Educação

Por G1 ES


Professores do ES relatam violência dentro das escolas

Professores do ES relatam violência dentro das escolas

"Já sofri ameaças de morte e não foi só uma vez, foram várias e em várias escolas". Esse é o relato de um professor de escola pública do Espírito Santo que dá aulas há 21 anos. Por medo, ele preferiu não se identificar. A situação que ele descreve não é um caso isolado: a violência contra professores aumentou 40% nos últimos quatro anos.

A informação é do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes). Segundo o professor, ele já trabalhou em mais de 40 escolas, pois tinha que mudar frequentemente de instituição por causa da violência.

Além das ameaças, a hostilidade por parte dos alunos acontecida de outras formas. "Desde xingamentos, tapas na nuca, socos na barriga, até desacatos em geral, situações de desrespeito mesmo", completou o educador, em entrevista à TV Gazeta.

Uma outra professora, da rede particular, também relatou casos de agressão sofridos em sala de aula. Ela, que também preferiu não se identificar, disse que sofre com atos violentos de um aluno de apenas seis anos de idade.

"Ele me dá tapas, chutes, joga agenda em cima de mim. O que tiver pela frente ele joga em cima de mim. Ele não consegue ouvir um 'não', quer que as coisas aconteçam na hora que ele quer", disse à TV Gazeta.

Para ela, nessas horas é importante ter o apoio da família do aluno. "Eu acho que para as coisas acontecerem, deve haver uma parceria. Hoje, as famílias jogaram a educação para cima da escola, praticamente. Existem crianças que ficam de 7h às 19h na escola", contou.

Professora denuncia caso de agressão por parte de aluno — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Os casos de violência aumentaram 40% nos últimos quatro anos, mas para o diretor do Sindiupes, Paulo Loureiro, esse número pode ser ainda maior. É que há casos que o professor não registra na polícia, por medo de consequências.

"O professor denuncia e, muitas vezes, quem sofre é ele mesmo, pois às vezes acaba perdendo seu posto de trabalho. Esse professor que muitas vezes trabalhava em uma escola próxima de casa, da escola do filho, vai ser removido para outra instituição por causa dessa violência. Sem falar que ele pode sofrer retaliação do próprio menino que ameaçou", destacou.

Loureiro classifica essa situação como um problema social. "Nós fazemos trabalho de socialização, de elevação da cultura da paz. As secretarias apoiam todos esses movimentos, mas lamentavelmente essas situações acontecem no seio da família, na sociedade, é muito mais fácil acontecerem ameaças", disse.

Ainda de acordo com o sindicato, também é grande o número de licenças médicas de professores para tratar os traumas sofridos nas salas de aula.

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