Projeto de escuta e trocas entre alunos

Resumo da solução

Havia um clima de intolerância entre os alunos do colégio Aécio Oliveira de Andrade, em Goiânia (GO). Demonstrações de preconceito envolvendo a sexualidade e outros temas faziam parte do cotidiano da escola, com atitudes desrespeitosas inclusive em relação a professores. A equipe gestora lançou, então, um projeto de escuta e compartilhamento de experiências entre alunos, com encontros mediados por um professor e produção de textos. Houve choro, abraços e pedidos de perdão, com mudança radical de comportamento das turmas e um salto de qualidade no ambiente escolar.

Depoimento completo:

Nosso projeto nasceu com o objetivo de debater temas polêmicos recorrentes na vida de nossos estudantes. Queríamos provocar reflexões enriquecidas pelo relato e compartilhamento das experiências de vida dos jovens, com o intuito de elevar a autoestima dos estudantes e construir um ambiente de respeito mútuo entre os colegas. A ação envolveu, além do desenvolvimento da oralidade, a produção de textos e trabalhos relacionados a temas escolhidos pelos próprios estudantes.

A prática foi aplicada para os estudantes dos 2º e 3º anos do Ensino Médio. Até o momento em que iniciamos este projeto, havia um ambiente de muita intolerância entre os estudantes dessas turmas, com muito sofrimento por parte daqueles que eram tratados com preconceitos relacionados a aspectos como a sexualidade. Havia muito desrespeito entre meninos e meninas e mesmo em relação aos professores. Muitos jovens apresentavam sintomas de depressão.
Nos encontros realizados com mediação do professor, os jovens começaram a relatar suas dificuldades e os sofrimentos que vivenciavam no cotidiano escolar, algo que jamais tinham feito. Muitos choraram, se abraçaram e pediram perdão por não terem compreendido o impacto de suas atitudes e o comportamento dos outros.
Na etapa da produção escrita, os estudantes elaboraram textos para a edição de uma revista literária sob supervisão do professor que desenvolveu o projeto. Em seguida, passaram a produzir um documentário no qual alguns estudantes relatam suas experiências com o intuito de mostrar a outros jovens que é possível superar o sofrimento se for criado um ambiente em que todos se respeitam.
Os trabalhos contaram com recursos tecnológicos como datashow, notebook, caixa de som, televisão, celular, filmadora; financeiros, utilizados para montar a mesa onde se realizavam as prosas; didáticos, como produção textual, relatórios, apresentações etc.; e humanos , como estudantes, professor, uma estagiária que auxiliava o docente, a equipe gestora e de coordenação.
A mudança no comportamento dos estudantes foi substancial. Os que apresentavam problemas de depressão passaram a ser melhor acolhidos dentro das turmas; os homossexuais passaram a ser respeitados; uma aluna que relatou ter tentado suicídio várias vezes por se sentir isolada até da família disse que, depois do projeto, se sente mais amparada, para citar alguns exemplos. Os estudantes se tornaram mais amigos uns dos outros e se preocupam com o bem-estar dos colegas.
A adoção dessa prática pode ser exitosa em outras escolas também. Tudo depende de como é desenvolvida. Em primeiro lugar, é imprescindível conhecer bem as turmas para saber em quais casos a ação pode ser aplicada, trabalhando sempre com temas que envolvam a juventude. Também é necessário desenvolver a questão da oralidade e a proficiência na produção de textos, além de possibilitar que os estudantes escolham os temas, pois isso faz com que se sintam mais estimulados. É preciso organizar o tempo a ser dedicado para o projeto e contar com o empenho da equipe escolar para que a iniciativa dê certo.

Depoimento por: Olivia Bernadeth Rezende de Souza (gestora) e José Roberto Generoso (professor)
Instituição: C.E. Aécio Oliveira de Andrade )