Imagem ex-librisOpinião do Estadão

Universidade ajuda o ensino básico

Parceria entre universidades e escolas é caminho para salto de qualidade na educação

Exclusivo para assinantes
Por Notas & Informações
2 min de leitura

As universidades devem ser parceiras das redes de ensino no esforço de priorização da educação básica. Não só na formação de professores, tarefa já desempenhada pelas instituições de ensino superior, mas também no desenvolvimento de métodos inovadores que ajudem a elevar a aprendizagem dos alunos no País inteiro. Eis um desafio para os gestores educacionais em todos os níveis de governo e nas reitorias das universidades: aproximar o mundo acadêmico da realidade − e das dificuldades − das salas de aula do ensino básico.

Boas iniciativas nesse sentido já existem e devem ser ampliadas. É preciso garantir que as soluções e inovações desenvolvidas nas universidades brasileiras cheguem às escolas de ensino fundamental e médio, assim como às creches e pré-escolas. Nos 26 Estados e no Distrito Federal, faculdades de diversas áreas do conhecimento promovem pesquisas que podem contribuir, e muito, para a melhoria dos índices de aprendizagem. O melhor de tudo é que se trata de um jogo de ganha-ganha capaz de produzir resultados positivos para todos os envolvidos.

Exemplo disso é uma rede de pós-graduação criada para melhorar o ensino de química nas escolas do País. São 22 instituições, entre elas a Universidade de São Paulo (USP), articuladas em torno do Mestrado Profissional em Química em Rede Nacional (PROFQUI). A rede atua para aprimorar a formação de professores, com foco em atividades práticas e na produção de materiais didáticos. O que se busca é desmistificar a disciplina, aproximando-a do cotidiano dos alunos do ensino médio. Sem dúvida, um desafio para professores não só de química, mas de todas as disciplinas.

Como informou o Jornal da USP, um dos métodos desenvolvidos no câmpus em Ribeirão Preto (SP) consiste na leitura de rótulos de alimentos comercializados no País. O que antes era um conhecimento desconectado da realidade de grande parte dos estudantes ganhou novo sentido como ferramenta para analisar a composição dos produtos. Permitindo até mesmo introduzir temas transversais que podem e devem fazer parte das aulas, caso da alimentação saudável.

Vale registrar outro projeto, também tocado por pesquisadores da USP, que resultou em uma página na internet com exemplos de como professores de química podem abordar a disciplina. Um deles, intitulado “Desinfetando falsas notícias”, trata de fake news, valendo-se de lições da disciplina para desmascarar mentiras nas redes sociais. Como já registramos aqui neste espaço, a educação tem enorme contribuição a dar no enfrentamento das notícias falsas − infelizmente, um desafio no mundo inteiro.

Eis o que a colaboração entre universidades e escolas é capaz de fazer: capacitar professores, desenvolver métodos de ensino mais eficazes e disseminar materiais didáticos abrangentes e atualizados. Em resumo, tudo o que as redes de educação básica necessitam para promover um salto de qualidade na educação da atual e das novas gerações. O Brasil tem que priorizar a educação básica, e as universidades devem ser parceiras de primeira hora.