Por Flávia Santucci, g1 Ribeirão Preto e Franca


Aluna com deficiência visual consegue liminar para fazer prova adaptada do Enem

Aluna com deficiência visual consegue liminar para fazer prova adaptada do Enem

Depois de conseguir na Justiça Federal o direito de refazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a estudante Letícia Gabriele Nunes de Araújo, de 18 anos, conta estar feliz e confiante para o que pode apresentar na prova, marcada para janeiro do ano que vem (veja vídeo acima).

Com deficiência visual, a jovem de Ribeirão Preto (SP), que em novembro enfrentou dificuldades em realizar o exame por não ter tido acesso ao caderno adaptado de questões que havia solicitado, finalmente espera poder colocar no papel o que estudou e realizar o sonho de cursar faculdade de artes cênicas.

"É uma forma de mostrar o meu potencial, até porque me preparei muito para isso", diz.

Letícia formalizou em julho, na inscrição no Enem, a solicitação para que pudesse fazer a prova em braile, indicando sua deficiência de longo prazo, uma cegueira em razão de uma malformação congênita no nervo óptico, sem reversão.

Letícia Gabriele Nunes de Araújo, de Ribeirão Preto (SP), conseguiu direito a refazer Enem com questões em braile — Foto: Arquivo pessoal

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Mas, em 21 de novembro, ela não teve seu pedido atendido, precisou de uma ledora para prestar o exame na Escola Estadual Cônego Barros, no Centro de Ribeirão Preto, e não conseguiu produzir a redação. A história se repetiu no domingo seguinte, dia 28, e a estudante relatou ter tido ainda mais dificuldades porque as questões envolviam cálculos e gráficos.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pelo Enem, chegou a informar na época que Letícia não tinha solicitado a prova adaptada.

Gráfico da prova convencional do Enem aplicada à Letícia em Ribeirão Preto, SP — Foto: Ronaldo Gomes/EPTV

'Justiça foi muito rápida'

Depois do que aconteceu, Letícia entrou com um mandado de segurança cível na Justiça Federal do Distrito Federal (DF), e o juiz Itagiba Catta Preta Neto concedeu uma liminar na segunda-feira (20), obrigando o Inep a reaplicar a prova para ela, desta vez com caderno de questões em braile.

Segundo o magistrado, a avaliação adaptada não só é um direito, como também o único método indicado para testes qualificadores a quem tem necessidades especiais.

Letícia e a mãe Daiane após o segundo dia de Enem em Ribeirão Preto, SP — Foto: Sérgio Oliveira/EPTV

"A Justiça foi muito rápida, me surpreendeu e eu fiquei muito feliz com essa decisão", afirma a jovem.

Agora, com as avaliações marcadas para 9 e 16 de janeiro de 2022, Letícia garante que vai continuar a se dedicar aos estudos para fazer valer a decisão.

"A preparação já existia, até o momento que eu pedi a minha prova em braile e ela não veio. Mas é continuar estudando, continuar tendo muito foco e dedicação".

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