Ilustração
Desafio: Como escolas podem realizar busca ativa de jovens evadidos

Mudanças em práticas pedagógicas e núcleo de Busca Ativa

Resumo da solução

Na E. E. M. Elza Gomes Martins (Pedra Branca-CE) , o diagnóstico principal da equipe gestora para a baixa aprendizagem estava ligado à maneira como eram ministradas as aulas, pois os professores trabalhavam conteúdos de forma automática e desalinhada, com metodologias distintas. O trabalho pedagógico foi modificado a partir de três eixos: formação continuada do professor, elaboração de material didático condizente com a realidade do estudante e adoção de metodologias ativas e reflexivas. A escola instituiu também uma avaliação diagnóstica própria que serviu de ponto de partida para as ações. Foi necessário combater a cultura que apenas culpabilizava os estudantes pelos maus resultados. Foi criado também um núcleo de busca ativa de estudantes ausentes da escola por mais de quatro dias. As ações coordenadas levaram à melhoria do desempenho, aumento da aprovação e redução do abandono.

Depoimento completo: 

Nossa escola apresentava resultados negativos em praticamente todos os aspectos que medem a qualidade de ensino. Analisando a situação, percebemos que os estudantes tinham suas dificuldades, mas o problema também estava ligado à maneira com que eram ministradas as aulas. Os professores trabalhavam conteúdos de forma automática e desalinhada, com metodologias distintas, diante de estudantes completamente desmotivados. Entendemos que era urgente ressignificar a prática docente, investindo sobretudo na formação dos professores.

A escola apresentava baixos níveis de aprovação e elevados índices de abandono e reprovação, além de proficiência em Língua Portuguesa e Matemática muito aquém do aceitável. A fraca proficiência demonstrada em avaliações externas como Spaece, Saeb e Enem, inclusive, vinha desde a fundação da instituição. Quando o atual núcleo gestor assumiu a direção, decidiu mudar totalmente o trabalho pedagógico, promovendo um alinhamento focado em três eixos: formação continuada do professor, elaboração de material didático condizente com a realidade do estudante e adoção de metodologias ativas e reflexivas.

Para começar, instituímos uma avaliação diagnóstica própria, denominada Sistema Permanente de Avaliação da Elza (Spaelza). Identificamos descritores críticos na última edição do Spaece, aplicamos uma avaliação e socializamos as conclusões com o corpo docente. Foi um choque. Os professores insistiam em dizer que os  estudantes “não queriam aprender”, relutando em assumir a responsabilidade pelo fracasso do processo de aprendizagem dos jovens. Mas fomos adiante.

Montamos a primeira formação de professores, intitulada “Quando a culpa não é do aluno”, ocasião em debatemos sobre o papel do docente, o currículo e a necessidade de criar aulas diferentes e atrativas. Nas formações seguintes, fizemos uma adaptação do currículo baseada no conceito de transposição didática. Para citar alguns exemplos: se o professor tinha que ensinar Geometria, em vez de apresentar meros conceitos, faria a medição da escola, calculando área, retas, ângulos. Se a aula de Língua Portuguesa fosse sobre interpretação de textos, os sonetos de Gregório de Matos seriam substituídos por letras de músicas que os jovens gostavam, e assim por diante. Além de todos os integrantes da escola, os pais foram chamados para discutir as mudanças.

Para motivar ainda mais os estudantes, passamos a aplicar o Spaelza mensalmente, premiando a turma de melhor desempenho com um dia de lazer e passeios culturais. Nas formações mensais aos professores, debatemos sobre os temas que envolvem o fazer pedagógico e o cotidiano escolar. Foi criado um núcleo de busca ativa de estudantes ausentes da escola por mais de quatro dias.

A escola deu um salto. Os professores e estudantes estão mais motivados. De 2016 a 2018, a proficiência em Língua Portuguesa avançou de 231 para 254; e em Matemática subiu de 240 para 278. A taxa de aprovação interna, que era de 79%, atingiu 96%, e a de abandono caiu de 12% para 3%.

Nossa prática é continuada e deverá manter os índices em ascendência. Acreditamos que nossas soluções sejam viáveis para qualquer escola, desde que haja coragem para tocar nas feridas de toda a comunidade escolar e promover todas as mudanças necessárias.


Depoimento por: Maciel Nascimento de Araújo (coordenador escolar)
Instituição: E. E. M. Elza Gomes Martins)

TEMAS TRABALHADOS:

Desempenho escolar; Evasão escolar; Práticas educativas

Para saber mais sobre o tema:

Esta solução faz parte do Caderno de Boas Práticas em Gestão Escolar do Ceará (2019)

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