Roda de conversa

Resumo da solução

A falta de diálogo dá margem a problemas como desinteresse pelos estudos, absenteísmo, baixo rendimento escolar e evasão. Para enfrentar essa realidade, a escola Dr. Inácio Koury Gabriel Neto, no município de Castanhal (PA), implementou a Roda de Conversa. A iniciativa proporciona aos alunos um momento de autorreflexão sobre suas vidas, a partir de relatos individuais. Ao estimular relacionamentos de confiança, partilha e colaboração, a escola cria condições para a melhoria da aprendizagem.

Depoimento completo:

Embora o contexto histórico atual seja definido como a era da comunicação, é visível a complexidade na comunicação intraescolar, refletindo no comportamento de estudantes que demonstram isolamento social, dispersão dos estudos e baixo rendimento escolar.
De acordo com esse contexto, um dos problemas mais recorrentes é a carência de diálogo, que se dá tanto entre professores e estudantes, pais e estudantes, pais e professores, como até mesmo entre os próprios estudantes. A dinâmica do currículo escolar, o distanciamento entre família e escola e a inexistência de profissionais capacitados para atender as necessidades afetivas e emocionais dos estudantes são fatores que agravam esta problemática. Esta realidade se evidencia em comportamentos negativos diversos, dentre eles a aversão e/ou desmotivação com relação ao ensino, o absenteísmo estudantil, o baixo rendimento escolar e a evasão.
A ideia da roda de conversa surgiu como resposta ao desejo da escola de proporcionar aos educandos um momento de autorreflexão sobre suas vidas como estudantes e de suas histórias de vida por meio de seus relatos individuais, com a perspectiva de uma ressignificação de saberes e práticas em prol da humanização na escola e da crença de que desenvolver relacionamentos de confiança, de partilha e de colaboração resultaria em melhoria na aprendizagem.
A roda de conversa possibilita a aproximação entre os participantes a partir de um vínculo de confiança, de respeito e de ajuda mútua. Quando as situações são identificadas como algo em comum, a gravidade dos problemas parece diminuir, pois as situações são encaradas com naturalidade.
Nesta atividade os estudantes participam da dinâmica “Quem sou eu?”, na qual é trabalhada a forma como eles se veem e como veem o outro, além de uma autoanálise da representação gráfica por meio de uma arte visual (desenho). Em seguida, eles falam do outro e de si próprios, de seus incômodos, dificuldades, angústias, fragilidades e sonhos.
A roda de conversa tem como centralidade uma conotação significativa ao processo de ensino e aprendizagem, de modo a associar o conhecimento escolar àvida, enfatizando a importância do sentido de estudar para a superação dos obstáculos e da realização pessoal.
Ao refletir sobre os fatores que podem determinar sucessos ou fracassos no processo de ensino e aprendizagem, nos ancoramos em aspectos da Psicologia, da Sociologia e da Didática, para expressar a importância do diálogo interativo com os estudantes, considerando sua influência tanto no aspecto familiar quanto no escolar.
Experimentar a prática da roda de conversa como ação do método Jovem de Futuro nos permitiu ver o outro não apenas como estudante, mas como pessoa, com história, sentimentos e saberes que até então estavam na obscuridade. Essa estratégia nos aproximou, tornando-nos mais humanos, mostrando de fato o perfil dos estudantes, com possibilidade de reencaminhar as ações curriculares.
Esta experiência ressignificou o fazer pedagógico da escola, embora com maiores desafios, tornando-o mais complexo, recheado de subjetividades, o que requer predisposição para as intervenções.

Depoimento por: Marcia do Socorro da Silva Araújo (gestora), Maria Ivanilda de Freitas (coordenadora pedagógica), Janeide de Lima Teixeira e Maria Eliana Soares (professoras)
Instituição: Escola Dr. Inácio Koury Gabriel Neto)