Análise de imprensa – Março de 2018
Mensalmente, você encontrará aqui uma curadoria de notícias e artigos relevantes que saíram nos principais veículos de comunicação do país, tendo assim um panorama do que foi destaque na mídia. O objetivo é chamar a atenção para temas e pautas relevantes para os debates nas áreas de educação, ensino médio e gestão escolar.
Março é um mês marcado por datas que estimulam o debate sobre equidade de gênero e raça. O Dia Internacional da Mulher (8), data que simboliza a reivindicação pelos direitos das mulheres, oficializada pela ONU na década de 1970; e o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial (21), data criada pela ONU após o Massacre de Sharpeville, que aconteceu em Joanesburgo, África do Sul, em 1960. Ao longo do mês, esses temas ganharam espaço na imprensa nacional, com a publicação de cerca de 30 matérias nos principais veículos do país.
No dia 18, o jornal O Globo publicou o artigo “Mais engenheiras”, assinado pelas instituições organizadoras do 1ª Seminário Elas nas exatas: pela equidade de gênero na educação pública (Fundação Carlos Chagas, Fundo ELAS, Instituto Unibanco e ONU Mulheres), realizado no Museu do Amanhã (RJ), no dia 19.
A coluna do jornalista Ancelmo Góis, no mesmo jornal, publicou a nota “Juventude machista” e destacou dados levantados pela Fundação Carlos Chagas e pelo Instituto Unibanco. 35,6% das pessoas entrevistadas acreditam que mulheres são mais capacitadas para o trabalho doméstico do que os homens, foi uma das informações citadas. A pesquisa também foi tema da matéria “Nas escolas de SP, quase metade acreditam que há ‘trabalhos só de homens’”, publicada pelo El País.
O Meio Norte, jornal do Piauí, publicou “Educação para mudar a realidade feminina” com destaque para o “Investiga, menina”, um dos dez projetos selecionados pela 2ª edição do edital Elas nas Exatas. Já o portal de educação e inovação, Porvir, produziu a matéria “Referências na escola são importantes para trazer mais mulheres para as exatas”, com destaque para depoimentos de personagens e especialistas sobre a falta de representatividade das mulheres nas carreiras de exatas. O texto também cita a pesquisa “Elas Nas Ciências: Um Estudo para a Equidade de Gênero no Ensino Médio”, produzida pela Fundação Carlos Chagas com apoio do Instituto Unibanco. O trabalho, que ouviu mais de mil estudantes e professores em 10 escolas públicas do município de São Paulo, mostrou que 45,7% dos entrevistados concordam com a afirmação de que certos trabalhos devem ser realizados somente pelos homens. “A escola está inserida em uma sociedade que é sexista, então o que acontece fora dela também se reflete nas ações internas”, disse Sandra Unbehaum, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas. Para Alice de Paiva Abreu, professora emérita da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, “A diversidade traz uma multiplicidade de pontos de vista que leva a um conhecimento mais diversificado, melhor e mais consistente”.
A matéria “Meninas são mais do que o dobro de meninos entre jovens fora da escola e sem atividade remunerada”, publicada na revista Gênero e Número, também destacou dados do levantamento realizado pelo Instituto Unibanco a partir de análise do PNAD 2016. O texto ressalta que, no Brasil, há mais de 1,7 milhão de meninas e mulheres de 15 a 29 anos que não completaram o Ensino Médio, não estudam e não exercem atividade remunerada. Para Sandra Unbehaum, socióloga e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, isto não significa que essas jovens não trabalhem e estes dados refletem a divisão sexual do trabalho.
A revista Nova Escola publicou duas matérias sobre equidade racial e educação, a partir da cobertura do Seminário “Gente que transforma”, promovido pelo CEERT – Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades, com apoio do Instituto Unibanco, do Sesc e da Fundação Ford, realizado no Sesc 24 de Maio (SP), no Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial (21). “O que podemos aprender sobre cultura afro-brasileira com duas escolas” conta as experiências de duas escolas, uma do Pará e outra da Bahia, que elaboraram projetos com foco na cultura afro-brasileira no Ensino Médio. Já a matéria “Eu achava que todos são iguais, mas entendi que diferença não é um problema” apresentou o relato de uma diretora escolar do Mato Grosso do Sul sobre o tema.
Também no dia 21, a Folha de S.Paulo publicou o artigo “Gente que transforma”, assinado por Cida Bento (CEERT), sobre o evento e que fez referência à morte da vereadora Marielle Franco: “Este evento pretende homenageá-la e sinalizar que devemos, juntos, lutar contra o racismo que estrutura as relações sociais no país, atribuindo menos valor às vidas negras ceifadas cotidianamente.” A diretora executiva do CEERT termina o artigo alertando para a necessidade de a escola ter sentido na vida dos estudantes: “Uma escola que acolhe, de verdade, todas as crianças. E isso passa, necessariamente, pelo reconhecimento e valorização de sua história e de sua cultura no currículo escolar.”
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Outros destaques:
Alunos transgêneros
O artigo traduzido por Thaís Paiva fala sobre a importância de uma escola mais humana e a importância dela no apoio e orientação a alunos transgêneros. O texto também apresenta dicas para educadores lidarem com as famílias desses alunos.
Como apoiar os alunos transgêneros na escola, texto publicado no site Educação Integral.
Reforma do Ensino Médio
O professor do Insper e da FEA – USP, Naércio Menezes Filho, questionou se todas as escolas públicas terão condições de oferecer diferentes trajetórias para os alunos como quer a reforma do Ensino Médio proposta pelo Governo Federal. “Será que é uma mudança na direção correta? A reforma conseguirá melhorar a educação no Brasil?”, perguntou.
A reforma do Ensino Médio, artigo publicado no jornal Valor Econômico.
Desigualdade social e o impacto na educação
Estudo da OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico aponta que o Brasil é um dos países em que há menos estudantes resilientes, aqueles que apesar da condição de pobreza conseguem ter bom desempenho escolar. No ranking de 71 países participantes, o Brasil ficou em 62º, abaixo de outros latinos como Chile, Uruguai e Argentina.
Apenas 2,1% dos alunos pobres do país têm bom desempenho escolar, matéria publicada no UOL.