‘Tentam desmontar tudo o que é da área social’, afirma Lula sobre o teto de gastos
Em encontro com a sociedade civil que abriu os trabalhos da COP27 nesta quinta, presidente eleito mandou recado para o mercado financeiro: “Não adianta ficar pensando só em dado fiscal, mas em responsabilidade social”
Publicado 17/11/2022 - 07h04
São Paulo – No segundo dia de agendas na COP27, em Sharm el-Sheikh, no Egito, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva teve encontro com a sociedade civil. A agenda desta quinta-feira (17) inclui também evento com os povos indígenas. No evento inicial de hoje, Lula destacou a importância do combate à pobreza e desigualdade, diante da necessidade de manter responsabilidade fiscal.
“Não adianta ficar pensando só em dado fiscal, mas em responsabilidade social”, afirmou Lula. “O que é o teto de gastos? Se fosse para discutir que não vamos pagar a quantidade de juros do sistema financeiro que pagamos todo ano, mas mantivéssemos os benefícios, tudo bem. Mas não, tudo o que acontece é tirar dinheiro da educação, da cultura. Tentam desmontar tudo aquilo que é da área social.”
Ministério da Cultura
No encontro, Lula destacou também a importância de recriar o Ministério da Cultura. “Vamos criar o Ministério da Cultura, fazer o país fervilhar do ponto de vista da cultura, inclusive levá-la onde tem que estar, não apenas no teatro municipal, mas à periferia do país”, garantiu o presidente eleito.
“Queremos estar onde muitas vezes a sociedade branca não está. Fazer um país mais humano. Se não resolvermos a situação social, não vale a pena governar o país”, afirmou ainda. “A gente não tem que ter medo de ouvir as coisas ou de ouvir o que não gostamos de ouvir. Quando se dispõe a governar o país, não tem que pensar só nas coisas boas. Tem que ouvir e ter a humildade para ver que está errado. O Brasil precisa ser recuperado. Quero provar que é possível aumentar salário mínimo, gerar empregos, ter mais pessoas pobres na universidade, na escola técnica.””Vamos pegar um país pior do que em 2003, com o desmonte e descrédito das instituições”, disse o presidente eleito.
Relação com a sociedade
“Passamos a ter um Executivo sem nenhuma relação com a sociedade brasileira. Que, em quatro anos, não se reuniu com ninguém da sociedade civil, mas ofendeu mulheres, negros, periferia, portadores de deficiência. A nossa tarefa é recuperar, porque eu não vejo o Brasil dar certo sem envolver a sociedade nas decisões. Vamos fazer conferências com a juventude, com os povos negros, com as mulheres.”
Lula finalizou o discurso sob aplausos e coros de “o Brasil voltou”. Ele voltará às 10h para reunião com os indígenas. No fim da tarde, terá encontro com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.