que teve uma pequena variação na comparação com 2019, quando 71% dos jovens fora da escola eram negros, e apenas 27% destes brancos, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, PNAD Educação 2022. A partir dos dados do IBGE, o estudo "Diagnóstico do abandono e da evasão escolar no Brasil", do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social, aponta que as chances de um jovem preto ou pardo de 20 a 24 anos estar fora da escola sem ter concluído o ensino médio é 55% maior do que a de um jovem branco.

Este cenário foi agravado ainda mais diante da pandemia do Coronavírus, conforme conteúdo da seção Em Debate, que também abordou o assuntoAbre em uma nova guia. A Fundação Carlos ChagasAbre em uma nova guia, publicou um estudo sobre o cenário da educação básica neste contexto, revelando que proporcionalmente a maior parte dos estudantes de Ensino Médio, que não foram contempladas com atividades remotas, foram meninos negros entre 15 e 17 anos, comprometendo diretamente suas possibilidades de participação no ENEM. A partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – COVID-19 (PNAD-COVID), os pesquisadores demonstraram os impactos da pandemia para o recrudescimento da desigualdade racial entre estudantes do Ensino Médio. Neste grupo etário, enquanto 15,3% dos meninos brancos não frequentaram a escola em 2020, 45,1% de jovens negros abandonaram os estudos.

2023 3.933.970
2022 3.396.632
2021 3.389.907
2020 5.783.357
2019 5.095.308
2018 5.513.662
2017 6.731.186
2016 8.627.371
2015 7.792.025
2014 8.722.290
2013 7.173.574

Neste gráfico, é possível ver que houve duas quedas significativas nas taxas de inscrição: a partir de 2017 e de 2021. Elas revelam um aprofundamento das desigualdades educacionais no país, como mostram os argumentos a seguir.

Um dos índices que ajudam a explicar a primeira queda são da Pnad-C de 2018, quando mais de 5 milhões de jovens de 18 a 20 anos não estudavam, nem faziam cursos de capacitação.

O motivo para um terço deles era ter de trabalhar, 21% não tinham interesse, 15% tinham de ajudar no cuidado de parentes e 12% não estudavam porque não tinham dinheiro.

A segunda queda acentuada foi em 2021, ano de pandemia.

Uma recente análise sobre o perfil dos alunos que fazem o Enem está no estudo Oportunidades Educacionais de Estudantes Concluintes do Ensino Médio, do Laboratório de Pesquisas em Oportunidades Educacionais - LaPOpE-UFRJ, com apoio do Instituto Unibanco.

A pesquisa mostra que, entre 2013 e 2017, havia um perfil mais diverso, com um aumento de estudantes de baixo indicador de nível socioeconômico (NSE) entre os que fizeram o ENEM, assim como de estudantes pretos, pardos e indígenas.

Essa tendência de democratização foi interrompida em 2018, com uma queda na participação de estudantes de baixo NSE, que se intensificou principalmente a partir do início da pandemia de covid-19, em 2020. Tendência semelhante foi observada na participação dos estudantes pretos, pardos e indígenas e na dos estudantes do sexo masculino.

Em 2021, enquanto na rede privada a queda de estudantes que fizeram a prova do ENEM foi de 20%, na rede pública - onde estudam a maior parte dos alunos - foi de 53%. De cada quatro estudantes concluintes do Ensino Médio na rede pública, apenas um fez as provas do Enem em 2021.

Ou seja, a pandemia teve mais consequências para a trajetória escolar dos alunos da rede pública, acentuando desigualdades.

Concluintes do ensino do Ensino Médio que participaram do Enem, por nível socioeconômico Concluintes do Ensino Médio que participaram do Enem, por cor/raça

As notas do ENEM são outra radiografia da exclusão na educação brasileira, segundo o estudo "A interseção entre renda, raça e desempenho acadêmico no acesso ao ensino superior brasileiro", de Flávio Carvalhaes, Adriano S. Senkevics e Carlos A. Costa Ribeiro, publicado em 2022.

Os pesquisadores analisaram o desempenho de 1,12 milhão de alunos que se formaram no ensino médio em 2012, o ano da aprovação da Lei de Cotas. Depois, verificaram os resultados desses estudantes no Enem entre 2012 e 2016 e rastrearam, no Censo da Educação Superior, quais se matricularam em faculdades entre 2013 e 2017.

Foi possível observar que quanto maior a renda, melhor a nota no ENEM, mas em média, os brancos têm notas 3% maiores do que a amostra geral e 7% maior do que estudantes pretos, pardos e indígenas (PPI).

Medidas de posição da nota do Enem por estrato de renda e por estrado de renda e cor

Essa diferença entre os grupos é mais acentuada no acesso à universidade. Estudantes brancos, com a mesma renda e desempenho, têm taxas significativamente mais altas de entrada no ensino superior. Isso sugere que há desigualdade racial independentemente do nível de renda e desempenho, já que uma vez que estudantes nos mesmos estratos das duas variáveis têm probabilidades distintas de ingressarem no ensino superior.

Taxas de transição para o ensino superior por estrato de renda e cor

Juntando as notas no ENEM e o ingresso no ensino superior, os pesquisadores concluíram que os mais pobres são mais dependentes de uma boa nota no exame para entrar nas faculdades do que os mais ricos, já que os últimos têm a possibilidade de pagar para fazer uma faculdade privada.

Se observamos as diferenças entre estudantes mulheres e homens também é possível refletir sobre desigualdades de gênero na educação. Apesar das edições do Enem, contarem, desde 2011, com taxa de participação repetidamente maior entre as estudantes do sexo feminino, é possível também verificar a uma diferença persistente de desempenho entre elas e eles.

Desempenho de estudantes do sexo femino e masculino no Enem

A produção acadêmica que explora esses dados é vasta. Por meio de diferentes cruzamentos e análises qualitativas, diversos artigos, teses e dissertações reafirmam que a inequidade das condições objetivas, o processo educativo atravessado pelo racismo estruturalAbre em uma nova guia e sexismoAbre em uma nova guia são fatores determinantes desses resultados.

Em entrevista ao Observatório da Educação, o Professor Marcelo Paixão, da University of Texas, discorreu sobre o debate sociológico a respeito das desigualdades raciais no Brasil a partir da comparação dos dados de aprendizagem, evasão e conclusão entre jovens estudantes negros e brancos.

A filósofa Sueli Carneiro e a gestora Macaé Evaristo debateram em entrevista ao Instituto Unibanco os desafios enfrentados pela Juventude Negra no Ensino Médio, os quais possuem relação direta com o desempenho desses estudantes no ENEM.

Através de uma recuperação histórica da atuação do Movimento Negro, as especialistas demonstram como a educação é central para o enfrentamento às desigualdades:

Sobre o impacto das diferenças de gênero no percurso escolar, na aprendizagem e no rendimento dos estudantes no ENEM, vale conferir nosso Conteúdo Multimídia sobre a experiência das pessoas trans na educaçãoAbre em uma nova guia, notadamente no Ensino Médio e no acesso ao Ensino Superior. De acordo com pesquisa realizada pelo defensor público João Paulo Carvalho Dias, presidente da Comissão da Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), estima-se que no Brasil 82% das pessoas trans e travestis tenham abandonado os estudos ainda na educação básica. Este e outros indicadores apontam que ainda há muito a ser construído para garantir equidade de gênero no acesso ao Ensino Superior.

Além de raça e gênero, outros marcadores sociais da diferença são determinantes para o acesso e a garantia do direito à aprendizagem. O artigo “O desempenho de estudantes no Enem 2010 em diferentes regiões Brasileiras”Abre em uma nova guia, dos pesquisadores Cristiano Rodrigues de Mattos e Esdras Viggiano de Souza, por exemplo, aponta para desigualdades regionais, identificando três grupos de desempenho: superior (Sul e Sudeste); médio (Centro-Oeste); e inferior (Norte e Nordeste).

Também foi possível identificar, antes da pandemia, uma grande desigualdade nas taxas de inscrição e participação no ENEM em relação aos estudantes com deficiência.

Embora não existam dados divulgados pelo MEC sobre a participação no ENEM deste grupo desde 2020, os mais recentes estão no já mencionado estudo Oportunidades Educacionais de Estudantes Concluintes do Ensino Médio, do Laboratório de Pesquisas em Oportunidades Educacionais - LaPOpE-UFRJ.

A pesquisa calculou que as taxas de participação dos estudantes com deficiência atingiram o pico em 2014 e caíram de forma persistente desde então. Em 2019, foram menores que a metade das taxas entre os alunos sem deficiência.

Já Erik Figueirêdo, Lauro Nogueiray e Fernanda Leite Santanaz, no artigo “Igualdade de oportunidades: analisando o papel das circunstâncias no desempenho do Enem”Abre em uma nova guia avaliam como as circunstâncias sociais influenciam o desempenho educacional dos alunos que prestam o Enem.

“Os resultados indicaram que variáveis como: renda familiar, escolaridade dos pais, tipo de escola, etc., são fatores essenciais na determinação da desigualdade de oportunidades. Pelos resultados (em termos de probabilidade) parecem inviável aqueles penalizados pelas circunstâncias obterem melhores resultados”, concluem os autores.

Diversas outras produções podem ser encontradas no Cedoc do Observatório de Educação.Abre em uma nova guia

Enem e pandemia: intensificação das desigualdades

Em julho de 2020, o MEC e o Inep divulgaram que as provas impressas do Enem daquele ano seriam realizadas nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021, enquanto a nova versão digital foi marcada para 31 de janeiro e 7 de fevereiro. Os resultados foram divulgados em março de 2021. No mesmo ano, o calendário do Exame começou a ser regularizado. A prova impressa foi aplicada em novembro e a digital em janeiro de 2022, contemplando também os inscritos que estão em unidades socioeducativas ou em privação de liberdade.

O Enem foi adiado em 2020 em resposta à pressão de diversos setores da sociedade, entre eles o Congresso NacionalAbre em uma nova guia, a Defensoria Pública, o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação (Consed), a Associação Brasileira de Avaliação Educacional (Abave)Abre em uma nova guia e movimentos da sociedade civil, como o Todos pela Educação e a Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

O principal argumento para o adiamento foi tentar reduzir a desigualdade educacional, exacerbada no contexto de isolamento social. As diferentes realidades socioeconômicas dos candidatos da avaliação impuseram desafios especialmente quanto às possibilidades de acesso à internet e às condições de estudo em casa.

Um estudo da Fundação Carlos Chagas revelou que, proporcionalmente, a maior parte dos estudantes de Ensino Médio que não foram contempladas com atividades remotas, foram de meninos negros entre 15 e 17 anos, comprometendo diretamente suas possibilidades de participação no ENEM.

De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – COVID-19 (PNAD-COVID), neste grupo etário, enquanto 15,3% dos meninos brancos não frequentaram a escola em 2020, 45,1% de jovens negros abandonaram os estudos.

A pesquisa também mostra que o maior grupo demográfico na faixa etária entre 15 e 17 anos é de meninos negros, contudo sua presença nas escolas não alcança a mesma representatividade.

Além de terem frequentado menos aulas e recebido menos atividades na modalidade remota, os jovens negros também foram os que menos realizaram os exercícios quando entregues. Entre meninos brancos, apenas 17,4% não fizeram as atividades propostas, contra 44,5% de jovens negros na mesma situação.

Durante a pandemia, outra medida que pode ter favorecido a desigualdade foi a norma que impediu estudantes que foram isentos da taxa de inscrição do ENEM 2020 de pleitear a isenção novamente.

A regra que esteve vigente durante todo primeiro semestre de 2021, foi revogada por decisão do Superior Tribunal Federal após intensa pressão da sociedade civil. Depois disso, 280 mil estudantesAbre em uma nova guia que haviam se ausentado no exame anterior se reinscreveram para fazer a prova gratuitamente.

No podcast Conselho de Classe Abre em uma nova guia, no dia 06 de Setembro de 2021, que você pode ouvir através deste link Abre em uma nova guia, o superintendente do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, comentou a queda nas inscrições de estudantes negros e indígenas, destacando o retrocesso que esses índices apontam e como o veto para a isenção da taxa, ainda que revogado, contribuiu para o agravamento das desigualdades.

“Após uma grande abstenção na prova do ano passado, por conta devido à pandemia, teremos em 2021 um ENEM muito ruim do ponto de vista da inclusão. Esses estudantes, a gente não pode esquecer, ficaram mais de um ano e meio sem aulas presenciais, afetando sem dúvida sua aprendizagem, mas além disso a crise econômica está avassaladora. Vários desses estudantes passaram a ter que contribuir com suas famílias financeiramente, tirando seu foco da prioridade fundamental que é continuar os estudos. A pandemia por si só é muito ruim, mas esse contexto está atrelado também à política pública que está em última instancia excluindo esses estudantes. Algumas decisões do MEC, sobretudo vetar a taxa de isenção para estudantes que faltaram ano passado, acabaram dificultando ainda mais o processo de inscrição, gerando exclusão. A política educacional federal deveria estar compensando os impactos da pandemia, mas ela tem feito justamente o contrário. (...) Tudo que a gente está acompanhando na educação, aponta para uma certa intencionalidade de exclusão.”

O Enem é instrumento de democratização do acesso ao ensino superior?

A adoção da nota do Enem como parâmetro de acesso ao ensino superior, atrelada ao Sisu, ao ProUni e a ações afirmativas, modificou de certa forma o cenário das graduações públicas e privadas brasileiras.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020, entre a população branca acima de 25 anos 24,9% possuem ensino superior completo, enquanto entre as pessoas negras do mesmo grupo etário esse índice é de apenas 11%.

A distribuição étnico-racial no ensino superior brasileiro revela a existência de padrões de exclusão. Atualmente, jovens negros (pretos e pardos) entre 18 à 24 anos correspondem a 49,9% dos estudantes de ensino superior em rede pública, e 47% em rede privada.

Contudo, apesar dos avanços conquistados nas últimas décadas, esses índices revelam uma sub-representação em relação à população como um todo, uma vez que de acordo com dados do IBGE pessoas negras entre 18 à 24 anos correspondem a 60,4% deste grupo etário. De acordo com o estudo:

“Em que pese a adoção de critérios raciais na legislação voltada à democratização do acesso ao ensino superior – notadamente no que se refere às cotas, na rede pública federal, e ao Programa Universidade para Todos - Prouni, na rede privada – o perfil do estudante de nível superior não reflete ainda a distribuição por cor ou raça da população jovem brasileira.”

Os últimos três anos mostram que a porcentagem de jovens estudando na universidade avançou nos dois grupos, mas a desigualdade aumentou – de 16,2 para 17,8 pontos percentuais.

Os dados mostram certa estagnação, após um período de crescimento. O percentual de negros no ensino superior apresentou grande crescimento entre 2005 e 2015. Em 2005, um ano após a implementação de ações afirmativas, como as cotas, apenas 5,5% dos jovens pretos ou pardos e em idade universitária frequentavam uma graduação. Em 2015, 12,8% dos negros entre 18 e 24 anos chegaram ao nível superior, segundo IBGE.

Nesse cenário, vários estudos, que têm buscado compreender melhor esses dados, podem ser encontrados no Cedoc.

Como destacaram Melina Kerber Klitzke e Ione Ribeiro Valle, no artigo “Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - Há democratização do acesso ao Ensino Superior?”Abre em uma nova guia:

"(...) O aumento progressivo do número de inscritos no Enem mostra que [...] ele reacendeu a chama da esperança de acesso ao ensino superior para frações da população brasileira que permaneceu historicamente à margem desse nível de formação. O reconhecimento das desigualdades entre os indivíduos não impede o aumento de participantes a cada edição do exame. Assim, mesmo que o Enem não democratize efetivamente as chances de ingressar numa instituição universitária pública, o sonho foi alimentado e está se transformando em ideal a ser perseguido por muitos estudantes brasileiros”, concluem as autoras.

Já Vânia Lourenço, em “Limites e possibilidades do ENEM no processo de democratização do acesso à educação superior brasileira”Abre em uma nova guia, analisa se o Enem tem contribuído para a democratização do acesso à educação superior e, ainda, de que forma as políticas implementadas pela Universidade de Brasília (UnB) têm favorecido a permanência dos alunos atendidos pela instituição.

Os resultados apontam que a adoção do Enem tem favorecido a migração de alunos de outras Unidades da Federação para os cursos de alto prestígio social, oriundos de escolas privadas e em sua maioria com renda familiar entre três e dez salários-mínimos.

Faça pesquisas ainda mais específicas, a partir de seus interesses, pela busca avançada do CedocAbre em uma nova guia.

Papel da gestão para combater as desigualdades do Enem

A partir de 2014, por meio da Portaria nº 533, do Inep, foi possível ter acesso aos resultados do Enem por escola. A divulgação dos dados foi crucial, pois permitiu observar que muitas das unidades de ensino que apresentavam os melhores resultados estavam localizadas em regiões vulneráveis, com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

O ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro destaca esse ponto, em sua participação na websérie “Entrevistas com Ex-ministros”, destacando que o interior do Nordeste, por exemplo, concentra grande parte dos melhores resultados. Confira, abaixo, o vídeo na íntegra.

O estudo Oportunidades Educacionais de Estudantes Concluintes do Ensino Médio, do Laboratório de Pesquisas em Oportunidades Educacionais - LaPOpE-UFRJ, traz algumas recomendações para estimular os estudantes a prestarem o ENEM.

1 - Criar rotinas desde o início do ensino médio que expliquem a ligação entre o Enem e oportunidades educacionais na rede privada - PROUNI e FIES - assim como vagas na rede pública gratuita.

2 - Desenvolver programas focados na ampliação da participação (pós-inscrição) no Enem dos grupos mais vulneráveis, como alunos de famílias com baixa escolaridade e menor renda, pretos, pardos e indígenas, estudantes do sexo masculino e com deficiência.

É recomendado também que os programas sejam estruturados para funcionar por no mínimo dois anos (idealmente quatro anos) e seus impactos, avaliados anualmente.

É possível estruturar estratégias de mobilização nas redes sociais ativação dos professores dos estudantes inscritos para reforço da importância da realização de todas as provas, kits de alimentação e, novamente, incentivos financeiros à participação.

3 - Criar turmas de reforço com oferta focalizada aos estudantes mais vulneráveis, com o objetivo de ampliar a confiança dos alunos na obtenção de resultados competitivos no Enem. Essas atividades devem ser estruturadas idealmente desde o início do ensino médio, a partir de um diagnóstico individual dos estudantes.

Outro exemplo são os “aulões”, podendo ser realizados em parceria com os grêmios estudantis e outros coletivos de jovens, bem como com cursinhos populares.

O Programa “Bora Estudar?”, promovido pela rede estadual do Piauí, é uma das referências nesse sentido, com simulados durante todo o ano, evento presencial de revisão e uma caravana dos professores mais bem avaliados da rede para ministrar aulas presenciais em polos de todo o Estado.

Muitos outros exemplos reforçam a importância da gestão. A gestora Maria de Belém Miranda de Souza, da EEEFM Luiz Nunes Direito, de Ananindeua (PA), descreve uma prática que adotou para melhorar o desempenho de seus alunos em avaliações, como Enem e vestibulares.

Já a gestora Maria do Socorro Lima de Freitas, da EEFM Professor Aloysio Barros Leal, de Fortaleza, Ceará, detalha ações que ocorreram em sua escola para elevar a motivação dos estudantes. Ela usou o seu próprio exemplo de vida para conseguir mostrar para os estudantes que, apesar da situação de vulnerabilidade, eles eram capazes e podiam ter a expectativa de ingressar no ensino superior.

Quais são as principais críticas feitas ao Enem?

Grande parte das críticas ao Exame referem-se à proposta de facilitar o acesso dos estudantes ao Ensino Superior por meio do Sisu. Vânia Maria Lourenço concluiu, em sua dissertação “Limites e possibilidades do ENEM no processo de democratização do acesso à educação superior brasileira“Abre em uma nova guia o seguinte:

“Mesmo com a oportunidade de concorrerem a uma vaga em instituições distantes de suas regiões de moradia, os candidatos se deparam com o histórico quadro presente na educação superior brasileira: maior número de candidatos do que vagas, e consequente maior concorrência, que tornou-se ainda mais agressiva com a institucionalização da plataforma SiSu, criando um quadro de competição e ranqueamento entre as universidades, onde os alunos com maior capital cultural vão para as melhores e mais concorridas universidades, restando para os demais candidatos, as instituições menos reconhecidas e mais distantes dos grandes centros”, afirmou Vânia.

Além de Vânia Maria Lourenço, o autor Leonardo Cordeiro também trouxe, em seu artigo “Sobre a inadequação da metodologia de cálculo das notas do Sisu”Abre em uma nova guia uma crítica ao processo entre o Sisu e o Enem.

“O método utilizado pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu/MEC) gera distorções determinantes no processo de seleção. Esses desvios fazem com que até 76% dos candidatos que seriam aprovados, caso não houvesse essa mistura equivocada de notas, não mais o fossem”, relata Cordeiro.

Apesar de o Enem precisar de aprimoramentos em certos pontos, é necessário considerar que ele é visto por muitos, hoje, como mecanismo essencial do Ensino Médio, além de ser considerado a prova mais esperada do ano para milhões de estudantes em todas as regiões do Brasil.

Sobre a prova especificamente, por que o número de acertos não significa a nota do estudante no Enem?

Para responder a pergunta acima, é necessário entender como funciona o método de correção das provas utilizado pelo Enem.Abre em uma nova guia Este método é conhecido como Teoria da Resposta ao Item (TRI) e ele não avalia somente a quantidade de respostas corretas mas, também, o grau de dificuldade de cada questão e a coerência das respostas fornecidas pelos estudantes em cada uma das diferentes áreas de conhecimento.

Muitas pessoas chamam o método TRI de “sistema de correção contra chutes”Abre em uma nova guia, afinal, a coerência nos erros e acertos tem impacto significativo na nota final, fazendo com que o chute não seja uma boa opção.

Em outras palavras, se um estudante acertar 20 questões classificadas como difíceis e somente 4 questões classificadas como fáceis, ele será penalizado em sua nota final, porque o seu resultado é considerado, pela TRI, como um resultado incoerente.

Entender todos os detalhes, peculiaridades da TRI e como calcular a nota do Enem pode elevar as chances de um estudante obter um resultado satisfatório na realização do exame, afinal, ele conhecerá todos os erros que não devem ser cometidos.

O ex-Ministro da Educação, Fernando Haddad, explicou com mais detalhes a metodologia de Resposta ao Item. Confira o vídeo na íntegra abaixo.

Como funciona a prova do Enem? Quem pode participar?

Após a sua reformulação no ano de 2009, a prova do Enem segue um padrão de 180 questões de múltipla escolha e uma única redação. Todas as perguntas da prova são divididas em quatro áreas de conhecimento, com 45 questões em cada.

Apesar de muito complexo e estruturado por diversas pessoas, existem algumas críticas referentes ao formato da divisão das questões do Enem. O artigo “Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): uma análise crítica”Abre em uma nova guia produzido por Marcia Cristina Bernardes Barbosa, Roberto da Silva e Fernando Lang da Silveira, destaca um contraponto sobre o formato da prova. Para os pesquisadores, a física, a biologia e a química inexistem como disciplinas dentro do Enem.

Desde que cumpra todas as regras previstas no Edital do Enem, qualquer pessoa pode realizar a provaAbre em uma nova guia. Esta garantia legal que universaliza o acesso ao Exame não garante, contudo, que todos tenham de fato condições equânimes para inscrição e realização da prova.

Por fim, é comum surgirem algumas dúvidas mais operacionais em relação à realização do Exame como, por exemplo, o valor da inscrição, isenção, datas e horários. Para acessar todas as informações oficiais, você pode clicar aqui.Abre em uma nova guia

Enem é uma prova mais difícil que vestibular tradicional? Qual a diferença do conteúdo cobrado?

Não existe uma resposta exata para essa pergunta, afinal, o nível de dificuldade se articula com o acesso a condições adequadas para o preparo e realização do exame.

Apesar de possuírem muitos pontos em comum e o Enem ser visto como um vestibular, para estudantes e especialistas os exames possuem diferenças consideráveis.

O vestibular é utilizado somente para ingressar no ensino superior, tanto em Universidades públicas, quanto em Universidades privadas.

A grande diferença do Enem, em relação ao vestibular, é referente às possibilidades que a nota ofereceAbre em uma nova guia, afinal, com a nota do Enem, o estudante consegue se inscrever em programas como o Sisu, o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Financiamento Estudantil (FIES).

Outra diferença marcante entre o vestibular e o Enem é em relação ao modelo das provas. O vestibular pode variar, e muito, dependendo da Instituição que está aplicando a prova.

Já o Enem precisa seguir o padrão imposto pelo Inep e todas as regras à risca. Aqui entra também a diferença entre o conteúdo cobrado. Alguns vestibulares podem não conter questões referentes a todas as disciplinas em suas provas, diferentemente do Enem.

Buscando possibilitar uma visão geral precisa de alguns aspectos da prova do Enem, o pesquisador Rodrigo Travitzki Teixeira de Oliveira analisou seis edições do exameAbre em uma nova guia , utilizando metodologias provenientes da Teoria Clássica dos Testes (imagem A) e da Teoria da Resposta ao Item (imagem B).

Análise das provas do Enem

A análise realizada por Rodrigo Travitzki Teixeira de Oliveira mostra que o nível de dificuldade das provas possui uma grande variação ao longo dos anos.

E sobre a redação do Enem, o que faz o estudante zerar?

A redação é uma das partes principais da prova do Enem e a sua nota pode variar entre 0 e 1.000 pontos. Esta nota é dividida em 5 partes, que valem 200 pontos cada, variando de acordo com as competências avaliadas na prova.

Existem algumas atitudes que aumentam, e muito, a chance de o estudante zerar a sua redação no Enem.

Na matéria “Erros que derrubam a nota da redação”Abre em uma nova guia , produzida pelo portal O Globo, os professores Raphael Torres e Thaiane Espíndola destacaram alguns pontos de atenção durante a produção de texto no exame, que podem resultar em notas baixas.

O desrespeito aos direitos humanos é considerado um desses tópicos e possibilita uma profunda discussão a respeito dos temas sugeridos pelas redações do Enem ao longo da história.

Foi o que fez a autora Carla Andrea Pereira de Rezende em sua dissertação “Uma análise discursiva sobre os direitos humanos nas redações do Enem”Abre em uma nova guia, onde analisou os discursos das redações de candidatos que participaram do Enem 2012.

Importa ainda destacar que o acesso a internet e demais ferramentas digitais é uma variável que contribui sensivelmente com os resultados dos estudantes na redação. Uma análiseAbre em uma nova guia dos microdados do Enem revelou a importância do acesso às plataformas digitais e à internet para qualificar o preparo e possibilitar resultados melhores na hora da redação.

A desigualdade no acesso às ferramentas tecnológicas se acentuou ainda mais durante a pandemia da Covid-19, chamando ainda mais atenção para os dados de 2019, que demonstram como a nota média na prova de redação de quem informou ter internet e computador em casa é 86,6 pontos maior do que a de quem declarou não ter essas ferramentas.

Convidamos você a conhecer mais sobre o Enem em uma distribuição estatística das notas, realizada por Gislaine Maria Bortolotti. Clique aqui para conferir. Abre em uma nova guia

Recapitulando

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é considerado a principal porta de entrada para as universidades públicas e privadas no Brasil. O exame também possibilita aos estudantes, dependendo de seus resultados, a garantia de bolsas de estudo, como o ProUni, de financiamento estudantil e de inscrição no Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

Devido à pandemia de Covid-19, o Enem precisou ser adiado pelo MEC. Portanto, a realização da prova presencial acontecerá nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021 e, para os inscritos que optaram por realizar suas provas em formato digital, ela acontecerá nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro de 2021.

Para calcular a sua nota do Enem, primeiro você precisa entender como funciona o método de correção das provas, chamado de Teoria da Resposta ao Item (TRI). Esse método não avalia somente a quantidade de respostas corretas, mas também o grau de dificuldade de cada questão e a coerência das respostas fornecidas pelos estudantes em cada uma das diferentes áreas de conhecimento.

A despeito do acesso à educação apresentar índices que se aproximam da universalidade, o direito à aprendizagem ainda esbarra nas desigualdades que estruturam a nossa sociedade. Dessa forma, a diferença na média dos resultados de estudantes negros e brancos, homens e mulheres, pessoas cis e trans, revela a necessidade de aprimorar as políticas públicas educacionais de modo a promover a equidade na Educação Básica.

Enquanto política pública educacional, o Enem cumpre o papel de cada vez mais fomentar e possibilitar a inserção de pessoas negras, de baixa renda e de mulheres no Ensino Superior. A despeito das críticas, necessárias a contínua melhoria e ampliação dessa política pública, o Exame Nacional do Ensino Médio possibilitou, por exemplo, o crescimento expressivo do percentual de pessoas negras no ensino superior: de 5,5% em 2005 para 12,8% em 2015 (IBGE).

Resultados de aprendizagem

Analise os dados do histórico da nota dos concluintes do Ensino Médio no Enem para comparar o desempenhodos estudantes por raça, área de conhecimento e nível socioeconômico da escola.

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Preparativos para o Enem

O conteúdo em vídeo apresenta dicas para que os estudantes se preparem para a realização do Exame Nacional do Ensino Médio.

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