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Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

USP fora do Sisu: Quais as oportunidades e dificuldades dessa nova fase?

A faculdade de direito da USP, no Largo de São Francisco - Marcos Santos/USP
A faculdade de direito da USP, no Largo de São Francisco Imagem: Marcos Santos/USP

Colunista do UOL

19/11/2022 06h00

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Esta semana, o Conselho Universitário da USP, instância máxima de deliberação, autorizou a saída da universidade do Sisu, o sistema unificado de seleção para as universidades públicas mantido pelo Ministério da Educação (MEC), e a adoção de um sistema próprio de seleção por meio da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

As medidas têm como objetivo unificar os calendários de seleção pelo Enem e de seleção pela Fuvest, o temido vestibular para entrada na universidade mais importante do país. Os constantes atrasos observados na dinâmica do Sisu, que fazem com que alunos entrem com as aulas já iniciadas e com pouca chance de se integrarem nas primeiras semanas, podem ter impulsionado esta decisão, que traz oportunidades e problemas.

Agora é o momento para que os movimentos auto-organizados da universidade, como coletivos anti-opressões, tragam novas reivindicações para manter e aprimorar as políticas afirmativas já existentes, e criar novas políticas que considerem os anseios da comunidade estudantil.

O comitê de heteroidentificação para coibir fraudes no uso das cotas raciais foi uma conquista do movimento negro, que sempre trouxe à tona os abusos cometidos. Nesta mesma seara, lutar para que haja vagas para pessoas trans, marginalizadas desde sempre, e pessoas indígenas, que por suas peculiaridades, deveriam ter um vestibular específico, é um começo de uma nova luta que durará um bom tempo.

A luta também inclui a ampliação de vagas para que mais pessoas possam estudar na universidade pública, de contratação de docentes para sanar os estrangulamentos históricos, de espaços para aulas que já são insuficientes, de políticas de permanência que estão aquém do aceitável... Enfim, é necessário dar caminhos para que a universidade realmente seja pública e, com a pluralidade de seu público, produza o conhecimento tão necessário para que o país se desenvolva.

A quem for participar da segunda prova do Enem neste domingo, desejo muita calma e paciência.