Gestão

Coleção Inovação em Avaliações Educacionais

09/06/2023

CURADORIA: Instituto Unibanco

Introdução

A avaliação é fundamental para verificar a aprendizagem dos estudantes e estruturar uma trajetória educacional com qualidade, contribuindo para diminuir as desigualdades estruturais da educação. Nos últimos anos, as avaliações educacionais no Brasil tiveram uma trajetória consistente e notável aplicação em escala, mas têm se configurado como tradicionais, sem incorporar as transformações do conhecimento, da sociedade e do mundo do trabalho. Assim, é preciso haver um novo ciclo de inovação nas avaliações de forma que possamos alavancar a qualidade da educação e preparar os jovens com equidade para a vida e a sociedade contemporânea.

Esta coleção apresenta diversos materiais, dos quais parte resulta de iniciativas do próprio Instituto Unibanco (IU) para apoiar pesquisas que buscam possibilidades reais de inovar as avaliações em diferentes perspectivas: foco em competências do século 21, concepções de aprendizagem para o desenvolvimento integral, novos formatos e metodologias, uso de tecnologia etc.

Os desafios contemporâneos demandam muito mais do que reproduzir conhecimentos, mas aplicar esses conhecimentos com criatividade em situações diversas para resolver problemas complexos. Essa visão de educação se reflete em um importante avanço da Base Nacional Comum Curricular – BNCC que expressa a necessidade do desenvolvimento de competências e habilidades em toda a educação básica.

Ao reformular o “o que aprender”, é preciso ajustar o “que avaliar”. As avaliações acompanham todo o processo de ensino e aprendizagem como um sistema integrado. Esse sistema é composto por: (1) avaliações educacionais de larga escala (que informam o sistema, apoiam o monitoramento da qualidade da educação e o desenvolvimento de políticas públicas); e (2) avaliações escolares (realizadas em sala de aula, que informam professores, estudantes e gestão escolar sobre os avanços de aprendizagem com uma temporalidade mais rápida e são voltadas para a promoção da aprendizagem durante o ano letivo).

Com a reforma da Educação Básica em direção ao desenvolvimento de competências, é urgente inovar as avaliações educacionais e escolares. Essa urgência está posta não só porque há o risco de um descompasso entre o currículo e a avaliação, mas também porque o ciclo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) chegou ao fim.

Assim, estamos num momento crucial para discutir, planejar e inovar as avaliações no Brasil. O desafio não é simples e precisa de direcionamento, bem como de capital financeiro, intelectual e político.

No contexto dessa discussão, convidamos o leitor a explorar os materiais descritos a seguir.

A série de vídeos Inovação em Avaliação Educacional é composta por entrevistas com atores relevantes da área da educação, que respondem à pergunta “Por que inovar nas avaliações educacionais é importante?” analisando brevemente a complexidade de fatores que envolvem o desenvolvimento e realização de novas avaliações. Eles discutem a perspectiva de inovar considerando as competências do século 21, as necessidades do mundo contemporâneo e a coerência com o que é ensinado aos estudantes nas escolas. Os entrevistados são Andreas Schleicher (OCDE), Ricardo Henriques (IU), João Marcelo Borges (IU), James Pellegrino (Universidade de Illinois/Chicago e PISA/OCDE), Cida Bento (CEERT), Jorge Lira (UFC), Mario Piacentini (OCDE), Maria Helena Guimarães Castro (IEA/USP) e Francisco Soares (UFMG).

A publicação Inovação em Avaliação para Medir e ar Suporte a Competências Complexas resume o conteúdo da publicação Innovating Assessments to Measure and Support Complex Skills (FOSTER; PIACENTINI, 2023), elaborado por especialistas internacionais na área e pela equipe da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com apoio do Instituto Unibanco. Considerando que as avaliações educacionais são sinalizadoras importantes do que os estudantes devem aprender, elas estão intrinsecamente ligadas aos programas de ensino e podem conduzir ou reter mudanças nos objetivos educacionais. Nesse sentido, o material aborda premissas e possibilidades para desenvolver a próxima geração de avaliações: focar em competências do século 21, incluir problemas abertos e interativos situados em contextos autênticos e desenvolver modelos adequados de interpretação das respostas dos estudantes.

O relatório de pesquisa Avaliação Formativa da Compreensão de Textos apresenta uma metodologia de avaliação formativa viável para uso no sistema educacional brasileiro. Considerando as inovações necessárias para a avaliação da compreensão leitora, o projeto explicita um modelo dessa competência, formas de seleção de textos autênticos com diferentes níveis de complexidade, modos de criação de perguntas que explicitam as evidências de aprendizagem dos estudantes, caminhos para a análise das respostas por meio de rubricas e possibilidades de realizar devolutivas aos estudantes.

O documento Desenho e Implementação de um Modelo de Avaliação para Aprendizagem em Matemática é um relatório de pesquisa que visa levar ao debate público proposições para a qualificação das avaliações dessa disciplina na Educação Básica. Considerando lacunas nos atuais modelos existentes no Brasil, propõe uma nova metodologia, considerando uma progressão no desenvolvimento dos estudantes em Matemática em toda a Educação Básica com uma matriz de saberes, a realização de tarefas contextualizadas em situações autênticas e possibilidades de interpretação de evidências de aprendizagem.

O resumo do Encontro de Inovação em Avaliação, realizado em abril de 2023, em São Paulo, apresenta os principais temas discutidos no evento: a necessidade e a urgência de inovar as avaliações educacionais no Brasil acompanhando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), os avanços dos exames internacionais e os resultados de pesquisas desenvolvidas por especialistas na área. O público do encontro foi formado por tomadores de decisão envolvidos na política de avaliação educacional, desenvolvedores de avaliações externas, gestores públicos, pesquisadores e instituições do terceiro setor. Entre os palestrantes estiveram Andreas Schleicher (OCDE), Ricardo Henriques (IU), James Pellegrino (Universidade de Illinois), Cida Bento (CEERT), Jorge Lira (UFC), Mario Piacentini (OCDE), Maria Helena Guimarães Castro (IEA/USP) e Francisco Soares (UFMG).

DESTAQUES DO CURADOR