Jogos Esportivos Inclusivos
Resumo da solução
Após uma aula de educação física com os olhos vendados, alunos não cegos de uma turma do 2º ano do ensino médio do CIEP 137 Cecília Meireles, em Petrópolis (RJ), decidiram promover a inclusão de estudantes com deficiência. Daí surgiu a ideia de criar os Jogos Estaduais Inclusivos, proposta que mobilizou alunos e professores − e virou projeto da turma de empreendedorismo da escola. Os estudantes levaram a ideia para outros colégios, e a primeira edição dos Jogos reuniu cerca de 200 alunos de sete escolas, sendo 15 deles com deficiência, em 2019.
Depoimento completo:
Sou professora de educação física do CIEP 137 Cecília Meireles, localizado no bairro de Corrêas, na cidade de Petrópolis (RJ). O colégio atende estudantes do ensino médio e está sediado à margem da estrada União e Indústria, em frente ao Terminal Rodoviário de Corrêas.
A comunidade escolar é bastante heterogênea, proveniente de núcleos familiares de níveis sociais e econômicos diversos. Contudo, uma parte considerável dos estudantes advém de uma realidade de vulnerabilidade social, o que exige um olhar cuidadoso de toda a equipe da unidade.
Embora o colégio não conte com Atendimento Educacional Especializado (AEE), há recursos de acessibilidade em toda a unidade, o que possibilita o pleno acesso dos estudantes com deficiência a todas as atividades educacionais. Além disso, muitos de nossos professores contam com cursos de especialização em educação inclusiva.
Em 2019, durante uma aula de educação física , a turma de 2º ano vivenciou atividades esportivas adaptadas e conheceu tipos diferentes de deficiência. Impactados com a experiência, os estudantes da turma proporcionaram um debate em sala de aula sobre exclusão.
Os alunos, que são atletas representantes da escola nos jogos escolares do município, começaram a refletir sobre o processo de exclusão e se incomodaram com aquela realidade: muitos jovens com deficiência amantes do esporte e da atividade física ficam de fora de eventos esportivos e das aulas.
Com o propósito de eliminar barreiras e possibilitar acesso à educação física a todos, a turma sugeriu uma atividade inclusiva com outras unidades educacionais. Veio então a proposta dos Jogos Estaduais Inclusivos.
Jogos Inclusivos
A ideia era proporcionar uma experiência de jogos escolares inclusiva, de forma a possibilitar a participação de todos os estudantes, com e sem deficiência. Para isso, a partir de um intenso diálogo, pensamos em formas de tornar o projeto real.
Após definirmos as bases da proposta, os estudantes do CIEP Cecília Meireles visitaram as unidades escolares estaduais de Petrópolis explicando o objetivo do projeto. Eles fizeram a inscrição de alunos com deficiência e realizaram um questionário para entender as melhores formas de eliminar barreiras. Assim, planejamos as adaptações para cada atividade, como para bocha e arremesso de peso.
Por semanas, os estudantes buscaram alternativas e soluções para proporcionar um evento acessível a todas e todos. Aproximadamente 200 jovens de sete colégios, incluindo o nosso, participaram ativamente das atividades, sendo cerca de 15 estudantes com deficiência. Ao final, todos foram premiados com medalhas produzidas pela turma.
Para a organização de grupos e equipes, mesclamos os estudantes com e sem deficiência. Nosso objetivo era criar estratégias para que os alunos participassem juntos, sem exclusão alguma, de forma a valorizar o trabalho colaborativo e potencializar seus saberes e conhecimentos.
Além dos nossos estudantes, toda a comunidade escolar participou da realização das atividades. Foi muito significativa a colaboração do corpo docente e também da equipe gestora para dar apoio e suporte ao projeto.
Protagonismo juvenil e valorização das diferenças
Todo o projeto foi marcado por um forte protagonismo juvenil. Os estudantes foram os criadores do projeto e definiram juntos todos os rumos e adaptações das atividades.
Além de promoverem a integração com outras unidades escolares, contribuíram com a valorização da diversidade em nossa escola e oportunizaram a garantia de participação nos esportes e atividades físicas de lazer a todos os estudantes.
Além de um grande orgulho pelo sucesso desse projeto inovador, percebemos uma acentuação da empatia entre os alunos, o que contribuiu para a diminuição de preconceitos e casos de bullying. A experiência foi tão positiva que pretendemos repeti-la todos os anos, sempre com reavaliações e as devidas adaptações. [atualização: em 2020 e 2021, devido à pandemia, não foi possível dar continuidade, mas a escola retomou os planos de organização da atividade em 2022]
Ainda há um caminho árduo a trilhar para que todos entendam a diferença como enriquecedora e não como limitadora. Acreditamos que aos poucos tudo possa melhorar e, para isso, é necessário investir em mais eventos inclusivos, de forma que não cause estranhamento e/ou outro sentimento de rejeição.
Este depoimento foi originalmente publicado na seção de relatos de experiências da plataforma Diversa, uma iniciativa do Instituto Rodrigo Mendes em parceria com o MEC e diferentes organizações comprometidas com o tema da equidade com o objetivo de apoiar redes de ensino no atendimento de estudantes com deficiência em escolas comuns.
Depoimento por: ANA CAROLINA KAPLER FERREIRA ROBERTO
Instituição: CIEP 137 Cecília Meireles)
TEMAS TRABALHADOS:
Educação inclusiva; Educação física
Para saber mais sobre o tema:
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