Em maio, a Base Nacional Curricular Comum (BNCC) foi destaque na mídia nacional. Mas outros temas relevantes também foram abordados, como a implantação do regime de tempo integral no Ensino Médio, racismo e desigualdade de gênero na Educação, cotas, ensino da história e cultura da África, ensino médio inclusivo e gestão escolar. Confira.

Em maio, a Base Nacional Curricular Comum (BNCC) foi destaque na mídia nacional. A revista Nova Escola publicou a primeira de uma série de reportagens sobre a implementação da BNCC nas principais redes educacionais, divididas por região do país, sendo Centro-Oeste a primeira. A reportagem esclarece que as redes estaduais de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul devem levar os novos currículos para as salas de aula em 2019. O texto também explica o regime de colaboração entre entes federativos e o cronograma da implantação: até novembro deste ano, estados e municípios já deverão ter aprovado um currículo alinhado à base.

Em outra matéria sobre o mesmo tema, a revista Nova Escola apresenta a conclusão de uma assembleia pública realizada em Florianópolis: estudantes ainda não se “enxergam” na BNCC do Ensino Médio. Uma das estudantes disse que seus colegas não sabem o que é a BNCC, nem para que ela serve. O texto ainda chama atenção para os riscos apontados por educadores: “A ausência de recomendações sobre a porcentagem opcional dos conteúdos do Ensino Médio, associada à priorização das disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática no texto, causam o temor de que isso deixe os currículos, principalmente das escolas públicas, reducionistas.”

A relação da BNCC com a formação de professores foi pauta dos sites Centro de Referências em Educação Integral, Gestão Escolar e Porvir, que trouxeram destaques do Ciclo de Debates: A Formação de Professores no Contexto da BNCC, realizado pelo Instituto Ayrton Senna e pela Fundação Itaú Social.

As matérias “A formação de professores à luz da BNCC”, publicada no Centro de Referências em Educação Integral, e “Curso de formação deve ensinar professor a readaptar práticas”, no site Porvir, trouxeram como destaque a palestra de Linda Darling-Hammond, professora de Educação na Universidade de Stanford. “É muito difícil ensinar de maneira diferente daquela que se foi ensinado”, disse Linda durante o evento. “A partir de agora, segundo ela, professores precisam estar cientes de que a aula padronizada não será suficiente e o processo de ensino vai demandar readaptação constante”, relata o repórter Vinícius de Oliveira, do Porvir.

Já o site Gestão Escolar abordou a participação de Elba Siqueira, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, no ciclo de debates, na matéria intitulada “Base: para garantir formação, é preciso revisar o que deu certo (ou errado)”. A pesquisadora defende uma formação continuada para os professores e entende que “ao olhar para o que deu certo, por exemplo, pode ajudar a fazer ajustes que tornarão a formação mais alinhada com o processo de ensino-aprendizado mais eficaz nas escolas. De quebra, isso poderia diminuir o desperdício de recursos que ocorrem nas trocas de governos”, segundo o texto.

A implantação do regime de tempo integral em escolas do Ensino Médio foi tema de reportagem publicada pela IstoÉ. A revista cita estudo do economista Ricardo Paes de Barros, do Instituto Ayrton Senna e do Insper, a partir de uma simulação para medir o impacto que o ensino em tempo integral em todas as escolas brasileiras interferiria na posição do Brasil no ranking do PISA. A resposta, segundo a revista, foi surpreendente: o país sairia das últimas posições do ranking para uma posição intermediária, superior a diversos países, dentre eles os Estados Unidos. Porém, a matéria ressalva, que, ao menos no curto ou médio prazo, não se pode imaginar uma política universal de escolas em tempo integral, não só pelos custos envolvidos, mas também por considerar os diferentes interesses e projetos de vida dos jovens brasileiros.

Um estudo sobre os fatores relacionados à escola que influenciam a escolha das jovens em relação à formação e à carreira profissional, realizado pela Fundação Carlos Chagas com apoio do Instituto Unibanco, foi tema da matéria “Estereótipos de gênero ainda estão presentes entre jovens”, publicada pela revista Educação. Segundo o texto, a baixa presença de mulheres em algumas áreas profissionais e acadêmicas de maior prestígio é uma das consequências da falta de modelo e da falta de apoio da família e até da escola para tomar determinadas decisões. A matéria também destaca que uma parcela considerável de jovens acredita que a mulher é mais capacitada para o trabalho doméstico do que o homem e que certos trabalhos só devem ser realizados por profissionais do sexo masculino. “Se as alunas estão chegando com baixa expectativa, se elas não acreditam que podem ocupar as posições que quiserem, é preciso adotar outra estratégia. A ação tem de ser diferente”, explicou Sandra Unbehaum, coordenadora da pesquisa.

Já a entrevista com Katemari Rosa, divulgada pela BBC Brasil e replicada em diversos portais, teve como tema o racismo. Katemari Rosa é professora universitária de física e sua tese de doutorado, defendida nos EUA, é sobre mulheres negras na sua área de atuação. O título revela a defesa de Rosa: “Negro não tem que falar só sobre raça”. A professora ressalta: “Acho ótimo falar disso, mas penso que é preciso ver pessoas negras falando de tudo, matemática, português, direito, ciência, física de partículas.”

Além dos destaques acima, outros temas relevantes foram abordados: cotas, ensino da história e cultura da África, ensino médio inclusivo e gestão escolar.

“A chance de ter um diploma de graduação aumentou quase quatro vezes para a população negra nas últimas décadas no Brasil. O professor Nelson Inocêncio, que integra o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade de Brasília (UnB), pioneira na adoção das cotas raciais, também destaca o crescimento, mas pondera que é preciso pensar outras políticas para garantir uma aproximação real entre o nível de educação de negros e brancos.”

Cotas foram revolução silenciosa no Brasil, afirma especialista, matéria publicada na Agência Brasil.

A Lei 10.639, que obriga as escolas a incluírem no currículo o ensino da história da África e da cultura afro-brasileira, ainda não é implementada de forma ampla e real pelos estados e municípios.

Iniciativas isoladas garantem ensino da história e cultura da África, matéria publicada na Agência Brasil.

"Experiências exitosas de inclusão escolar acontecem em muitas escolas e podem ser significativamente ampliadas, desde que apostemos no protagonismo dos gestores, dos educadores e, acima de tudo, no protagonismo estudantil."

Ensino Médio inclusivo: agulha no palheiro?, coluna assinada por Rodrigo Mendes, do Instituto Rodrigo Mendes, e publicada no Estadão.

O professor Cláudio Ferraz, da PUC-Rio aborda a questão da gestão escolar e reitera os resultados da participação de estudantes brasileiros no Pisa, nos últimos 15 anos. “Parte do mau desempenho se deve à grande distorção idade-série existente no Brasil. Muitos jovens de 15 anos estão atrasados em pelo menos dois anos e desconhecem muito do que é perguntado na prova”, diz o professor.

Do que falamos quando falamos em gestão escolar?, coluna publicada no Nexo.