Coleção Avaliação Formativa
20/07/2021
CURADORIA: Instituto Unibanco
Introdução
Entender os processos de aprendizagem e o desenvolvimento de todo estudante é fundamental para qualificar as práticas de sala de aula e atender as necessidades reais apresentadas por cada um, principalmente no contexto atual, pós período de escolas fechadas e ensino remoto ou híbrido. A coleção Avaliação Formativa se insere nesta conjuntura e visa contribuir para o entendimento da avaliação formativa como uma importante metodologia que, ao ser utilizada em sala de aula, contribui para os processos de aprendizagem.
Para que a escola tenha êxito no desenvolvimento pleno das crianças e jovens, sem deixar ninguém para trás, é necessário o avanço no atendimento às necessidades mais individualizadas, de seus processos de aprendizagem, desafios e identificação de progressos. Mas como trabalhar nessa direção em uma sala com 40 estudantes com conhecimentos, ritmos, problemáticas e contextos tão diversos? Essa pergunta é um tanto complexa para ser respondida em um texto e seria um tanto reducionista se tivesse essa pretensão diante da diversidade da educação brasileira.
Realizar avaliação formativa em sala de aula demanda mudanças de práticas dos professores no sentido de ampliarem sua função de ativadores da aprendizagem, serem exemplos de aprendizes junto aos estudantes, atuar de forma cooperativa e crítica, ser flexível, aberto para receber e proporcionar feedbacks que promovam o desenvolvimento do aluno. Por parte dos estudantes, é necessária uma mudança de postura para que sejam mais participativos e ativos diante da própria aprendizagem e dos pares, colaborativos e corresponsáveis pelo avanço do grupo. A gestão escolar, por sua vez, tem papel essencial na construção desse olhar sobre os processos de aprendizagem, mas mudanças na cultura escolar não são simples nem rápidas.
Existem muitos estudos que apontam para a eficácia do uso da avaliação formativa e nesta coleção selecionamos algumas referências que abordam: como a avaliação formativa pode ser realizada em sala de aula; quais práticas as potencializam como a autoavaliação e feedback, assim como relatos de experiências de professores que têm aplicado em sala de aula e como tem sido esse processo e os resultados junto aos estudantes e às suas práticas docentes.
Convidamos o leitor a explorar as sugestões que compartilhamos a seguir.
O que é avaliar? Para quê avaliar? O texto De volta ao básico: definições e processos de avaliação, de Madalena Taras, contextualiza o sentido de avaliar e analisa criticamente alguns conceitos de avaliação. Perpassando por questões éticas sobre função e processo de avaliação a autora apresenta como a avaliação somativa (focada nos resultados) e formativa (focada no processo de aprendizagem) possuem funções complementares para um mesmo fim: auxiliar o desenvolvimento dos alunos. Esse texto demonstra a possibilidade de realização de uma avaliação formativa a partir do uso dos resultados da avaliação somativa. No entanto, as referências seguintes apresentam outra perspectiva: de que a avaliação formativa depende do planejamento de situações de aprendizagem amplas, desafiadoras e com metodologias de avaliação que permitam a reflexão e o avanço do estudante no processo.
O vídeo Avaliação formativa, de Cesar Nunes, trata de como a avaliação formativa pode assessorar os estudantes e gerar impacto na aprendizagem. Segundo o autor, essa avaliação permite um olhar cuidadoso e personalizado para cada aluno, no entanto, não é uma prática simples e isolada. Segundo o autor, os elementos para uma boa avaliação formativa são:
- Propiciar uma atividade aberta, provocativa e desafiadora, que permite o desenvolvimento do estudante e seu protagonismo;
- Deixar claro o que é esperado que seja desenvolvido pelos estudantes e qual a qualidade esperada, realizando diálogos e reflexões coletivas ou individuais ao longo do processo;
- Promover feedbacks construtivos que podem ser feitos pelo professor e/ou pelos pares. Um feedback construtivo parte da compreensão do contexto e de como o aluno pensa/pensou,valoriza o que está bom e apresenta sugestões e críticas positivas sobre o que pode ser melhorado em uma próxima vez;
- O quarto elemento é a autoavaliação. Por meio de reflexões o estudante poderá identificar seus avanços, aquilo que precisa avançar, o que poderia fazer diferente etc. Essa consciência faz parte da autoregulação da aprendizagem e leva ao desenvolvimento da autonomia intelectual.
Já o texto Trabalhando por dentro da caixa preta: avaliação para a aprendizagem na sala de aula de Paul Black et al, conta sobre os resultados de um projeto realizado com professores no intuito de ajudá-los a mudarem suas práticas e os estudantes a mudarem seu comportamento para que todos se tornassem mais ativos e compartilhassem a responsabilidade pelo processo de aprendizagem.
Por fim, o Instituto Unibanco desenvolveu o protocolo Uso de Rubrica na Avaliação Formativa para apoiar os professores no fortalecimento dessa estratégia em sala de aula. A avaliação formativa propicia a colaboração entre pares, a corresponsabilização pelo avanço individual e coletivo, a autorregulação da aprendizagem e o engajamento. A versão destada é direcionada aos coordenadores pedagógicos, para o seu planejamento coletivo. Na coleção é possível encontrar também a versão voltada para professores.
O uso da avaliação formativa é um processo que envolve professores e estudantes na sala de aula, no entanto, é importante que a gestão escolar também compreenda como a avaliação formativa é utilizada e que tipo de mudanças eles geram na aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes. As referências selecionadas para esta coleção perpassam pelo conceito de avaliação formativa, possibilidades para utilizar essa metodologia em sala de aula, contextualização dos desafios de mudança de práticas e pela sua importância para a autonomia intelectual e desenvolvimento pleno dos estudantes. Elas são apenas um ponto de partida para os interessados no tema e para aqueles que, de alguma forma, estão implicados com o avanço contínuo da educação e acreditam que a aprendizagem significativa do estudante associa o aprender ao prazer do desenvolvimento, da descoberta e do potencial de lidar com desafios reais.