Enem: Entenda como funciona o Exame Nacional do Ensino Médio
Os conteúdos do Observatório da Educação sobre o Enem irão te ajudar a entender como funciona o Exame Nacional do Ensino Médio e qual sua real importância para a educação no Brasil.
Introdução
Criado para ser utilizado como forma de avaliação da Educação Básica, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) também abrange a missão de ser a força motivadora para transformações no currículoAbre em uma nova guia. Hoje, o Enem compreende sua importância por ser a principal porta de acesso ao ensino superior e busca maior aproximação com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)Abre em uma nova guia e o Novo Ensino Médio.
Ao longo dos anos, o exame qualificativo ganhou notoriedade e foi se articulando a novos programas estudantis, como o FIES (Fundo de Financiamento Estudantil), o ProUni Programa Universidade para Todos e, a partir desses programas estudantis, a Lei de Cotas para o Ensino Superior (12.711/2012).
Com a nova reformulação do exame, o ENEM tornou-se maior em termos de inscritos e de questões, mudando sua organização e metodologia de avaliaçãoAbre em uma nova guia. Atualmente, a importância do exame é significativa, visto que ele proporciona um número maior de oportunidades para jovens e adultosAbre em uma nova guia ingressarem em importantes Universidades e Instituições de Ensino que lhes permitirão conquistar seus objetivos acadêmicos e apoiar seu desenvolvimento profissional e pessoal.
A próxima edição do ENEM já começou com seus preparativos e já está em andamento. As inscrições já foram encerradas, e a prova será aplicada em novembro, tanto no formato impresso quanto virtual. Além disso, após intensa pressão da sociedade civil organizada, a extensão da prova, para estudantes que não compareceram ao exame em 2020, foi determinada pelo Superior Tribunal Federal. Dessa forma, em janeiro de 2022 será realizada uma segunda chamada do exame, com a participação dos estudantes isentos, contemplados na decisão da suprema corte.
Entretanto, ainda há negociações em vigência, como a extensão de isenção a alunos de baixa rendaAbre em uma nova guia, pedido encaminhado ao Ministério da Educação por diversas entidades e sem resposta até a publicação deste conteúdo, bem como a situação da pandemia, que ainda mantém o ENEM sob risco de adiamento.
Com o objetivo de que você compreenda o que mudou no ENEM e que entenda a sua importância para a educação brasileira, produzimos este especial, que reúne diversos conteúdos disponíveis no Observatório de EducaçãoAbre em uma nova guia e irão lhe ajudar a entender tudo sobre o exame.
No menu ao lado, você poderá ter melhor acesso aos temas relacionados ao ENEM de forma catalogada, para que facilite a sua compreensão e leitura.
Para que você possa conferir, de forma mais profunda, outros conteúdos sobre o exame, distribuímos diversos links ao longo do texto, que direcionam para materiais selecionados, disponibilizados e organizados aqui dentro do Observatório de Educação.
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Desde 2017, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem como objetivo primordial “aferir se seus participantes demonstram, ao final do ensino médio, individualmente, domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna e se detém conhecimento das formas contemporâneas de linguagemAbre em uma nova guia".
Seus resultados devem servir como parâmetros para: a autoavaliação do participante; a criação de referência nacional para o aperfeiçoamento dos currículos do ensino médio; a utilização como mecanismo único, alternativo ou complementar para acesso à educação superior, especialmente a ofertada pelas instituições federais de educação superior; e o acesso a programas governamentais de financiamento ou apoio ao estudante da educação superior.
Para chegar até aqui, o Enem percorreu trajetória de mais de 20 anosAbre em uma nova guia. Teve seu início na gestão do ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza (1995-2002), no governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC). Foi regulamentado pela Portaria n. 438, de 28 de maio de 1998, do Ministério da Educação (MEC), integrante de um conjunto de reformas que o governo FHC implementou na Educação pública depois da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e das críticas que o próprio ex-ministro, falecido em 2011, tinha ao vestibular tradicional. Como instrumento de acesso ao ensino superior, o Enem passou a figurar entre as avaliações em larga escala, junto com o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que havia sido criado no início da década.
Na websérie de entrevistas com ex-ministros da Educação, da seção Luz, Câmera, Gestão, do Observatório de EducaçãoAbre em uma nova guia, Maria Helena Guimarães, que foi secretária de Educação Básica durante a gestão de Paulo Renato, lembra detalhes de como foi o processo de criação, com a constituição de uma comissão que trabalhou durante um ano analisando as condições de oferta do Ensino Médio e a referência ao SAT (Scholastic Aptitude Test, exame realizado nos Estados Unidos). Confira mais detalhes no vídeo abaixo, de Maria Helena Guimarães.
Seu planejamento e operacionalização desde o início estão a cargo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais (Inep)Abre em uma nova guia, órgão ligado ao MEC. Semelhante ao que é estabelecido hoje, quando criado, o Enem focava em entender o perfil do estudante que estava saindo da escolaridade básica, buscando dar uma referência ao jovem, ao fim dos seus 11 anos de estudo, além de subsidiar o MEC na elaboração de políticas públicas e pesquisas educacionais.
Ano a ano, o exame foi ganhando número de inscritos e relevância como potencial indutor do currículo do Ensino Médio, diante da ausência de uma base nacional.
O primeiro crescimento considerável de inscrições ocorreu em 2001, com a medida de isenção de taxas para estudantes das escolas públicas. O segundo grande salto ocorreu em 2005, já no governo Luiz Inácio Lula da Silva, quando passou a ser utilizado como parâmetro para a concessão de bolsas do ProUni.
Número de Inscrições no ENEM por Ano
Ano | Nº de Inscritos |
---|---|
2021 | 3.389.907 |
2020 | 5.783.357 |
2019 | 5.095.308 |
2018 | 5.513.662 |
2017 | 6.731.186 |
2016 | 8.627.371 |
2015 | 7.792.025 |
2014 | 8.722.290 |
2013 | 7.173.574 |
2012 | 5.791.332 |
2011 | 5.380.857 |
2010 | 4.611.411 |
2009 | 4.147.527 |
2008 | 4.004.715 |
2007 | 3.568.592 |
2006 | 3.731.975 |
2005 | 2.998.083 |
2004 | 1.547.094 |
2003 | 1.876.387 |
2002 | 1.818.665 |
2001 | 1.627.949 |
2000 | 390.574 |
1999 | 346.819 |
1998 | 157.076 |
Tal processo se consolidou em 2009, já no segundo ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Sob a gestão do ex-ministro Fernando Haddad, a aferição da nota do Enem passou por uma mudança metodológica, com consequente reorganização de seus conteúdos e adotando a Teoria de Resposta ao Item (TRI) como técnica para permitir a comparabilidade histórica dos resultados. Os resultados do Enem passaram então a valer como critério de ingresso no ensino superior, através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), posteriormente articulando-se também a Lei de Cotas de 2012.Abre em uma nova guia
Neste contexto, a finalidade fundamental do Enem não foi alterada. Continuou, assim, servindo para avaliar o concluinte do ensino médio. Mas passou a avaliar também os estudantes ingressantes nos cursos de graduação e certificar alunos que ainda não haviam concluído o ensino.
Por meio do Sisu e do Prouni, a nota do Enem passou a valer como a principal forma de ingresso no Ensino Superior e, atualmente, ele é considerado a principal porta de entrada para as universidades públicas e privadas no Brasil. Além disso, o exame também possibilita aos estudantes, dependendo de seus resultados, a garantia de bolsas de estudos e financiamento estudantil.
Segundo afirma o pesquisador Rodrigo Travitzki em sua tese “Enem: limites e possibilidades do Exame Nacional do Ensino Médio enquanto indicador de qualidade escolar”,Abre em uma nova guia dentre todos os objetivos do Enem, utilizá-lo para ingressar em empresas ou Instituições de Ensino Superior foi o mais aceito no sistema educacional e na sociedade. “Em 2009, de acordo com os microdados, 80% dos participantes fizeram o exame com o objetivo de entrar na faculdade, 12% desejavam apenas uma autoavaliação (...) Ao longo dos anos, mais objetivos foram sendo acrescentados ao exame”, destacou Travitzki.
Em 2017, no bojo de novas reformas educacionais, o MEC, sob a gestão de Mendonça Filho, optou por fazer novas alterações no objetivo do exame, diante do avanço da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e do Novo Ensino Médio. Além disso, o exame deixou de ser utilizado para certificaçãoAbre em uma nova guia, função que passa a ser do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).
Atualmente as discussões sobre o futuro da avaliação abordam de que maneira o ENEM pode e deve orientar a construção curricular do Novo Ensino Médio em diálogo com as mudanças introduzidas pela BNCC. A previsão é que o exame passe a cobrar em um primeiro dia competências e habilidades das quatro áreas gerais da BNCC (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas) e no segundo dia as provas acontecerão de acordo com os itinerários formativos.
Os itinerários Abre em uma nova guia posicionam um grande desafio técnico e metodológico, uma vez que consistem na parte flexível do currículo, viabilizando maior autonomia para que os estudantes aprofundem conhecimentos em suas áreas de interesse. É importante destacar que os itinerários estão divididos entre áreas de conhecimento (linguagens e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias, ciências humanas e sociais aplicadas), e na formação técnica e profissional. Além disso, o itinerário formativo integrado é aquele que combina mais de uma área, podendo incluir também a formação profissional.
Essa discussão, sobre o papel do ENEM no contexto da reforma curricular foi aprofundada durante webinário promovido pelo Instituto Unibanco em parceria com o Conselho Nacional de Educação, integrando uma série de debates que refletiu sobre o “Presente e Futuro das Avaliações Educacionais no Brasil”.
O que os resultados do Enem revelam?
Marco avaliativo final de um processo de escolarização ainda notadamente discriminatório, as notas do Enem expressam o funil excludente que marca a educação brasileira.
Como já mostramos no conteúdo especialAbre em uma nova guia sobre desigualdade racial, por exemplo, apesar de nos últimos anos ser observada queda do abandono no Ensino Médio tanto entre estudantes brancos quanto negros, a distância nos últimos anos pouco se alterou (permanece estável entre 2,5 e 3 pontos percentuais). Em estudo Abre em uma nova guia publicado este ano, o Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF) analisou os microdados do Censo Escolar de 2019 demonstrando como as desigualdades entre estudantes brancos de um lado e negros e indígenas de outro permanece. Enquanto a taxa de abandono escolar na educação básica é de 1,4% entre estudantes brancos, este mesmo índice chega a 5,3% entre indígenas, 2,9% entre pessoas pretas e 2,4% entre crianças e adolescentes pardos.
Este cenário foi agravado ainda mais diante da pandemia do Coronavírus, conforme conteúdo da seção Em Debate, que também abordou o assuntoAbre em uma nova guia. A Fundação Carlos ChagasAbre em uma nova guia, publicou um estudo sobre o cenário da educação básica neste contexto, revelando que proporcionalmente a maior parte dos estudantes de Ensino Médio, que não foram contempladas com atividades remotas, foram meninos negros entre 15 e 17 anos, comprometendo diretamente suas possibilidades de participação no ENEM. A partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – COVID-19 (PNAD-COVID), os pesquisadores demonstraram os impactos da pandemia para o recrudescimento da desigualdade racial entre estudantes do Ensino Médio. Neste grupo etário, enquanto 15,3% dos meninos brancos não frequentaram a escola em 2020, 45,1% de jovens negros abandonaram os estudos.
A pesquisa revelou que o maior grupo demográfico na faixa etária entre 15 e 17 anos é de meninos negros, contudo sua presença nas escolas não alcança a mesma representatividade. Além de terem frequentado menos aulas e recebido menos atividades na modalidade remota, os jovens negros também os que menos realizaram os exercícios quando entregues. Entre meninos brancos, apenas 17,4% não fizeram as atividades propostas, contra 44,5% de jovens negros na mesma situação.
Além da evasão, diversos outros índices reafirmam essa desigualdade estrutural, expressão do racismo presente na sociedade brasileira desde sua constituição até a atualidade. Se observados os dados de 2018, bem como sua trajetória histórica, em todas as áreas de conhecimento, o desempenho dos estudantes brancos é maior do que dos estudantes negros, chegando a 65,2 pontos de diferença na Redação.
Se observamos as diferenças entre estudantes mulheres e homens também é possível refletir sobre desigualdades de gênero e o sexismo na educação. Apesar das edições do Enem, contarem, desde 2011, com taxa de participação repetidamente maior entre as estudantes do sexo feminino, é possível também verificar a persistência de diferença de desempenho entre elas e eles.
A produção acadêmica que explora esses dados é vasta. Por meio de diferentes cruzamentos e análises qualitativas, diversos artigos, teses e dissertações reafirmam que a inequidade das condições objetivas, o processo educativo atravessado pelo racismo estruturalAbre em uma nova guia e sexismoAbre em uma nova guia são fatores determinantes desses resultados.
Em entrevista ao Observatório da Educação, o Professor Marcelo Paixão, da University of Texas, discorreu sobre o debate sociológico a respeito das desigualdades raciais no Brasil a partir da comparação dos dados de aprendizagem, evasão e conclusão entre jovens estudantes negros e brancos.
A filósofa Sueli Carneiro e a gestora Macaé Evaristo debateram em entrevista ao Instituto Unibanco os desafios enfrentados pela Juventude Negra no Ensino Médio, os quais possuem relação direta com o desempenho desses estudantes no ENEM. Através de uma recuperação histórica da atuação do Movimento Negro, as especialistas demonstram como a educação é central para o enfrentamento às desigualdades:
Sobre o impacto das diferenças de gênero no percurso escolar, na aprendizagem e no rendimento dos estudantes no ENEM, vale conferir nosso Conteúdo Multimídia sobre a experiência das pessoas trans na educaçãoAbre em uma nova guia, notadamente no Ensino Médio e no acesso ao Ensino Superior. Estima-se, de acordo com dados da Comissão da Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que no Brasil 82% das pessoas trans e travestis tenham abandonado os estudos ainda na educação básica. Este e outros indicadores apontam que ainda há muito a ser construído para garantir equidade de gênero no acesso ao Ensino Superior.
Além de raça e gênero, outros marcadores sociais da diferença são determinantes para o acesso e a garantia do direito à aprendizagem. O artigo “O desempenho de estudantes no Enem 2010 em diferentes regiões Brasileiras”Abre em uma nova guia, dos pesquisadores Cristiano Rodrigues de Mattos e Esdras Viggiano de Souza, por exemplo, aponta para desigualdades regionais, identificando três grupos de desempenho: superior (Sul e Sudeste); médio (Centro-Oeste); e inferior (Norte e Nordeste).
Já Erik Figueirêdo, Lauro Nogueiray e Fernanda Leite Santanaz, no artigo “Igualdade de oportunidades: analisando o papel das circunstâncias no desempenho do Enem”Abre em uma nova guia avaliam como as circunstâncias sociais influenciam o desempenho educacional dos alunos que prestam o Enem. “Os resultados indicaram que variáveis como: renda familiar, escolaridade dos pais, tipo de escola, etc., são fatores essenciais na determinação da desigualdade de oportunidades. Pelos resultados (em termos de probabilidade) parecem inviável aqueles penalizados pelas circunstâncias obterem melhores resultados”, concluem os autores.
Diversas outras produções podem ser encontradas no Cedoc do Observatório de Educação.Abre em uma nova guia
Enem e pandemia: intensificação das desigualdades
Em julho de 2020, o MEC e o Inep divulgaram que as provas impressas do Enem daquele ano seriam realizadas nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021, enquanto a versão digital foi marcada para 31 de janeiro e 7 de fevereiro. Os resultados foram divulgados a partir de 29 de março deste ano. Além da realização do ENEM 2020, em 2021 o calendário do Exame começou a ser regularizado e em novembro será aplicado o exame impresso, nos dias 21 e 28. Em janeiro de 2022 será aplicada a versão digital, contemplando também os inscritos que estão em unidades socioeducativas ou em privação de liberdade.
Principal porta de entrada para as universidades públicas e privadas no Brasil, o Enem foi adiado em 2020 em resposta à pressão de diversos setores da sociedade, entre eles o Congresso NacionalAbre em uma nova guia, a Defensoria Pública, o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação (Consed), a Associação Brasileira de Avaliação Educacional (Abave)Abre em uma nova guia e movimentos da sociedade civil, como o Todos pela Educação e a Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
O principal argumento dos segmentos que defenderam o adiamento foi tentar reduzir a desigualdade educacional, exacerbada no contexto de isolamento social. As diferentes realidades socioeconômicas dos candidatos da avaliação impõem desafios especialmente quanto às possibilidades de acesso à internet e às condições de estudo em casa.
Um levantamento do Jornal Nexo demonstrou como as desigualdades raciais e de gênero foram acentuadas pela pandemia. Ao analisar os índices de infecção e de mortalidade entre pessoas negras e brancas, através de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde, constatou-se que enquanto as pessoas negras representam cerca de 23,1% das pessoas internadas com Síndrome Respiratória Aguda Grave, elas somam mais de 30% dos óbitos por Covid-19. Além disso, dados da PNAD Covid-19Abre em uma nova guia, demonstram como a crise econômica afetou de maneira desproporcional pessoas negras e mulheres, sobretudo no que refere à diminuição da carga horária de trabalho e da renda. O impacto desproporcional da pandemia na vida de pessoas negras e mulheres tem consequências diretas na garantia de condições socioeconômicas mínimas para que essas juventudes obtenham resultados satisfatórios no próximo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Segundo levantamento do jornal Folha de S.PauloAbre em uma nova guia, realizado com base no perfil de participantes do Enem 2018, 34% dos estudantes da rede pública que prestaram a prova naquele ano não tinham acesso à internet. Entre os alunos da rede privada, a parcela desprovida deste acesso era de apenas 3,7%. O estudo usou os dados mais recentes disponíveis e constatou, ainda, que a desigualdade aumenta quando se observam recortes de renda e raça.
O último informativo “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil”Abre em uma nova guia, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também evidencia a íntima relação entre pobreza e raça e o direito à educação. Lançado no fim de 2019, com base em dados do ano anterior, o documento apontou uma taxa de conclusão do ensino médio para a população branca de 76,8% em 2018, enquanto a da população preta ou parda, embora venha aumentando, foi de 61,8%.
Quando a análise enfocou as pessoas de 18 a 24 anos de idade com menos de 11 anos de estudo e que não frequentavam a escola, revelou uma situação emblemática: os jovens pretos ou pardos no quinto da população de menor renda domiciliar per capita encontravam-se na pior condição, com 42,6% fora da escola, ante a 37,4% dos brancos.
Em agosto de 2021, a Semesp Abre em uma nova guia – entidade que reúne as mantenedoras de ensino superior do país – realizou um levantamento com base nos microdados do Censo Escolar 2020 e dos inscritos no Enem deste ano. A pesquisa demonstrou que entre os estudantes com renda familiar de até três salários-mínimos as inscrições sofreram uma queda de 77,4%, representando cerca de 2,8 milhões de inscritos a menos em relação ao ano anterior. Em contrapartida, entre os estudantes com renda familiar superior houve um aumento de inscritos que chegou a 39,2%.
A pandemia afetou diretamente o número de inscrições no exame, que registrou neste ano o menor número desde 2007. O levantamento Abre em uma nova guia da Semesp, encomendado pelo portal de notícias G1, demonstrou ainda que enquanto as inscrições de pretos, pardos e indígenas sofreram reduções em torno de 50%, entre os candidatos brancos essa queda foi mais sutil, de apenas 35,8%. Se em 2020, 63,2% dos estudantes que fizeram a avaliação eram pretos, pardos, amarelos ou indígenas, neste ano eles representam um grupo menor: 56,4%. Enquanto isso, os jovens brancos ganharam maior representatividade, saltando de 34,7% em 2020 para 41,5% em 2021.
Além do contexto de crise econômica e sanitária, especialistas apontam que um dos principais fatores que explicam essa queda foi a norma que impediu estudantes que foram isentos da taxa de inscrição do ENEM 2020 de pleitear a isenção novamente este ano. A regra que esteve vigente durante todo primeiro semestre de 2021, foi revogada por decisão do Superior Tribunal Federal após intensa pressão da sociedade civil. Em setembro, 280 mil estudantesAbre em uma nova guia que haviam se ausentado no exame anterior se reinscreveram e irão realizar a prova impressa em Janeiro de 2022, na mesma data da aplicação da modalidade digital.
No podcast Conselho de Classe Abre em uma nova guia, no dia 06 de Setembro de 2021, que você pode ouvir através deste link Abre em uma nova guia, o superintendente do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, comentou a queda nas inscrições de estudantes negros e indígenas, destacando o retrocesso que esses índices apontam e como o veto para a isenção da taxa, ainda que revogado, contribuiu para o agravamento das desigualdades.
“Após uma grande abstenção na prova do ano passado, por conta devido à pandemia, teremos em 2021 um ENEM muito ruim do ponto de vista da inclusão. Esses estudantes, a gente não pode esquecer, ficaram mais de um ano e meio sem aulas presenciais, afetando sem dúvida sua aprendizagem, mas além disso a crise econômica está avassaladora. Vários desses estudantes passaram a ter que contribuir com suas famílias financeiramente, tirando seu foco da prioridade fundamental que é continuar os estudos. A pandemia por si só é muito ruim, mas esse contexto está atrelado também à política pública que está em última instancia excluindo esses estudantes. Algumas decisões do MEC, sobretudo vetar a taxa de isenção para estudantes que faltaram ano passado, acabaram dificultando ainda mais o processo de inscrição, gerando exclusão. A política educacional federal deveria estar compensando os impactos da pandemia, mas ela tem feito justamente o contrário. (...) Tudo que a gente está acompanhando na educação, aponta para uma certa intencionalidade de exclusão.”
O Enem é instrumento de democratização do acesso ao ensino superior?
A adoção da nota do Enem como parâmetro de acesso ao ensino superior, atrelada ao Sisu, ao ProUni e a ações afirmativas, modificou de certa forma o cenário das graduações públicas e privadas brasileiras.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020, entre a população branca acima de 25 anos 24,9% possuem ensino superior completo, enquanto entre as pessoas negras do mesmo grupo etário esse índice é de apenas 11%.
A distribuição étnico-racial no ensino superior brasileiro revela a existência de padrões de exclusão. Atualmente, jovens negros (pretos e pardos) entre 18 à 24 anos correspondem a 49,9% dos estudantes de ensino superior em rede pública, e 47% em rede privada. Contudo, apesar dos avanços conquistados nas últimas décadas, esses índices revelam uma sub-representação em relação à população como um todo, uma vez que de acordo com dados do IBGE pessoas negras entre 18 à 24 anos correspondem a 60,4% deste grupo etário. De acordo com o estudo:
“Em que pese a adoção de critérios raciais na legislação voltada à democratização do acesso ao ensino superior – notadamente no que se refere às cotas, na rede pública federal, e ao Programa Universidade para Todos - Prouni, na rede privada – o perfil do estudante de nível superior não reflete ainda a distribuição por cor ou raça da população jovem brasileira.”
Os últimos três anos mostram que a porcentagem de jovens estudando na universidade avançou nos dois grupos, mas a desigualdade aumentou – de 16,2 para 17,8 pontos percentuais.
Os dados mostram certa estagnação, após um período de crescimento. O percentual de negros no ensino superior apresentou grande crescimento entre 2005 e 2015. Em 2005, um ano após a implementação de ações afirmativas, como as cotas, apenas 5,5% dos jovens pretos ou pardos e em idade universitária frequentavam uma graduação. Em 2015, 12,8% dos negros entre 18 e 24 anos chegaram ao nível superior, segundo IBGE.
Nesse cenário, vários estudos, que têm buscado compreender melhor esses dados, podem ser encontrados no Cedoc.
Como destacaram Melina Kerber Klitzke e Ione Ribeiro Valle, no artigo “Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - Há democratização do acesso ao Ensino Superior?”Abre em uma nova guia:
"(...) O aumento progressivo do número de inscritos no Enem mostra que [...] ele reacendeu a chama da esperança de acesso ao ensino superior para frações da população brasileira que permaneceu historicamente à margem desse nível de formação. O reconhecimento das desigualdades entre os indivíduos não impede o aumento de participantes a cada edição do exame. Assim, mesmo que o Enem não democratize efetivamente as chances de ingressar numa instituição universitária pública, o sonho foi alimentado e está se transformando em ideal a ser perseguido por muitos estudantes brasileiros”, concluem as autoras.
Já Vânia Lourenço, em “Limites e possibilidades do ENEM no processo de democratização do acesso à educação superior brasileira”Abre em uma nova guia, analisa se o Enem tem contribuído para a democratização do acesso à educação superior e, ainda, de que forma as políticas implementadas pela Universidade de Brasília (UnB) têm favorecido a permanência dos alunos atendidos pela instituição. Os resultados apontam que a adoção do Enem tem favorecido a migração de alunos de outras Unidades da Federação para os cursos de alto prestígio social, oriundos de escolas privadas e em sua maioria com renda familiar entre três e dez salários-mínimos.
Faça pesquisas ainda mais específicas, a partir de seus interesses, pela busca avançada do CedocAbre em uma nova guia.
Papel da gestão para combater as desigualdades do Enem
A partir de 2014, por meio da Portaria nº 533, do Inep, foi possível ter acesso aos resultados do Enem por escola. A divulgação dos dados foi crucial, pois permitiu observar que muitas das unidades de ensino que apresentavam os melhores resultados estavam localizadas em regiões vulneráveis, com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro destaca esse ponto, em sua participação na websérie “Entrevistas com Ex-ministros”, destacando que o interior do Nordeste, por exemplo, concentra grande parte dos melhores resultados. Confira, abaixo, o vídeo na íntegra.
Para o alcance desses resultados, muitos exemplos reforçam a importância da gestão. Por exemplo, a gestora Maria de Belém Miranda de Souza, da EEEFM Luiz Nunes Direito, de Ananindeua (PA), descreve prática que adotou para melhorar o desempenho de seus alunos em avaliações, como Enem e vestibulares.
Já a gestora Maria do Socorro Lima de Freitas, da EEFM Professor Aloysio Barros Leal, de Fortaleza, Ceará, detalha ações que ocorreram em sua escola para elevar a motivação dos estudantes. Ela usou o seu próprio exemplo de vida para conseguir mostrar para os estudantes que, apesar da situação de vulnerabilidade, eles eram capazes e podiam ter a expectativa de ingressar no ensino superior.
Quais são as principais críticas feitas ao Enem?
Grande parte das críticas ao Exame referem-se à proposta de facilitar o acesso dos estudantes ao Ensino Superior por meio do Sisu. Vânia Maria Lourenço concluiu, em sua dissertação “Limites e possibilidades do ENEM no processo de democratização do acesso à educação superior brasileira“Abre em uma nova guia o seguinte:
“Mesmo com a oportunidade de concorrerem a uma vaga em instituições distantes de suas regiões de moradia, os candidatos se deparam com o histórico quadro presente na educação superior brasileira: maior número de candidatos do que vagas, e consequente maior concorrência, que tornou-se ainda mais agressiva com a institucionalização da plataforma SiSu, criando um quadro de competição e ranqueamento entre as universidades, onde os alunos com maior capital cultural vão para as melhores e mais concorridas universidades, restando para os demais candidatos, as instituições menos reconhecidas e mais distantes dos grandes centros”, afirmou Vânia.
Além de Vânia Maria Lourenço, o autor Leonardo Cordeiro também trouxe, em seu artigo “Sobre a inadequação da metodologia de cálculo das notas do Sisu”Abre em uma nova guia uma crítica ao processo entre o Sisu e o Enem. “O método utilizado pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu/MEC) gera distorções determinantes no processo de seleção. Esses desvios fazem com que até 76% dos candidatos que seriam aprovados, caso não houvesse essa mistura equivocada de notas, não mais o fossem”, relata Cordeiro.
Apesar de o Enem precisar de aprimoramentos em certos pontos, é necessário considerar que ele é visto por muitos, hoje, como mecanismo essencial do Ensino Médio, além de ser considerado a prova mais esperada do ano para milhões de estudantes em todas as regiões do Brasil.
Concluímos essa discussão com o primeiro episódio da série Nota 10 Enem, realizada pelo Canal Futura, que traz a história de dois universitários que ingressaram no ensino superior por meio do Enem. Assista abaixo.
Sobre a prova especificamente, por que o número de acertos não significa a nota do estudante no Enem?
Para responder a pergunta acima, é necessário entender como funciona o método de correção das provas utilizado pelo Enem.Abre em uma nova guia Este método é conhecido como Teoria da Resposta ao Item (TRI) e ele não avalia somente a quantidade de respostas corretas mas, também, o grau de dificuldade de cada questão e a coerência das respostas fornecidas pelos estudantes em cada uma das diferentes áreas de conhecimento.
Muitas pessoas chamam o método TRI de “sistema de correção contra chutes”Abre em uma nova guia, afinal, a coerência nos erros e acertos tem impacto significativo na nota final, fazendo com que o chute não seja uma boa opção. Em outras palavras, se um estudante acertar 20 questões classificadas como difíceis e somente 4 questões classificadas como fáceis, ele será penalizado em sua nota final, porque o seu resultado é considerado, pela TRI, como um resultado incoerente.
Entender todos os detalhes, peculiaridades da TRI e como calcular a nota do Enem pode elevar as chances de um estudante obter um resultado satisfatório na realização do exame, afinal, ele conhecerá todos os erros que não devem ser cometidos.
Como funciona a prova do Enem? Quem pode participar?
Após a sua reformulação no ano de 2009, a prova do Enem segue um padrão de 180 questões de múltipla escolha e uma única redação. Todas as perguntas da prova são divididas em quatro áreas de conhecimento, com 45 questões em cada.
Apesar de muito complexo e estruturado por diversas pessoas, existem algumas críticas referentes ao formato da divisão das questões do Enem. O artigo “Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): uma análise crítica”Abre em uma nova guia produzido por Marcia Cristina Bernardes Barbosa, Roberto da Silva e Fernando Lang da Silveira, destaca um contraponto sobre o formato da prova. Para os pesquisadores, a física, a biologia e a química inexistem como disciplinas dentro do Enem.
Desde que cumpra todas as regras previstas no Edital do Enem, qualquer pessoa pode realizar a provaAbre em uma nova guia. Esta garantia legal que universaliza o acesso ao Exame não garante, contudo, que todos tenham de fato condições equânimes para inscrição e realização do mesmo. Ao comparar os resultados do Enem entre estudantes brancos e negros, percebe-se que, a despeito de uma evolução geral na média das notas, a diferença entre os resultados de estudantes negros e brancos permanece. Em 2018 enquanto a média entre estudantes brancos foi de 545,5, a média entre estudantes negros foi de 511,9.
De maneira análoga a diferença entre o desempenho de meninas e meninos se mantém ao longo da série histórica. Apesar das estudantes apresentarem um índice de inscrição superior ao dos rapazes, as notas das meninas mantiveram-se levemente abaixo:
Dificuldades socioeconômicas, muitas vezes acentuadas ou mesmo promovidas pelas desigualdades de raça e gênero, têm grande influência nos resultados, uma vez que traduzem as condições materiais para o preparo e realização do Exame. Durante a pandemia da Covid-19, em muitos casos essas condições se agravaram, sobretudo para estudantes negros (impactados desproporcionalmente pela crise sanitária), meninas (sobrecarregadas com o trabalho doméstico), moradores de áreas rurais (com dificuldades de acesso à internet) e para jovens que conciliam os estudos com o trabalho. Sobre esse tema, o Instituto Unibanco promoveu webinário com a participação de jovens de várias regiões do país que compartilharam alguns desafios de estudar e se preparar para o Enem durante a pandemia:
Por fim, é comum surgirem algumas dúvidas mais operacionais em relação à realização do Exame como, por exemplo, o valor da inscrição, isenção, datas e horários. Para acessar todas as informações oficiais, você pode clicar aqui.Abre em uma nova guia
Enem é uma prova mais difícil que vestibular tradicional? Qual a diferença do conteúdo cobrado?
Não existe uma resposta exata para essa pergunta, afinal, o nível de dificuldade se articula com o acesso a condições adequadas para o preparo e realização do exame. Apesar de possuírem muitos pontos em comum e o Enem ser visto como um vestibular, para estudantes e especialistas os exames possuem diferenças consideráveis.
O vestibular é utilizado somente para ingressar no ensino superior, tanto em Universidades públicas, quanto em Universidades privadas. A grande diferença do Enem, em relação ao vestibular, é referente às possibilidades que a nota ofereceAbre em uma nova guia, afinal, com a nota do Enem, o estudante consegue se inscrever em programas como o Sisu, o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Financiamento Estudantil (FIES).
Outra diferença marcante entre o vestibular e o Enem é em relação ao modelo das provas. O vestibular pode variar, e muito, dependendo da Instituição que está aplicando a prova. Já o Enem precisa seguir o padrão imposto pelo Inep e todas as regras à risca. Aqui entra também a diferença entre o conteúdo cobrado. Alguns vestibulares podem não conter questões referentes a todas as disciplinas em suas provas, diferentemente do Enem.
Buscando possibilitar uma visão geral precisa de alguns aspectos da prova do Enem, o pesquisador Rodrigo Travitzki Teixeira de Oliveira analisou seis edições do exameAbre em uma nova guia, utilizando metodologias provenientes da Teoria Clássica dos Testes (imagem A) e da Teoria da Resposta ao Item (imagem B).
A análise realizada por Rodrigo Travitzki Teixeira de Oliveira mostra que o nível de dificuldade das provas possui uma grande variação ao longo dos anos.
O ex-Ministro da Educação, Fernando Haddad, explicou com mais detalhes a metodologia de Resposta ao Item. Confira o vídeo na íntegra abaixo.
E sobre a redação do Enem, o que faz o estudante zerar?
A redação é uma das partes principais da prova do Enem e a sua nota pode variar entre 0 e 1.000 pontos. Esta nota é dividida em 5 partes, que valem 200 pontos cada, variando de acordo com as competências avaliadas na prova.
Existem algumas atitudes que aumentam, e muito, a chance de o estudante zerar a sua redação no Enem. Na matéria “Erros que derrubam a nota da redação”Abre em uma nova guia, produzida pelo portal O Globo, os professores Raphael Torres e Thaiane Espíndola destacaram alguns pontos de atenção durante a produção de texto no exame, que podem resultar em notas baixas.
O desrespeito aos direitos humanos é considerado um desses tópicos e possibilita uma profunda discussão a respeito dos temas sugeridos pelas redações do Enem ao longo da história. Foi o que fez a autora Carla Andrea Pereira de Rezende em sua dissertação “Uma análise discursiva sobre os direitos humanos nas redações do Enem”Abre em uma nova guia, onde analisou os discursos das redações de candidatos que participaram do Enem 2012.
Importa ainda destacar que o acesso a internet e demais ferramentas digitais é uma variável que contribui sensivelmente com os resultados dos estudantes na redação. Recente análiseAbre em uma nova guia dos microdados do Enem revelou a importância do acesso as plataformas digitais e à internet para qualificar o preparo e possibilitar resultados melhores na hora da redação. A desigualdade no acesso às ferramentas tecnológicas se acentuou ainda mais durante a pandemia da Covid-19, chamando ainda mais atenção para os dados de 2019, que demonstram como a nota média na prova de redação de quem informou ter internet e computador em casa é 86,6 pontos maior do que a de quem declarou não ter essas ferramentas.
Convidamos você a conhecer mais sobre o Enem em uma distribuição estatística das notas, realizada por Gislaine Maria Bortolotti. Clique aqui para conferir. Abre em uma nova guia
Recapitulando
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O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é considerado a principal porta de entrada para as universidades públicas e privadas no Brasil. O exame também possibilita aos estudantes, dependendo de seus resultados, a garantia de bolsas de estudo, como o ProUni, de financiamento estudantil e de inscrição no Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
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Devido à pandemia de Covid-19, o Enem precisou ser adiado pelo MEC. Portanto, a realização da prova presencial acontecerá nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021 e, para os inscritos que optaram por realizar suas provas em formato digital, ela acontecerá nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro de 2021.
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Para calcular a sua nota do Enem, primeiro você precisa entender como funciona o método de correção das provas, chamado de Teoria da Resposta ao Item (TRI). Esse método não avalia somente a quantidade de respostas corretas, mas também o grau de dificuldade de cada questão e a coerência das respostas fornecidas pelos estudantes em cada uma das diferentes áreas de conhecimento.
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A despeito do acesso à educação apresentar índices que se aproximam da universalidade, o direito à aprendizagem ainda esbarra nas desigualdades que estruturam a nossa sociedade. Dessa forma, a diferença na média dos resultados de estudantes negros e brancos, homens e mulheres, pessoas cis e trans, revela a necessidade de aprimorar as políticas públicas educacionais de modo a promover a equidade na Educação Básica.
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Enquanto política pública educacional, o Enem cumpre o papel de cada vez mais fomentar e possibilitar a inserção de pessoas negras, de baixa renda e de mulheres no Ensino Superior. A despeito das críticas, necessárias a contínua melhoria e ampliação dessa política pública, o Exame Nacional do Ensino Médio possibilitou, por exemplo, o crescimento expressivo do percentual de pessoas negras no ensino superior: de 5,5% em 2005 para 12,8% em 2015 (IBGE).
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