SÃO PAULO - A
volta às aulas
com relativa
segurança
deve incluir uma série de medidas que vão da limitação da frequência de alunos por sala a mudanças na distância de mesas e na organização de recreio e lanche, afirmam especialistas da saúde. O GLOBO ouviu dez infectologistas, epidemiologistas e virologistas, entre outros profissionais da área, para dimensionar os riscos sanitários na volta às aulas.
Para fazer a lição de casa
Enquete do GLOBO com infectologistas e epidemiologistas mapeou as principais medidas de segurança necessárias para a volta às aulas nos colégios do país
De quanto em quanto tempo deve ser
necessário trocar as máscaras das crianças?
3
Sim, mas não
em idade
escolar
Quem deve voltar primeiro às aulas?
É válido, e factível, utilizar o controle de
temperatura na entrada do colégio ou das
salas de aula?
Quando se sentiria seguro para enviar
uma criança novamente ao colégio?
O recreio deveria ser suspenso?
6
Não, mas deve ser
realizado com medidas
de distanciamento
3
Não, mas deve ser
realizado em
horários alternados
Na retomada, você se sentiria confortável de
liberar crianças para frequentar aula quantas
vezes por semana?
Como deve funcionar a merenda?
5
A escola fornece a
alimentação e permite
que alunos tragam sua
comida de casa
2
Apenas o
aluno traz
a merenda
de casa
3
Apenas a
escola
fornece a
alimentação
Por quantas horas ao dia você se sentiria
seguro em deixar uma criança na escola?
Ainda em relação à merenda, o self-service
deve ser permitido?
Existe um número máximo de alunos
considerado seguro para uma sala de aula?
As escolas devem abandonar seus
sistemas de ar condicionado e deixar
as janelas abertas?
Qual deve ser a distância mínima entre
as carteiras na escola?
Os serviços de transporte escolar
(popularmente conhecidas como vans, ou
peruas) devem ser suspensos?
5
Não, mas precisam
ser adaptados com
menos crianças por veículo
O governo orienta a retomada de atividade com
20% de frequência em escolas da rede pública.
Qual seria o índice ideal?
Como deve funcionar a merenda?
5
20%, como orienta
o governo
2
Apenas o aluno traz
a merenda de casa
Qual o método mais eficaz para ampliar
procedimentos de higiene em escolas?
5
A escola fornece
a alimentação
e permite que
alunos tragam
sua comida de casa
3
Apenas a escola
fornece a alimentação
4
Colocar
mais totens
de álcool
em gel
4
Instalar mais
pontos para lavar
as mãos
2
Proibir o uso
de bebedouros
A decisão de enviar ou não os filhos para
a escola deve ser dos pais?
Quais procedimentos de testagem
que poderiam garantir uma reabertura
100% segura das escolas?
5
Testes uma
vez por semana
3
Testes apenas
com um caso
confirmado
Na sua opinião, crianças em idade pré-escolar
ou nos primeiros anos do ensino fundamental
costumam cumprir as regras estabelecidas
Com qual frequência equipamentos como
mesas, cadeiras, brinquedos, balanços, bolas e
escorregadores devem ser higienizados?
5
Sempre que for
tocado por uma
criança
Rodrigo Brindeiro - Professor, UFRJ
Marcia Castro - Professora, Harvard
Paulo Lotufo - Epidemiologista, Professor, USP
Flavia Ferrari - Bióloga, Professora de Ensino Fundamental II, Autora de Livros Didáticos
Alexandre Naime Barbosa - Chefe de Infectologia, UNESP
Jamal Suleiman - Infectologista,Emilio Ribas
Ingrid D'avilla - Coordenadora de ensino técnico em saúde (EPSJV/Fiocruz)
Luiz Gustavo Góes - Virologista, USP; Ho Yeh Li - Coordenadora da UTI de doenças infecciosas do HC-SP
Rosana Richtmann - Infectologista, Instituto Emilio Ribas;
Qual é a recomendação mais segura para
professores e funcionários administrativos
em grupos de risco?
1
Retornarem alguns
dias por semana
3
Retornarem, mas com
máscaras e outras
medidas de proteção
Para fazer a lição de casa
Enquete do GLOBO com infectologistas e epidemiologistas mapeou as principais medidas de segurança necessárias para a volta às aulas nos colégios do país
3
Sim, mas não
em idade
escolar
Quem deve voltar primeiro às aulas?
Quando se sentiria seguro para enviar
uma criança novamente ao colégio?
Na retomada, você se sentiria confortável de
liberar crianças para frequentar aula quantas
vezes por semana?
Por quantas horas ao dia você se sentiria
seguro em deixar uma criança na escola?
Existe um número máximo de alunos
considerado seguro para uma sala de aula?
Qual deve ser a distância mínima entre
as carteiras na escola?
O governo orienta a retomada de atividade com
20% de frequência em escolas da rede pública.
Qual seria o índice ideal?
5
20%, como orienta
o governo
Qual o método mais eficaz para ampliar
procedimentos de higiene em escolas?
4
Colocar
mais totens
de álcool
em gel
4
Instalar mais
pontos para lavar
as mãos
2
Proibir o uso
de bebedouros
Quais procedimentos de testagem
que poderiam garantir uma reabertura
100% segura das escolas?
5
Testes uma
vez por semana
3
Testes apenas
com um caso
confirmado
Com qual frequência equipamentos como
mesas, cadeiras, brinquedos, balanços, bolas e
escorregadores devem ser higienizados?
5
Sempre que for
tocado por uma
criança
Qual é a recomendação mais segura para
professores e funcionários administrativos
em grupos de risco?
1
Retornarem alguns
dias por semana
3
Retornarem, mas com
máscaras e outras
medidas de proteção
De quanto em quanto tempo deve ser
necessário trocar as máscaras das crianças?
É válido, e factível, utilizar o controle de
temperatura na entrada do colégio ou das
salas de aula?
O recreio deveria ser suspenso?
6
Não, mas deve ser
realizado com medidas
de distanciamento
3
Não, mas deve ser
realizado em
horários alternados
Como deve funcionar a merenda?
5
A escola fornece a
alimentação e permite
que alunos tragam sua
comida de casa
2
Apenas o
aluno traz
a merenda
de casa
3
Apenas a
escola
fornece a
alimentação
Ainda em relação à merenda, o self-service
deve ser permitido?
As escolas devem abandonar seus
sistemas de ar condicionado e deixar
as janelas abertas?
Os serviços de transporte escolar
(popularmente conhecidas como vans, ou
peruas) devem ser suspensos?
5
Não, mas precisam
ser adaptados com
menos crianças por veículo
Como deve funcionar a merenda?
2
Apenas o aluno traz
a merenda de casa
5
A escola fornece
a alimentação
e permite que
alunos tragam
sua comida de casa
3
Apenas a escola
fornece a alimentação
A decisão de enviar ou não os filhos para
a escola deve ser dos pais?
Na sua opinião, crianças em idade pré-escolar
ou nos primeiros anos do ensino fundamental
costumam cumprir as regras estabelecidas
Rodrigo Brindeiro - Professor, UFRJ
Marcia Castro - Professora, Harvard
Paulo Lotufo - Epidemiologista, Professor, USP
Flavia Ferrari - Bióloga, Professora de Ensino Fundamental II, Autora de Livros Didáticos
Alexandre Naime Barbosa - Chefe de Infectologia, UNESP
Jamal Suleiman - Infectologista,Emilio Ribas
Ingrid D'avilla - Coordenadora de ensino técnico em saúde (EPSJV/Fiocruz)
Luiz Gustavo Góes - Virologista, USP; Ho Yeh Li - Coordenadora da UTI de doenças infecciosas do HC-SP
Rosana Richtmann - Infectologista, Instituto Emilio Ribas;
Todos concordam que o retorno passa por uma grande transformação na rotina das escolas, a começar pela ampliação de procedimentos de higiene. Quatro deles citam a importância do aumento de pontos de lavagem das mãos; outros quatro sugerem mais totens de álcool em gel; e dois são inclusive a favor da eliminação de bebedouros, preocupantes pontos de contágio.
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A limpeza frequente de equipamentos como mesas, cadeiras e brinquedos também pesa na retomada.
— Isso é o cientificamente desejável, como dentro de um hospital. Ainda que, obviamente, no hospital tenhamos uma circulação de pessoas potencialmente contaminadas, isso também pode acontecer na escola — diz Alexandre Naime Barbosa, chefe de infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Tentativa
:
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Do ponto de vista científico, o “novo normal” deve ainda abolir self-service na merenda e salas fechadas com ar-condicionado. Aulas todos os dias são descartadas de início: a presença três vezes por semana é a mais sugerida como “confortável” para diminuir o potencial de contato, facilitar o controle dos casos positivos e causar menos impacto no transporte, também considerado ponto crítico. Oito dos entrevistados sugerem que o retorno seja iniciado com no máximo 10% a 20% do efetivo total de alunos, para reduzir o risco de contágio.
Legado
:
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Ensino Médio primeiro
É quase consenso (também oito respostas) que as aulas só deveriam retornar no ano que vem, considerando que a taxa de transmissão continua alta em vários estados. A particularidade seria no caso de alunos mais velhos. Para seis especialistas, os estudantes do Ensino Médio deveriam puxar a fila, por terem maior noção de distanciamento.
— Para as crianças pequenas, que teriam mais dificuldades de cumprir as regras, o risco é maior que o benefício, e não seria recomendável que voltassem neste ano. Já os alunos mais velhos poderiam retornar de forma gradual. Seria até necessário — opina a médica infectologista Rosana Richtmann, do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo.
Para seis especialistas, porém, professores e funcionários em grupo de risco não deveriam voltar neste momento — para outros três, eles só devem voltar com máscaras e outras medidas.
A recomendação para alunos é a troca de máscaras de uma a várias vezes ao dia, citada por nove dos entrevistados. Outras medidas, como testagem frequente e controle de temperatura na entrada, também são indicadas para os gestores das escolas.
— A epidemia é geral. A escola não vai estar protegida disso. Por isso, todos precisam ser precavidos — diz o epidemiologista Paulo Lotufo, da Universidade de São Paulo (USP).
Entenda
:
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A decisão sobre a volta às aulas apresenta ainda um desafio de escala considerável para os governantes: o setor de educação é considerado pelas autoridades como aquele com maior potencial de aumentar a movimentação de pessoas, muito mais do que, por exemplo, a abertura de bares, restaurantes ou academias.
O estado de São Paulo ilustra o tamanho dessa decisão: desde o início do plano de reabertura, o índice de isolamento da população caiu cerca de 4 pontos percentuais.
— A educação é um dos setores em que ainda não permitimos a volta e que tem um potencial de movimentação de pelo menos 13 milhões de pessoas — explica Santiago Falcão, coordenador do gabinete de crise do governo de São Paulo.
Impacto importante
O impacto da suspensão das aulas foi sentido logo no início da pandemia: entre 20 de março, último dia de aulas no estado, e 23 de março, o primeiro dia com as escolas fechadas, o índice de isolamento subiu 8 pontos percentuais — cerca de 3,5 milhões de pessoas que deixaram de sair de casa.
Entrevista
:
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Atualmente, o governo calcula que existem 13,3 milhões de alunos de todas as etapas escolares nas redes públicas e privadas. Além deles, há um milhão entre professores e profissionais da educação no estado. Segundo Falcão, isso explica o cuidado na retomada das aulas, como uma reabertura gradativa que, atualmente, está planejada para outubro.
A avaliação é compartilhada pela professora do departamento de Saúde Global e População de Harvard, Marcia Castro, que destaca o estado de algumas das escolas da rede pública no país, que não tinham sequer uma estrutura satisfatória antes da chegada do vírus: unidades sem torneira ou com salas de aula sem janela, por exemplo.
— Não é só as crianças usarem máscara e estarem afastadas. Tem que pensar o recreio, a atividade física, a merenda, o ar-condicionado. Não há resposta única. Mas também não é justo abrir algumas escolas apenas, senão aumenta mais o buraco da desigualdade.