Por Iana Caramori, g1 DF


Volta às aulas nas escolas do Distrito Federal. — Foto: TV Globo/Reprodução

As aula na rede pública do Distrito Federal começam nesta segunda-feira (14), 100% presenciais e sem a exigência do comprovante da vacina contra o novo coronavírus. O DF tem 686 escolas públicas, onde estão matriculados cerca de 470 mil alunos.

Médicos alertam que o momento é de redobrar os cuidados para manter as famílias também protegidas. Em casa, pais e responsáveis preparam os estudantes para evitar que o retorno das atividades venha acompanhado de novos casos de Covid-19.

Rômulo Teotônio, 31 anos, é pai de Gabriel, de 10 anos, que volta para a escola nesta segunda-feira. Ele conta que, além do filho levar álcool gel para higienizar as mãos constantemente, reforçou outras orientações, consideradas fundamentais para prevenir o contágio.

"Falo pra ele estar sempre de máscara. Tirar só para beber água, comer", diz o pai.

Andreza Gonçalves, 44 anos, tem dois filhos, de 9 e 11 anos, matriculados em uma escola particular do DF. A advogada também aposta no diálogo.

"Conversei com eles e disse que são responsáveis por cuidar deles e dos coleguinhas também. Orientei para não dividir garrafa de água, lanche. Conversamos diariamente", conta a mãe.

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A epidemiologista e coordenadora técnica da Sala de Situação de Saúde (SDS) da Universidade de Brasília (UnB), Marcela Santos, recomenda ainda que as crianças mantenham o distanciamento dos colegas na sala de aula e evitem interação com outras turmas. Segundo ela, nesse momento em que se busca a retomada das rotinas, conversar com os filhos e dar responsabilidades para eles é essencial.

"Trazer as crianças para ajudar nesse controle é uma das ferramentas a nosso favor e poderíamos usar mais. É uma turma bastante envolvida e aliada nessa pandemia", diz a epidemiologista.

Preocupações

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Na volta às aulas, o que mais preocupa Rômulo Teotônio é a atitude dos colegas do filho. "Por causa da idade, tem aluno que não entende totalmente a gravidade [da pandemia], que ainda pode se descuidar", diz ele.

Esse também é o receio de Andreza. "Fui na escola ver o que estava sendo feito e perguntar se eles iam manter as medidas", aponta.

A Secretaria de Educação do DF divulgou um protocolo para as redes pública e privada de ensino. Entre as medidas, estão a adequação dos espaços para manter o distanciamento e o reforço da higienização.

Áurea Bartoli, diretora de uma escola particular em Brasília, conta que, desde 2020, a instituição adota medidas de segurança. Todas as manhãs, por exemplo, as famílias precisam responder um checklist de saúde, com informações sobre sintomas e contato com pessoas infectadas.

Caso as respostas apontem para uma possível infecção por Covid, a família recebe uma mensagem para que o aluno não vá à escola. Estudantes com teste positivo ficam afastados por, pelo menos, sete dias.

Se uma turma tiver mais de três casos confirmados, a aula daquela sala é suspensa. Segundo a diretora, a escola não está enfrentando resistência dos pais quanto às medidas de segurança.

"Depois de quase dois anos de pandemia, todos já entenderam que os procedimentos garantem o funcionamento da escola e a manutenção das aulas presenciais", diz a diretora.

Entre as crianças, o colégio faz campanhas educativas sobre a importância do uso de máscara e da troca do equipamento a cada 3 horas, além de incentivar a higienização das mãos.

Isolamento em caso de sintomas

Teste de Covid-19 no DF — Foto: Breno Esaki/Agência Saúde DF

A epidemiologista Marcela Santos diz que os pais e responsáveis devem ficar atentos à saúde das crianças. "Caso manifestem sintomas comuns à Covid, como febre, tosse e dor de garganta, os pequenos devem ficar em casa, assim como a família", diz ela.

A especialista recomenda que pessoas infectadas se isolem por um período de dez dias, a partir do início dos sintomas. Quem teve contato com infectados também deve ficar em isolamento.

"É importante sempre avisar a escola para que as providências sejam tomadas", alerta a epidemiologista.

Segundo a Secretaria de Educação do Distrito Federal, estudantes que apresentem sintomas dentro das escolas devem ser isolados, até o comparecimento do responsável. Já os profissionais da instituição devem procurar o serviço de saúde.

Os locais que as pessoas com suspeita de infecção frequentaram devem ter a higienização intensificada. A secretaria recomenda ainda que as famílias sejam orientadas pela instituição de ensino quanto à necessidade de isolamento.

Vacinação de crianças

Vacinação contra Covid em crianças no DF — Foto: Sandro Araújo - Agência Saúde do DF

Rômulo Teotônio acha difícil chegar a uma decisão final sobre o assunto, mas gostaria que os colegas do filho fossem imunizados. "Por evitar casos mais graves", explica.

Já Andreza não acredita na obrigatoriedade da vacinação contra Covid.

A diretora de escola Áurea Bartoli disse ao g1 que, no colégio onde trabalha, os responsáveis não chegaram a cobrar da instituição uma resposta em relação à vacinação dos colegas dos filhos.

"Esse diálogo costuma acontecer entre as próprias famílias", diz a diretora.

Para a gestora, cabe a escola fornecer informações seguras sobre os imunizantes. Já a epidemiologista Marcela Santos diz que também é importante identificar os fatores que os responsáveis estão julgando para não vacinar os filhos, e esclarecê-los.

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