Os programas de governo dos presidenciáveis para a Educação e a divulgação dos resultados da prova de 2017 do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) foram destaque da imprensa nacional, em agosto.

Os resultados do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) foram divulgados no dia 31 de agosto pelo governo federal. O tema teve ampla cobertura da mídia nacional. A Folha de S.Paulo publicou a matéria intitulada “Em 11 anos, Ensino Médio dá salto de qualidade apenas em quatro estados”, na qual apresenta uma análise dos resultados e traz a opinião de especialistas sobre a discussão da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e do novo Ensino Médio.

O Estado de S.Paulo também divulgou os resultados do Saeb e destacou a situação das escolas particulares: “Mesmo entre os alunos de escola privada, os resultados do Saeb mostram problemas. Só 7,83% dos alunos de 17 anos das particulares do País estão no nível considerado avançado de Português. Apenas esse pequeno grupo, por exemplo, consegue entender perfeitamente expressões de humor em contos, crônicas e artigos. Em Matemática, as notas são um pouco melhores e a quantidade de adolescentes com boa aprendizagem é de 23,72%. O jovem com esse desempenho é capaz, por exemplo, de resolver problemas de probabilidade.”

Para a diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Claudia Costin, “O problema é que os professores da rede privada e da pública receberam a mesma formação na faculdade, muito centrada nos pilares da educação e não na prática profissional”.

Também em entrevista ao jornal, Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco, o Brasil precisa definir, de fato, a educação como prioridade. “Podemos caminhar para uma situação em que jovens ficarão em um limbo, porque terminam a escola sem capacidade cognitiva e socioemocional.”

Educação e eleições

O jornal O Estado de S.Paulo colocou no ar o blog “Eleição+Educação” que vai abrigar entrevistas e artigos relacionados à área. A entrevista da estreia foi com a candidata da Rede Sustentabilidade, Marina Silva. Ela defende que parte do aumento dos salários dos professores esteja vinculado ao desempenho em sala de aula e que os gastos em educação devem ser feitos de forma eficiente e transparente. “A partir de um comprometimento com a responsabilidade fiscal, social e política”, disse.

Geraldo Alckmin (PSDB), por sua vez, disse, em entrevista ao blog, que a prioridade do governo federal deve ser o ensino básico e que pensa em cobrar por cursos de pós-graduação em universidades públicas.

Ciro Gomes (PDT) foi o terceiro candidato entrevistado pelo Blog Estadão-Educação+Eleição. O ex-governador do Ceará disse que as escolas brasileiras “focam em decoreba e em um enciclopedismo raso”. Declarou ainda que pretende expandir o modelo educacional do Ceará para todo o Brasil.

Na quarta entrevista da série, Guilherme Boulos (PSOL), defende uma auditoria em contratos do programa de Financiamento Estudantil (Fies) porque, segundo ele, houve aumento de matrículas em universidades privadas “sem fiscalização de qualidade”. Boulos também defende aumentar os investimentos em educação no País para 10% dos PIB.

Já o candidato à Presidência pelo MDB, Henrique Meirelles, defende que o governo pague para que alunos pobres estudem em escolas particulares. “Os vouchers são um mecanismo importante de financiamento da educação porque famílias pobres passam a ter condições de escolher onde seus filhos vão estudar”, disse ele para o blog Eleição+Educação.

Ainda na série de entrevistas do blog Eleição+Educação, o candidato à Presidência pelo Podemos, Álvaro Dias, diz que há “desprezo” pelo Plano Nacional de Educação (PNE). “Certamente, se estivesse sendo executado, estaríamos evoluindo, e não assistindo ao retrocesso atual, especialmente no que diz respeito ao financiamento da educação.”

O calendário completo das entrevistas está disponível no blog.

O movimento Todos pela Educação, em parceria com a Folha de S.Paulo, também promoveu uma série de debates sobre a educação pública no Brasil. Os presidenciáveis mais bem posicionados nas pesquisas do Datafolha estão sendo chamados, um de cada vez. Já participaram Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT).

A revista Piauí, por meio da Agência Lupa, publicou um resumo da checagem das sabatinas realizadas pelo Todos pela Educação, em parceria com a Folha de S.Paulo, com quatro dos 13 candidatos ao Planalto: Ciro Gomes, Marina Silva, Geraldo Alckmin e Fernando Haddad, que representou o ex-presidente Lula.

Já o jornal Nexo publicou uma análise sobre as propostas para Educação de 13 candidatos, reforçando que “quem for eleito terá de lidar com o congelamento de gastos, o baixo rendimento dos alunos, o problema da evasão e o debate sobre o conteúdo curricular”.

Ainda no âmbito das eleições, o jornal O Estado de S.Paulo publicou um especial sobre os desafios da Educação para o próximo presidente, com duas reportagens e uma entrevista curta focadas na necessidade de investimento no professor.

 

 

Além dos destaques acima, outros temas relevantes foram abordados: o novo Ensino Médio, educação indígena e educação quilombola.

Novo Ensino Médio

O jornal Valor informou que o novo Ensino Médio chegará a algumas escolas públicas já em 2019. Segundo o jornal, o Ministério da Educação lançou, em julho, um programa para selecionar escolas-piloto que testarão as alterações propostas. O número final de escolas ainda não está fechado, mas deverão ser em torno de mil. Na primeira etapa serão 270 das 900 que integram o Programa de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral.

O ministro da Educação Rossieli Soares da Silva disse que o governo vai buscar a nova base do ensino médio. Segundo o ministro da Educação, uma atualização do documento básico será apresentada pelo MEC ao Conselho Nacional de Educação (CNE) até o final de setembro. A informação foi veiculada pela Folha de S.Paulo.

Educação indígena e educação quilombola foram temas do Especial Eleições – Caminhos para a Escola Brasileira, do Centro de Referências em Educação Integral.

“No Brasil, a população indígena é composta por cerca de 305 etnias que falam 274 línguas, e somam quase 900 mil indivíduos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Não é possível, portanto, pensar em um modelo único de escola indígena, mas afirmar que estas devem ser criadas e gerenciadas por quem mais entende do assunto – os próprios indígenas.”

Educação indígena: olhar integral para os saberes tradicionais e do território

“Permeado por barreiras físicas, culturais, políticas e étnico-raciais, o acesso à educação formal por estes povos se traduz, muitas vezes, em precariedade, preconceito e discriminação.”A educação quilombola como resistência de suas comunidades e culturas