Brasil Educação Brasília

Vélez nomeia coronel do Exército para gabinete e aumenta influência militar no MEC

General da reservsa Oswaldo Ferreira presidirá Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
O ministro da Educação, Ricardo Vélez, durante cerimônia de transmissão de cargo Foto: Luis Fortes/Divulgação/02-01-2019
O ministro da Educação, Ricardo Vélez, durante cerimônia de transmissão de cargo Foto: Luis Fortes/Divulgação/02-01-2019

BRASÍLIA — O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, escolheu um coronel da reserva do Exército para ser seu chefe de gabinete adjunto. Ayrton Pereira Rippel teve a nomeação oficializada na terça-feira no Diário Oficial da União, reforçando a influência dos militares na cúpula do Ministério da Educação (MEC) e demais órgãos vinculados.

Para dirigir a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), vinculada ao MEC, Vélez indicou Oswaldo de Jesus Ferreira, general da reserva. Outro nome avalizado pelo meio militar é o do engenheiro Anderson Ribeiro, que era reitor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), do qual saiu para assumir a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que cuida da pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) no Brasil.

Luiz Antônio Tozi, novo secretário-executivo do MEC, é engenheiro e doutor formado pelo ITA. Antes de aceitar o convite para o MEC, atuava no Centro Paula Souza, autarquia que gerencia as escolas e faculdades técnicas vinculadas ao governo de São Paulo.

Para a chefia de gabinete do novo presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Marcus Vinicius Rodrigues, que foi executivo dos Correios e deu aulas na Fundação Getulio Vargas, está cotado um general da reserva, Francisco Mamede de Brito Filho.

Muitas dos já apresentados por Vélez como seus auxiliares ainda não foram nomeados oficialmente. Além dos militares, o ministro da Educação vem sendo influenciado por lideranças do movimento Escola sem Partido, que prega contra uma suposta doutrinação ideológica nas escolas.

Pessoas ligadas ao movimento já conseguiram cargos no governo, como Murilo Resende Ferreira, que assume a coordenação do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) e outras tarefas como diretor de Avaliação da Educação Básico do Inep. A admiração pelo escritor Olavo de Carvalho, a quem se atribui inclusive a indicação de Vélez, é outra característica dos indicados.

A divisão entre os integrantes ligados aos militares e os demais já é sentida nas reuniões de transição que vêm ocorrendo no MEC e nos órgãos vinculados. Segundo pessoas que acompanham os trabalhos, a falta de experiência em gestão pública, e mais fortemente na área da educação, de indicados está causando dificuldades no início do governo.

No Inep, uma reunião com os servidores de carreira chegou a ser agendada nesta semana. Mas logo depois foi  cancelada, sem explicações. O órgão afirma que faz parte da rotina de transição e que "reuniões são marcadas e remarcadas de acordo com agenda dos envolvidos".