Por Mara Puljiz, g1 DF


Secretária de Educação do Distrito Federal, Hélvia Paranaguá. — Foto: TV Globo/Reprodução

Após dois estudantes da rede pública serem esfaqueados e uma jovem ser ameaçada com uma arma, apontada para a cabeça, além dos vários registros de brigas, a secretária de Educação do Distrito Federal, Hélvia Paranaguá, anunciou, nesta quarta-feira (23) que vai aumentar o efetivo policial dentro e também nas imediações das escolas.

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Conforme a secretária, a pasta também vai se reunir com outras áreas do GDF para elaborar, até a próxima segunda-feira (28), um plano de ação para combater a violência.

" A violência não se dá no seio da educação, há uma série de fatores, mas que, às vezes, desemboca na educação. Precisamos encarar essa questão da cultura de paz como programa de Estado, e não de governo", diz Hélvia Paranaguá.

As medidas foram anunciadas após uma reunião de emergência, com 14 coordenadores regionais, no auditório da Secretaria de Educação, no Setor Bancário Norte, durante a tarde. O encontro foi marcado após três situações de violência, dentro ou na porta das escolas públicas de Brasília, entre terça-feira (22) e esta quarta:

Jovem aponta arma para cabeça de aluna durante briga em porta de escola, no DF

Jovem aponta arma para cabeça de aluna durante briga em porta de escola, no DF

Outras ocorrências, como brigas, também foram registradas (saiba mais abaixo). Além da Secretaria de Educação e da Secretaria de Segurança Pública, as ações envolvem a Secretaria de Juventude e áreas da Saúde, com o acompanhamento da saúde mental dos jovens. Segundo a secretária, a quantidade de ocorrências com o uso de facas e revólver preocupam.

As brigas, registradas pelos estudantes, por meio dos telefones celulares ganharam espaço nas redes sociais (veja vídeo acima). Os vídeos mostram a violência e, ao mesmo tempo, muitos estudantes acompanhando e fazendo imagens, sem intervir.

Nesta quarta, após uma estudante ter uma arma apontada para a cabeça, depois de uma discussão, na frente do Centro Educacional São Francisco, em São Sebastião, a direção da escola publicou uma nota onde afirma ser "inadmissível o ponto em que temos chegado no âmbito da educação".

'Confinamento'

A secretária Hélvia Paranaguá diz que o período de isolamento social, durante a pandemia de Covid-19, foi prejudicial aos estudantes, uma vez que os professores deixaram de ter contato mais próximo com eles para trabalhar projetos voltados para a cultura de paz. "Estamos saindo de um período de confinamento e esse retorno 100% presencial, para muitos, é uma novidade", diz ela.

"A pandemia, de certa forma, trouxe uma letargia. Cada um ficou dentro da sua casa, cada professor fazendo seu trabalho de forma individual, não houve aquele momento de estar presente com os estudantes. Houve uma ruptura que ocorreu em função da pandemia", diz a secretária de Educação do DF.

A ideia, segundo ela, é retomar projetos voltados para a conscientização dos jovens, como "rodas de conversa" e ações culturais que promovam a participação dos adolescentes. "A gente acredita em uma educação forte, pública de qualidade, dando ao pai a tranquilidade que o filho vai ser bem amparado, educado e vai aprender", diz Hélvia Paranoá.

Outros casos de violência nas escolas públicas do DF, nos últimos dias:

  • 18 de março: Centro de Ensino Médio 3, de Ceilândia

Câmera de segurança gravou briga entre estudantes do CEM 3 de Ceilândia, no DF

Câmera de segurança gravou briga entre estudantes do CEM 3 de Ceilândia, no DF

Um estudante, de 17 anos, foi esfaqueado na barriga durante uma briga no Centro de Ensino Médio 3, de Ceilândia, na sexta-feira (18). O adolescente foi levado para o hospital pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), em estado grave.

A confusão começou do lado de fora do colégio. Depois de ser esfaqueado, o aluno correu pra dentro da escola e pediu ajuda.

Câmeras de segurança registraram a briga. Imagens gravadas pelos colegas mostraram ele no corredor, já no chão (veja vídeo acima).

Policiais militares disseram que a briga começou porque um dos estudantes "saiu em defesa de meninas que teriam sido tratadas com desrespeito pelo agressor".

Vídeo mostra briga entre estudantes do CED1 do Paranoá, no DF

Vídeo mostra briga entre estudantes do CED1 do Paranoá, no DF

No Centro Educacional 1 do Paranoá (CED 1), um grupo de estudantes foi flagrado brigando na porta da escola, na terça-feira (22). As imagens os alunos trocando agressões (assista acima).

Nos vídeos, é possível ver um adolescente sendo espancado no chão, com chutes e socos, por outras três pessoas. Em certo momento, uma testemunha diz que um dos jovens está usando uma garrafa para agredir. A PM disse que não foi chamada para a ocorrência.

  • 22 de março: Centro de Ensino Médio 01 de Brazlândia

Estudantes brigam na porta do Centro de Ensino Médio 1 de Brazlândia, no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

Dois estudantes foram filmados brigando, na porta do colégio público. Um deles, ao cair no chão, é agredido com murros. Outros alunos separaram a dupla e interromperam a agressão.

  • 23 de março: Centro de Ensino Fundamental do Bosque

PMDF atende ocorrência no Colégio Fundamental do Bosque, em São Sebastião, no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

Testemunhas disseram que o suspeito carregava a faca na mochila e que, durante a aula de educação física, atacou a vítima. A adolescente foi atendida pelo Corpo de Bombeiros (CBMDF), e precisou ser levada para o Hospital Regional do Paranoá.

Segundo os bombeiros, ela estava "consciente, orientada e estável". De acordo com a Polícia Militar do DF, o agressor foi encaminhado para a Delegacia da Criança e do Adolescente I (DCA I), na Asa Norte.

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