Ilustração
Desafio: O que fazer para melhorar a relação das famílias com a escola?

Rádio comunitária voltada à inclusão

Resumo da solução

A Escola Estadual Adalgisa de Paula Duque, em Lima Duarte, cidade na zona da mata mineira, tem como um de seus propósitos pedagógicos garantir a inclusão de estudantes com necessidades educacionais especiais não só no ambiente escolar como nos diferentes espaços sociais. Por considerar esse tema central, a gestão da escola lança mão de diferentes meios para cumprir esse objetivo. O principal deles é a rádio comunitária local em que um programa semanal, produzido e apresentado pelo diretor, discute temas relacionados à política de inclusão, pretendendo ser a voz da escola para toda a comunidade. Com a iniciativa, as deficiências e seus desafios passaram a ser temas de reflexão da comunidade, sobretudo da escola. Além disso, a parceria com a rádio oportunizou a possibilidade de incluir estudantes das escolas locais no processo de aprendizagem a distância, nos dois anos de pandemia da Covid-19. Naquela fase, foram realizados, de forma remota, reuniões, encontros, aulas e atividades para a comunidade, sobretudo àqueles que não têm acesso às novas tecnologias de informação e comunicação.

Depoimento completo:

Temos nos dedicado continuamente ao tema da inclusão, especialmente a das pessoas com necessidades educacionais especiais que necessitam de apoio educacional especializado. Por isso, para além do trabalho que realizamos na escola, a equipe docente discute o tema semanalmente, aos sábados, há cerca de quatro anos, na rádio comunitária Serrana, da qual a escola é parceira, no programa Zona Livre para Incluir.

É um trabalho pedagógico para a comunidade, porque discutimos a importância da inclusão de estudantes com necessidades educacionais especiais a partir da nossa prática e de experiências de outras escolas. O programa na rádio tem sido uma ponte entre o trabalho docente, as famílias e a comunidade. Nesse espaço, damos orientações para a população sobre o período de matrículas para esses alunos, a fase de avaliação e outras informações práticas escolares e acadêmicas importantes relacionadas às redes de ensino federal, estadual e municipal.

Temos relatos de familiares que se deram conta das necessidades especiais de filhas e filhos a partir das conversas que realizamos na rádio. Um deles descobriu que o filho é autista, o que o apoiou quando precisou colocar a criança na escola e entender a importância do acompanhamento especializado e multidisciplinar. Esse tipo de conscientização é essencial para que as pessoas percebam o problema quando filhas e filhos ainda são pequenos, evitando barreiras ainda maiores e até tardias de aprendizagem.

Em alguns programas levamos docentes, sobretudo os que atuam com apoio educacional especializado e na sala de recursos multifuncionais da escola, para tratar de temas específicos, relacionados ao dia a dia escolar, esclarecendo às famílias como a inclusão deve acontecer.

Também damos espaços aos profissionais da rede de assistência do município para dialogarem sobre os desafios da inclusão, o que repercute na comunidade e acaba por apoiar muitas famílias na tomada de decisões sobre como ajudar filhas e filhos com necessidades educacionais especiais.

Na escola, temos 28 estudantes nessa condição. Mantemos a Sala Recursos, dedicada a eles, com duas professoras responsáveis e dez docentes de apoio educacional especializado. Nela, estudantes desenvolvem habilidades por meio de jogos pedagógicos, no contraturno da escola.

Nosso objetivo é influenciar ações no município e no estado que promovam a educação inclusiva e o direito de essas pessoas frequentarem outros espaços públicos.

Hoje percebemos uma maior conscientização da população, inclusive de Lima Duarte, sobre o tema e sua responsabilidade para promover uma educação que acolha, inclua e gere bons resultados para as pessoas com necessidades educacionais especiais.

Para além dessa conscientização, a rádio é uma ferramenta poderosa de inclusão. Por meio dela, tentamos promover a participação de estudantes nas aulas a distância, durante a pandemia, além de manter o contato com a comunidade escolar, especialmente com as pessoas mais vulneráveis e sem acesso às tecnologias. Muitos de nossos alunos são desprovidos de computadores e internet em suas casas. O programa na rádio tentou evitar prejuízos ainda maiores à aprendizagem e mitigar evasão. A equipe docente se reunia para gravar as aulas, o que também facilitou a preparação das atividades. Temos hoje uma biblioteca virtual com essas aulas para quem quiser acessar, veiculadas naquela fase difícil, do isolamento social.


Depoimento por: Paulo Afonso (gestor escolar)
Instituição: Escola Estadual Adalgisa de Paula Duque)

TEMAS TRABALHADOS:

Educação inclusiva; equidade

Para saber mais sobre o tema:

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