Resultados do Ideb e do Saeb e os programas para a Educação dos presidenciáveis e foram os principais destaques na imprensa nacional em setembro.

O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) foi divulgado no dia 3 de setembro pelo Ministério da Educação (MEC) e gerou grande repercussão na imprensa nacional. A Agência Brasil publicou a matéria “Ideb tem pequeno avanço no ensino médio, mas segue abaixo da meta”, na qual destacou que “O ensino médio é a etapa mais crítica, com a meta descumprida em todos os estados. Além de não terem alcançado o índice esperado, cinco estados tiveram redução no valor do Ideb entre 2015 e 2017: Amazonas, Roraima, Amapá, Bahia e Rio de Janeiro.”

O Centro de Referências em Educação Integral publicou uma matéria com análise de especialistas intitulada “O que o Ideb revela sobre a política educacional do País”. Para a coordenadora de Políticas Educacionais da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Andressa Pellanda, os dados do Ideb mostram “que as políticas educacionais estruturantes não têm sido colocadas em prática”, além de indicar que “Não temos investimentos em infraestrutura, valorização e condições de trabalho dos profissionais da educação. Assim, é impossível criar condições para que ocorram relações de ensino-aprendizagem, os dois grandes pilares que compõem o direito à educação”.

Em outra análise sobre os resultados, em matéria do jornal O Globo, o diretor de articulação e inovação do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos, afirmou que “Não há clareza sobre quais os objetivos de aprendizagem, o que cada aluno tem que aprender ao longo dos anos finais do fundamental. O ponto de partida é a formação do professor. O grande problema é que a formação do Brasil é muito teórica, não dialoga com o chão de escola, principalmente nas escolas públicas, e essa situação se agrava no ensino médio.”

Ainda no âmbito das discussões sobre os resultados do Ideb e do Saeb, especialistas participaram do “Fórum Estadão”, promovido pelo jornal O Estado de S.Paulo, para debater melhorias para a educação do Brasil. A repórter Renata Cafardo mediou a conversa entre Claudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas, Priscila Cruz, presidente do Todos Pela Educação, e Ricardo Henriques, superintendente do Instituto Unibanco.

Participantes analisaram os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), divulgados no dia 31 de agosto, e omo podem trazer “pistas para melhora da educação”. Para Ricardo Henriques, “em nenhum momento se estabeleceu a educação como prioridade do Brasil”.

Já os professores Ernesto Martins, diretor-fundador do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), e Tadeu da Ponte, professor do Insper e membro do comitê técnico do Iede, avaliam a mudança de critério utilizado no Saeb em artigo publicado em O Estado de S.Paulo. Para eles, “O problema não é mudar o critério nem torná-lo mais exigente. A questão é que não está claro o que fundamenta essa “régua mais alta”. Além disso, há um evidente descasamento com as referências usadas por especialistas, técnicos e formuladores de políticas públicas, que têm sido amplamente utilizadas no Brasil e servem para fazermos comparações históricas.”

Em contraponto ao cenário nacional, estados que tiveram avanços significativos nos resultados do Ideb celebraram as conquistas. No Ceará, o jornal Diário do Nordeste destacou que o estado teve o melhor desempenho no Ideb nas regiões Norte e Nordeste. A Gazeta, do Espírito Santo, informa no título que o estado tem o maior Ideb do Brasil no Ensino Médio. Já o jornal O Popular, de Goiás, aborda o desempenho do estado na rede pública, em que bate recorte no último ciclo da educação básica.

Educação e eleições

Os programas dos presidenciáveis para a educação também tiveram grande repercussão na imprensa on-line. Diferentes veículos apresentaram análise dos planos e destacaram desafios para o próximo presidente.

A Carta Educação apresentou avaliações dos programas de 10 presidenciáveis, feitas por diferentes perfis de especialistas da área de educação. O site publicou, também, matéria que analisa a relação, ou a falta de menção, das propostas dos candidatos e o Plano Nacional de Educação (PNE).

Com foco no uso de tecnologia e inovação, o site Porvir “verificou se planos prevêem ações para promover o uso de tecnologia, gestão democrática, participação, desenvolvimento integral e educação mão na massa”.

Dando continuidade à série de entrevistas, o blog Eleição + Educação, do jornal O Estado de S.Paulo, publicou a conversa realizada com o candidato do PT, Fernando Haddad. Um dos destaques foi a proposta de que o governo federal assuma escolas de Ensino Médio com problemas.

Com a proximidade das eleições, o professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Miguel Arroyo afirmou ser importante não separarmos “o direito da educação dos demais”, em entrevista ao Centro de Referências em Educação Integral. O educador avalia “o que está por trás de propostas e conceitos antidemocráticos que vêm ganhando espaço nos debates e no legislar da Educação”.

Educação 360

O Globo realizou o evento Educação 360 nos dias 24 e 25 de setembro. No debate de abertura, um dos destaques foi o ativista social indiano Sanjit “Bunker” Roy, criador da Barefoot. Ele defendeu que seria um erro classificar como analfabeto aquele que não tem educação formal. O superintendente executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, que também participou do debate, afirmou que a Barefoot College é uma ponte entre a experiência e o conhecimento: “A gente precisa parar de tentar buscar soluções extraordinárias e produzir soluções simples, que tenham poder de transformação”.

No segundo dia de debates, o economista Eric Hanushek, da Universidade de Stanford, defendeu que todas as crianças no ensino básico alcancem uma qualidade mínima de educação, o que aumentaria a produtividade do país, elevando o PIB em 16% ao ano e, como consequência, os salários dos brasileiros em 30%. Por sua vez, a presidente executiva do Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, mostrou que o Brasil tinha 49% da população alfabetizada em 1950, enquanto a Inglaterra chegou ao patamar de 53%, três séculos antes.

Além dos destaques acima, outros temas relevantes foram abordados: fake news na educação, o relatório Education at a Glance e educação inclusiva. Confira.

Fake News na educação

Parte do projeto “Mentira na Educação, não!”, a revista Nova Escola publicou a matéria “A Educação era melhor na época da ditadura?”.

“Para Silvana Souza, pós-doutora em Política Social pela Universidade de Brasília (UnB) e doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), a falta de informação sobre a Educação durante a ditatura militar revela a ausência de memória do que realmente ocorreu naquele período no Brasil. “A chamada justiça de transição envolve três aspectos igualmente importantes, que são: justiça, memória e verdade. A insuficiência das políticas de memória faz com que grande parte dos brasileiros não saiba até hoje o que aconteceu de 1964 a 1985, inclusive a respeito dos aspectos educacionais”, pontua.”

Educação inclusiva

Centro de Referências em Educação Integral publicou a matéria “O que falta para a escola brasileira praticar a educação inclusiva.

“Uma escola que garanta o direito à aprendizagem de todas as crianças e adolescentes, independentemente do modo como falam, andam, pensam, leem. Que respeite também a origem, religião e condição humana de cada indivíduo. Em poucas palavras, assim é possível definir a Educação Inclusiva.

‘A educação inclusiva é uma perspectiva que tem como pressuposto que toda criança aprende e que esse percurso é singular. Assim, não há “alunos de inclusão”. Ou a inclusão diz respeito a todos os alunos ou não é inclusão’, explica Luiz Conceição, coordenador de formação do Instituto Rodrigo Mendes.”

Education at a Glance

O site Gestão Universitária publicou o artigo “Inep divulga nova edição do relatório Panorama da Educação: Destaques do Education at a Glance

“O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou nesta terça-feira, 11, em seu Portal, a nova edição do Panorama da Educação, que traz os principais destaques do Brasil citados no relatório Education at a Glance (EaG), lançado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), também nesta data, em Paris.  Este documento reúne dados brasileiros e de outros 40 países proporcionando uma visão geral dos sistemas educacionais com o objetivo de possibilitar a comparação internacional. Os dados nacionais que subsidiam o cálculo de indicadores são provenientes do Censo Escolar e Censo da Educação Superior, ambos promovidos pelo Inep.

Em 2018, o EaG traz como pano de fundo para os indicadores apresentados a temática da equidade. O estudo promove a análise de comparabilidade entre os países à luz de aspectos como impacto da aprendizagem, acesso à educação, recursos financeiros investidos na educação, professores, ambiente de aprendizagem e organização das escolas. No documento, a maioria dos dados educacionais apresentados têm base no ano de 2016 (para alguns países da OCDE, 2015) e os dados financeiros são relativos ao ano de 2015.”