Gestão democrática e comunidade mobilizada
Resumo da solução
A escola Ana Lopes Balestrero é localizada em uma área de vulnerabilidade social e sofria com a violência do entorno, com o desinteresse dos alunos, ausência de professores, migração dos melhores estudantes para outras escolas assim que havia oportunidade, notas baixas e baixa adesão às avaliações externas. A saída encontrada pela equipe gestora para começar a mudar esse quadro foi apostar numa gestão democrática e transparente, em que todos tinham acesso ao orçamento e discutiam prioridades, pactuando objetivos claros e promovendo mudança de rotas quando necessário. Trimestralmente, é feita uma roda de conversa no pátio entre equipe gestora e alunos. Foram também estabelecidas parcerias com instituições externas. Tudo isso tem influenciado no sentimento de pertencimento dos alunos, levando a um aumento nas matrículas e redução em faltas de alunos e docentes.
Solução completa:
Localizada em uma área de vulnerabilidade social, o bairro Flexal, a escola sofria com a violência do entorno, com o desinteresse dos estudantes, com a ausência de professores, com a migração dos melhores estudantes para outras escolas assim que havia oportunidade, com notas baixas e baixa adesão às avaliações externas, entre outros problemas.
A partir da premissa de que a educação é o único caminho para melhorar a vida das pessoas, as demandas dos estudantes foram ouvidas, assim como as dos servidores da escola. O trabalho do pedagogo foi pautado para a criação de espaços de planejamento, nos quais são discutidas a estrutura pedagógica, a interação com professores e a análise dos resultados e das metas da escola.
Uma série de ações foi tomada para aumentar o sentimento de pertencimento, evitar a evasão escolar e aumentar o desempenho dos estudantes. A base foi uma gestão transparente e participativa. O diagnóstico dos resultados da escola passou a ser conhecido por todos e considerado na hora do planejamento.
As reuniões de trabalho foram sistematizadas, com objetivos claros e mudança de rota, quando necessário. Cada membro da comunidade escolar passou a compreender o seu papel. A adoção do Sistema de Gestão para implementar e monitorar as ações ajudou a profissionalizar a administração escolar e a definir as melhores estratégias. Ficou claro que os professores se movem muito mais quando observam ações concretas de outros setores da escola e entendem que o trabalho deles é uma parte, não o todo, o que também contribuiu para diminuir o número de faltas dos profissionais.
Trimestralmente, é feita uma roda de conversa no pátio entre a equipe gestora e os estudantes, para que eles possam seguir percebendo que a escola é uma instituição pública que também pertence a eles. Foram apresentados os gastos com reparos nos anos anteriores e o que os estudantes poderiam ganhar caso os valores fossem destinados à aquisição de novos equipamentos. Assim, os estudantes viraram parceiros na responsabilidade de cuidar da escola. Outros assuntos também são abordados nestas conversas: autoestima, importância dos estudos, uso de drogas, papel do estudante na escola e protagonismo juvenil.
Com a prestação de contas, houve redução na depredação dos espaços. A economia com a manutenção possibilitou a compra de itens solicitados pelos estudantes, como sistema de som, mesa de pebolim e de pingue-pongue, videogame, tudo para deixar a escola mais atrativa para os jovens.
Foram estabelecidas parcerias com outras instituições, como a Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames) e a Secretaria de Direitos Humanos, que passaram a oferecer aulas de violão, canto e percussão, além do Senai, que ofereceu um curso de auxiliar de escritório.
Tudo isso tem influenciado no sentimento de pertencimento dos estudantes, que passaram a se referir à escola com orgulho. O número de matriculados foi de 802 em 2016 para 1170 em 2018. A frequência dos estudantes também aumentou: de 75,3% em junho de 2017 para 83,1% em dezembro de 2017. Além disso, por turno, aproximadamente 30 estudantes perdiam a primeira aula até 2017. Esse número foi reduzido para cinco estudantes no primeiro trimestre de 2018. Os estudantes estão mais dedicados e interessados em melhorar seus resultados nas avaliações internas e externas. Houve um aumento de 82,2% para 98,7% no número de aulas dadas, boa parte graças à diminuição de 25% no número de atestados médicos de professores e ao novo modelo de planejamento.
O projeto continua em busca de novos mecanismos para registrar melhor as ações e facilitar o monitoramento. São previstas ações mais efetivas nos campos da formação continuada de pedagogos e professores. O plano de futuro é que a escola deixe de ser prioritária para se tornar a melhor do Estado e ampliar as oportunidades para os jovens.
Depoimento por: Paulo Sérgio Simões Junior (gestor) Leylane Santos Zequini (pedagoga), Maria Cássia Pereira Souza, Penha Cristina Rosário de Azevedo dos Santos, Cláudia Luduvico Krohling, Isadora de Souza Rodrigues, Carla Priscila Wendler, Cristiane Ponciano Ramos, Jaqueline Verly Cacemiro Costa e Ana Angélica Pauli Machado Cunha (professoras)
Instituição: Escola Ana Lopes Balestrero )
TEMAS TRABALHADOS:
Indisciplina; Gestão participativa; Relação Escola-Comunidade
Para saber mais sobre o tema:
Esta solução faz parte do Caderno de Boas Práticas em Gestão Escolar do Espírito Santo (2018)
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