Por Victor Vidigal, Narah Pollyne e Albenir Sousa, G1 AP — Macapá


Thiago da Silva (na frente, à direita) no momento da outorga do ensino médio, etapa que concluiu dentro do presídio — Foto: Rede Amazônica/Reprodução

Nesta terça-feira (9), a Escola Estadual São José, que funciona dentro do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) do Amapá, em Macapá, formou 15 detentos que concluíram o ensino médio no ano de 2018.

Emocionado, o jovem Thiago da Silva, de 23 anos, detalha que considera a conclusão da etapa de ensino uma oportunidade. Ele está preso há quase cinco anos, condenado por homicídio.

"Voltei a sonhar através da escola aqui dentro do instituto. Aqui dentro pude entender que eu estou privado da minha liberdade, devido aos meus erros e delitos, mas também descobri que o conhecimento é algo que não podem nos privar. Ele nos liberta da nossa ignorância", disse Silva.

A pena dele no Iapen é de 13 anos. Em dois meses, ele completa cinco anos de regime fechado e já pensa o que fazer caso consiga a progressão da pena para o semiaberto.

"Sonho em cursar uma faculdade, de direito ou arquitetura, e ter uma continuidade na minha vida constituindo uma família. Estou me preparando para enfrentar os obstáculos que vão aparecer por ser um ex-presidiário", planeja o reeducando.

Familiar vai às lágrimas durante cerimônia de formatura em escola do Iapen — Foto: Rede Amazônica/Reprodução

Lágrimas nos rostos de familiares e detentos eram recorrentes durante a cerimônia. Com o diploma em mãos, agora eles podem realizar cursos técnicos dentro do presídio ou até mesmo tentar uma vaga em universidade, caso não seja do regime fechado.

"É uma oportunidade dessas pessoas darem continuidade à formação educacional e conseguirem a transformação da vida através do ensino. Aqui é onde eles têm a oportunidade de desenvolverem atividades voltadas à ressocialização", destaca Thatiana Almeida, diretora da escola.

Reeducando Thiago da Silva (à esquerda) e diretora Thatiana Almeida (à direita) — Foto: Victor Vidigal/G1

Além de darem continuidade aos estudos e obterem conhecimento, os detentos têm o benefício de reduzir as penas, conforme as horas de estudo, como explica José Antônio Nunes, coordenador de tratamento penal.

"A cada três dias de aula, o que representa 12 horas, elimina um dia na pena desse preso. Não só essa remissão de pena, mas o estudo atribui conhecimento, capacitação e qualificação desse jovem que está no sistema prisional", frisa Nunes.

A escola atende 328 detentos na modalidade de Educação para Jovens e Adultos (EJA). O número representa um percentual baixo dentro da população carcerária. Cerca de 70% dos presos da penitenciária não concluiu os estudos, segundo o Iapen.

Turma teve 15 formandos no ensino médio pela Escola Estadual São José, em Macapá — Foto: Rede Amazônica/Reprodução

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