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Por Jornal Nacional


Um em cada três jovens brasileiros não consegue estudar nem trabalhar, mostra relatório da OCDE

Um em cada três jovens brasileiros não consegue estudar nem trabalhar, mostra relatório da OCDE

Um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico mostrou que um em cada três jovens brasileiros não está conseguindo nem estudar nem trabalhar.

Foi só quando arrumou emprego que Khauan da Silva, de 20 anos, começou a achar que tinha futuro.

“Uns dois anos. Já vai me ver na minha faculdade, bonitinho, e já ganhando muito mais do que eu estou ganhando agora”, diz Khauan, que é atendente de telemarketing.

Ele se livrou do desconfortável título de "nem nem", um jovem que nem estuda nem trabalha. Antes, ele não via saída. "Amanhã, depois de amanhã, mês que vem vai vir. E aí nunca vem", relembra.

Na geração com idade de 18 a 24 anos, muitos estão nessa estatística. Um relatório da OCDE, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, mostrou que um terço dos jovens brasileiros não estuda nem trabalha.

“De fato é um quadro muito grave, porque esse início da carreira profissional é muito importante para que esses profissionais possam avançar ao longo do tempo”, afirma o diretor de Dados e Pesquisa da Fundação Lemann, Daniel de Bonis.

Um lugar incômodo de estar para a jovem radiologista Nathalia Almeida Gil, formada há dois anos.

“Muitos lugares pedem experiência, né? Não tem um lugar que dê a oportunidade para gente. Eles já querem tipo três meses, um ano de experiência. Eu fico pensando se eu escolhi a área certa, se, talvez, se eu tivesse feito outra faculdade, eu teria mais oportunidades. Se eu realmente estou me esforçando para procurar, se os lugares que não querem dar oportunidade”, lamenta.

Os dados sugerem um problema conjuntural. No ranking da OCDE, que inclui todos os membros do grupo e mais sete países parceiros, a Holanda aparece com a menor taxa de jovens que não estudam nem trabalham. O Brasil aparece entre os que tem a menor taxa; ganha apenas da África do Sul.

A taxa brasileira é mais que o dobro da média dos países da OCDE. O dado é como um trailer do futuro, segundo economistas. É que o nível de aprendizagem de crianças e adolescentes e as condições em que os jovens começam a vida profissional, permitem prever se o país terá condições de crescer e gerar riqueza.

“A gente precisa se libertar disso, e para isso o que a gente precisa? De qualidade na educação, especialmente nas etapas iniciais, que vai dar as condições para esses alunos avançarem com a qualificação que eles precisam. E isso, sim, pode gerar o que a gente precisa, que é o círculo virtuoso da educação gerando crescimento econômico, gerando prosperidade”, aponta Daniel de Bonis.

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