Criação de um sexto tempo

Resumo da solução

Inspirada numa ação vista em outra escola, o núcleo gestor da E. E. E. P. Adriano Nobre (Itapajé-CE) criou um sexto tempo do turno da manhã, proporcionado por uma mudança nos horários das demais aulas. Esse recurso permitiu desenvolver um trabalho de monitoria sem necessitar de aulas fora do período escolar. Gestores e professores utilizaram esse horário para criar ações de monitoria em que os próprios estudantes eram destacados como monitores para ajudar os colegas de menor desempenho. A ação ajudou a elevar os índices de aprovação da escola e fez com que todos os estudantes em estágio mais crítico melhorassem seu desempenho.

 

Depoimento completo:

Nosso projeto foi motivado pela busca de melhores rendimentos de aprendizagem para 100% de nossos  estudantes, diminuindo a disparidade entre os níveis de conhecimento evidenciada em avaliações internas da escola. Com esse desafio em mente, o núcleo gestor encontrou inspiração em uma prática desenvolvida em outra escola, durante uma visita para conhecer suas ações exitosas: o sexto tempo do turno da manhã, proporcionado por uma mudança nos horários das demais aulas. Esse recurso permitiria desenvolver um trabalho de monitoria sem necessitar de aulas fora do período escolar.

Apesar de apresentar notáveis resultados nas avaliações externas, nossa escola enfrenta dificuldades em relação aos rendimentos internos, especialmente nas primeiras séries. Observa-se um conjunto de disciplinas críticas, como Matemática, Química, Física e Biologia, que, por vezes, levam quase metade de uma turma para reprovação parcial (período). Apesar do zelo com o fazer pedagógico e da alta frequência dos estudantes, a desigualdade entre os níveis de aprendizagem era gritante: uns estudantes com desempenho excelente e outros com dificuldades elementares. Nossa monitoria, portanto, teria de ser realizada por nível de proficiência.

Gestores e professores passaram a elaborar a prática. O calendário de aula foi ajustado para inserção do tempo extra, dividindo o período das cinco aulas do turno com 40 minutos cada e a monitoria com 50 minutos. Para não haver perda do tempo pedagógico das aulas seguintes, a monitoria finalizava em 45 minutos, restando 5 minutos para os  estudantes retornarem às salas. Às segundas-feiras ocorriam as monitorias de Biologia; nas terças, as de Física; às quartas era a vez da Matemática e às quintas, de Química.

A organização dos níveis foi realizada de modo a fazer o  estudante avançar a partir de sua situação. No estágio muito crítico, o foco do trabalho era recuperar conteúdos elementares, não assimilados nas séries anteriores. No crítico, o objetivo era reforçar a aprendizagem de conteúdos essenciais para estudantes que apresentavam dificuldade. Já no padrão intermediário, era preciso aprimorar o desempenho de estudantes que já demostram conhecimento satisfatório para o nível, enquanto no adequado buscava-se envolvê-los no desafio de aprender ainda mais.

Os resultados apareceram. Em 2019, o índice de aprovação da escola foi de 47% no primeiro período; de 55,3%, no segundo; e de 57%, no terceiro. Ao longo desse tempo, o crescimento foi de 10%. Estudantes que estavam no nível muito crítico avançaram para o intermediário. Também recebemos feedback de estudantes sobre a ação da monitoria, revelando aspectos positivos em relação à organização, ao domínio de conteúdo dos monitores, à aprendizagem facilitada e ao clima de bem-estar para responder às perguntas em aula. Os monitores, por sua vez, ampliaram seus conhecimentos e exerceram seu protagonismo no projeto.

Escolas que queiram realizar trabalho semelhante devem alinhar a participação de toda a comunidade escolar, aspecto que se mostrou fundamental para o acerto nas tomadas de decisão e a disseminação do sentimento de pertencimento em relação à escola, além de definir com precisão o foco da ação.

Depoimento por: Luciana Teixeira Brandão (coordenadora pedagógica)
Instituição: E. E. E. P. Adriano Nobre )

TEMAS TRABALHADOS:

Desempenho escolar; Aprendizagem entre pares

Para saber mais sobre o tema:

Esta solução faz parte do Caderno de Boas Práticas em Gestão Escolar do Ceará (2019)