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Wired Festival Brasil: 'O futuro é hoje'. Veja o que rolou no primeiro dia do evento no Planetário da Gávea, no Rio

Evento gratuito termina nesta quinta-feira, com participação de nomes como Gil do Vigor, Pequena Lô, Ferrugem e Xamã
Eris Snail, Olivia Merquior, Cássio Braga e a mediadora Josy Ramos MC (de cabelo rosa) debateram, no Wired Festival 2021, a necessidade de democratizar o acesso às ferramentas de produção das novas tecnologias Foto: Marcelo de Jesus / Agência O Globo
Eris Snail, Olivia Merquior, Cássio Braga e a mediadora Josy Ramos MC (de cabelo rosa) debateram, no Wired Festival 2021, a necessidade de democratizar o acesso às ferramentas de produção das novas tecnologias Foto: Marcelo de Jesus / Agência O Globo

O futuro é hoje. A frase foi repetida em praticamente todos os debates promovidos pelo Wired Festival Brasil , ontem, no Planetário da Gávea, na Zona Sul do Rio. Realizado pelas Edições Globo Condé Nast e O GLOBO, com apresentação de Invest.Rio | Prefeitura RJ e patrocínio de C&A, Draft Line e Unico, o evento que termina nesta quinta-feira — com participação aberta e gratuita ao público — reúne profissionais de áreas distintas para dialogar sobre diversidade, ciência, tecnologia, criatividade e as tendências do universo digital, temas relacionados a pautas incontornáveis e urgentes no mundo contemporâneo.

— Gente, desculpa, mas não vai dar para colonizar Marte... Então a gente tem que cuidar do nosso planeta, que só é um — brincou Alice Pataxó, jovem indígena de 19 anos que chamou atenção da mídia internacional ao participar, neste ano, da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26). — Temos que entender que a juventude não é o futuro. Juventude é o presente! Se tivesse contato mais cedo com todos os temas da questão ambiental, eu teria me tornado ativista há mais tempo. Por isso, uma coisa que cobro muito é a educação ambiental. E a gente precisa de apoio do governo para isso.

Soluções e propostas criativas para problemáticas do tempo presente foram apresentadas em 12 mesas nesta edição do festival, que já acontece no Brasil desde 2016 —  nesta quinta-feira, no encerramento, ganham forma outros sete debates.

Novo mundo à vista

Numa época marcada pela imprevisibilidade — algo reforçado pela pandemia —, empresas e organizações de diferentes setores devem desenvolver competências específicas para lidar com as incertezas. O assunto foi tema de um profícuo debate entre Juliana Paolucci, Marcus Salussi e Vitor Peçanha, especialistas em inovação.

— Para navegar nesse cenário e, se necessário, redirecionar o leme, é preciso “conforto”, entre muitas aspas — ressaltou a designer Juliana. — Temos que resgatar competências como a criatividade, já que a tomada de decisões passou a ser semanal.

“The catalyst: como mudar a opinião de qualquer um”. Jonah Berger apresentou detalhes de pesquisa ao público Foto: Marcelo de Jesus / Agência O Globo
“The catalyst: como mudar a opinião de qualquer um”. Jonah Berger apresentou detalhes de pesquisa ao público Foto: Marcelo de Jesus / Agência O Globo

De fato, há um novo mundo à vista — e que já se concretiza agora, num ritmo veloz, conectado em múltiplas plataformas. Termos como “wellness”, “design thinking” e “catalyst”, que antes apontavam para um horizonte de ares futuristas, inspiraram algumas das melhores conversas de ontem. Mais do que nunca, é preciso se debruçar sobre os algoritmos, indicaram os especialistas Cássio Braga, Olivia Merquior e Eris Snail, em mesa sobre o “metaverso”.

— A quarta revolução industrial produziu muitos consumidores de tecnologia, mas poucos detentores de desenvolvimento de tecnologia — discorreu Olivia, idealizadora da Brazil Immersive Fashion Week, primeira semana de moda imersiva da América Latina. — A gente nunca falou tanto de “descolonização”, mas, ao mesmo tempo, jamais foi tão colonizado tecnologicamente, e sempre por desenvolvedores dos EUA, mais especificamente da Califórnia. É preocupante essa falta de investimento para que a gente crie nossas plataformas.

Autor do best-seller “Contágio: por que as coisas pegam” e professor da Universidade da Pensilvânia, Jonah Berger expôs ao público parte de suas pesquisas sobre como as pessoas alteram suas ideias. E exaltou o espírito transformador para a plateia.

— Todo mundo aqui tem algo que quer mudar. Mas mudar é difícil. Há alguma forma mais fácil de fazer isso? Sim! — provocou Berger. — Na química, temos os catalisadores. Temos que fazer isso também como pessoas. Porém catalisadores não só criam mudanças, mas criam mudanças rápidas, fáceis e eficientes.

Rio será polo criativo

Incubadoras e aceleradoras de start-ups são bons exemplos de iniciativas que têm impulsionado o mercado de ideias, incentivando a inovação, a aprendizagem e a criação de novos negócios. Empreendedores de sucesso nessa seara, Rafael Duton, Gilmar Bueno e Rodrigo Latini examinaram o novo cenário no painel “A rebeldia da educação”.

— O empreendedorismo deveria ser colocado no ensino médio. Temos que mostrar que, sim, você pode criar sua empresa, gerar empregos e promover o desenvolvimento social — defendeu Latini.

O secretário Chicão Bulhões quer dobrar número de start-ups no Rio até 2024 Foto: Marcelo de Jesus / Agência O Globo
O secretário Chicão Bulhões quer dobrar número de start-ups no Rio até 2024 Foto: Marcelo de Jesus / Agência O Globo

Em outro painel, Chicão Bulhões, atual secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação do Rio, anunciou, em primeira mão, uma série de medidas que pretendem transformar a cidade em endereço global. A ideia é criar, em breve, um polo criativo inspirado em casos de sucesso em Lisboa e Miami e que formará mil programadores cariocas a cada ano.

— O Rio quer ter o DNA da inovação, e temos tudo para atrair grandes players globais — frisou Bulhões. — A meta é dobrar, até 2024, o número de start-ups no município.