O mês de julho foi marcado pela visita da Malala Yousafzai ao Brasil, que trouxe à tona o debate sobre desigualdade de gênero na educação. A discussão acerca da Base Nacional Comum também foi destaque na imprensa nacional.

 

O debate sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Médio e o novo Ensino Médio foi destaque na imprensa nacional. O site Centro de Referências em Educação Integral publicou uma matéria sobre as divergências entre especialistas sobre essas políticas educacionais e explicando a renúncia de Cesar Callegari à presidência da comissão da BNCC.

A Folha de S.Paulo publicou como furo de reportagem a informação de que o governo Temer mudará a BNCC do Ensino Médio. Segundo a reportagem de Paulo Saldaña, o Ministério da Educação vai ampliar conteúdos previstos no texto e ainda espera viabilizar sua aprovação em 2018. Segundo a matéria, críticas à base do ensino médio provocaram uma divisão entre membros do CNE (Conselho Nacional de Educação). “O conselheiro Cesar Callegari renunciou à presidência da comissão que analisa a proposta por discordar do texto e da reforma do ensino médio” e o secretário-executivo do Movimento pela Base, Daniel Barros, disse que as avaliações críticas de especialistas  encomendadas pela ONG “apontam como algo negativo a falta de orientações dos itinerários.”

Ouvido pela Folha, o ministro Rossieli Soares da Silva disse que a ideia é promover ajustes. Dar mais clareza à redação de todas as áreas de conhecimento da base, além da definição de parâmetros para as disciplinas que serão escolhidas pelos estudantes. “Dá para aprofundar competências e habilidades específicas dos itinerários formativos, desde que não traga engessamento ao trabalho das redes”, afirmou Rossieli. “Entendemos agora, ouvindo a sociedade, que devemos aprofundar isso, e faremos”.

A Sociedade Brasileira de Progresso pela Ciência, SBPC, divulgou que os participantes da 70ª Reunião Anual, realizada em Maceió, aprovou por unanimidade uma moção pela revogação da reforma do Ensino Médio, pela rejeição da BNCC e por um posicionamento do governo em relação ao atendimento das 20 metas do PNE.

 

Durante o mês de julho, outro tema que teve grande repercussão na imprensa foi a visita de Malala Yousafzai ao Brasil, colocando em pauta a desigualdade de gênero na educação do país. “Conversei com uma série de especialistas em educação, desde investidores até jovens garotas ativistas, e há uma série de desafios locais. O principal deles é uma certa mentalidade da sociedade brasileira que torna natural o fato de meninas terem oportunidades desiguais de educação, de trabalho e de remuneração.”, relatou Malala, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. “Além disso, garotas brasileiras deixam de estudar porque casam precocemente, porque engravidam muito cedo, porque trabalha ainda criança ou são vítimas de tráfico. Neste contexto, as meninas de comunidades indígenas e afrodescendentes são ainda mais privadas porque sofrem discriminação extra,” completou.

Em outra entrevista, para o jornal O Globo, Malala explicou como a organização que fundou, o Malala Fund, quer ajudar o Brasil a colocar todas as meninas brasileiras na escola. Atualmente, 1,5 milhão delas está longe das salas de aula. “Vemos que só 30% das crianças afro-brasileiras terminam a escola. As comunidades indígenas representam 0,5% da população, mas representam 30% dos que estão fora da escola ou são analfabetos. Então existe necessidade de apoio. E o meu objetivo é sempre alcançar as áreas onde o apoio é mais necessário”, afirma Malala.

A Agência Brasil indicou as organizações não-governamentais que participarão deste esforço: Ação Educativa, Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicação e a Associação Nacional de Ação Indigenista. O Malala Fund movimenta US$ 10 milhões por ano e deve investir US$ 700 mil nas ONGs brasileiras.

Já o site Porvir publicou uma matéria destacando o relatório “Perda de Oportunidades: o elevado custo de não educar as meninas”, lançado em comemoração ao Dia Malala das Nações Unidas, que é celebrado no dia 12 de julho. O estudo “mostra os impactos da escolarização, tanto em rendimentos financeiros, quanto nas vidas das meninas e das suas comunidades, incluindo demonstração de altruísmo, menor risco de sofrer violência por parte de um parceiro, eliminação do casamento infantil, a redução da taxa de fertilidade em países de alto crescimento populacional e a diminuição da mortalidade infantil e da desnutrição.”

Ainda pautada pela visita de Malala e seu ativismo no combate à desigualdade de gênero na educação, o Centro de Referências em Educação Integral publicou matéria destacando, também, depoimentos de outros especialistas sobre o tema. “Embora no Brasil as mulheres acessem mais a escola do que os homens, a educação apresenta uma perspectiva machista e sexista, que referenda e reforça as desigualdades de gênero na sociedade. “Essas são características revoltantes da nossa sociedade e a educação tem reafirmado essa triste realidade. Mas, ao mesmo tempo, a educação pode ser o caminho para mudar isso tudo”, explica Daniel Cara, coordenador licenciado da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Para ele, personalidades como a Malala e Kailash Satyarthi, ativista também reconhecido com o Nobel da Paz, fortalecem a luta pelos direitos humanos no País.”

 

Além dos destaques acima, outros temas relevantes foram abordados: indicadores educacionais do Censo Escolar divulgados pelo Inep; educação inclusiva; uma pesquisa sobre a profissão docente; e as diferentes aspectos da educação e as eleições. Confira.

Oito Indicadores Educacionais derivados dos dados do Censo Escolar 2017 foram divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep): Média de alunos por turma, Média de horas-aula diária, Taxa de Distorção idade-série, Percentual de docentes com curso superior, Adequação da formação docente, Regularidade do corpo docente, Esforço docente, Complexidade da gestão da escola.

Indicadores Educacionais do Censo Escolar 2017 estão disponíveis para consulta, portal Inep

Dados do censo escolar: Rede pública tem maior número de alunos com idade acima do recomendado para a série de ensino, matéria publica na Revista Gestão Universitária.

“O aprimoramento da discussão sobre dados de pessoas com deficiência no Brasil foi pautado pela publicação Panorama Nacional e Internacional da Produção de Indicadores Sociais, lançada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em abril e já comentada em artigo publicado em junho de 2018.”

Dados sobre pessoas com deficiência: um desafio para a Educação Inclusiva, artigo publicado no Estadão.

“Os caminhos para a escola brasileira passam pela garantia da participação de todos e todas na elaboração das políticas públicas, do currículo, do Projeto Político Pedagógico (PPP) e nas decisões do cotidiano escolar.”

A escola brasileira como projeto de país, primeira matéria da série Especial Eleições 2018 - Caminhos para a escola brasileira, do Centro de Referências em Educação Integral.

Como a diversidade se traduz em desigualdade na escola brasileira, segunda matéria da série Especial Eleições 2018 - Caminhos para a escola brasileira, do Centro de Referências em Educação Integral.

A pesquisa “Profissão Docente”, iniciativa da ONG Todos pela Educação e Itaú Social, com realização do Ibope Inteligência em parceria com a Conhecimento Social, destaca a insatisfação dos professores com as secretarias de Educação e com a profissão. Apenas 21% dos professores estão totalmente satisfeitos com a atividade docente, enquanto um terço deles (33%) dizem estar totalmente insatisfeito com a profissão.

Maioria dos professores desaprova atuação das secretarias de Educação, matéria publicada na Folha de S.Paulo.