O Assunto

Por g1


Os dados apontados pelo anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revelam uma realidade estarrecedora sobre o abuso infantil no país: a maioria dos estupros é cometido por pessoas próximas à família, geralmente no momento em que a mãe sai para trabalhar.

É o que detalha Samira Bueno, diretora executiva do FBSP. Em entrevista a Natuza Nery, Bueno destrincha em que contexto se dá a violência contra crianças e adolescentes, subproduto da violência de gênero no país.

Crianças de até 13 anos sofreram algum tipo de violência sexual em dias da semana, em horário comercial.

"Os estupros são praticados por pais, padrastos, avôs, tios, primos, vizinhos... Pessoas muito próximas da criança", diz. "Se a mãe não está em casa e a escola está fechada, para onde essa criança corre?"

Maioria das crianças sofreu abuso entre segunda e sexta, revela Fórum Brasileiro de Segurança Pública — Foto: Reprodução

Ainda segundo Bueno, o quadro do abuso infantil retratado pelos dados do (FBSP) se agravou de duas maneiras durante a pandemia:

  • As aulas virtuais tiraram de crianças a rede de proteção fornecida pela escola: "É comum que o professor identifique uma violência sofrida", destaca;
  • Sozinhas em casa, crianças ficam mais expostas a uma situação de vulnerabilidade.

"A criança dificilmente sofre violência sexual apenas uma única vez. Em geral, esse agressor atenta contra ela reiteradas vezes e, por desconhecimento, essa criança não pede ajuda", alerta Samira.

Dados do anuário mostram um país cada vez mais inseguro para mulheres e crianças. Na contramão do indicador de mortes intencionais, a violência contra crianças registrou crescimento, além do aumento de crimes como feminicídio, que cresceram 6%.

"A gente tá falando, basicamente, de crimes que acontecem dentro de casa e que poderiam ter sido evitados."

Ouça a entrevista completa no podcast O Assunto

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