(Atualizada às 13h19) O ministro Carlos Horbach, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou a retirada do ar de vídeos em que Jair Bolsonaro (PSL) fala sobre a existência de um “kit gay”, supostamente criado “pelo governo do PT” para “ensinar sexo” para crianças.
O militar sustenta que a administração petista distribuiu a estudantes do livro “Aparelho Sexual e Cia.” e associa o material ao adversário Fernando Haddad (PT), ex-ministro da Educação.
A Justiça deu 48 horas para que Twitter, Facebook, Google e a família Bolsonaro apaguem links com o conteúdo. “Entendem comprovada a difusão de fato sabidamente inverídico, pelo candidato representado e por seus apoiadores”, afirma Horbach na decisão. “A difusão da informação gera desinformação no período eleitoral, com prejuízo ao debate político.”
Bolsonaro exibiu o livro também na bancada do “Jornal Nacional”, da TV Globo, para tratar da “ideologia de gênero” nas escolas.
“Este é o livro que seu filho de 5 anos de idade pode ler no segredo das salas de aula”, diz Bolsonaro nos vídeos da internet. “[São] livros que estimulam a sexualidade precoce das crianças.”
Ele relaciona o material ao programa “Escola sem Homofobia” e diz que o livro é recomendado pelo Ministério da Educação - “o que não é corroborado pelas informações oficiais”, determinou o TSE.
Horbach afirma que o MEC desmente a informação sobre o livro desde 2013 e que o projeto “Escola sem Homofobia” sequer foi executado pelo ministério.
“Kit gay” foi um termo cunhado por conservadores para criticar a abordagem em sala de aula de temas relacionados à educação para a diversidade, como o combate à violência de gênero. Essa argumentação serviu de base para o projeto de lei da “Escola Sem Partido”.
De acordo com os advogados de Haddad, autores da representação, os vídeos de Bolsonaro tiveram o alcance de cerca de 500 mil visualizações. A coligação informa ter obtido, ao total, a derrubada de cerca de 100 urls originais e mais de 146 mil compartilhamentos com alcance de aproximadamente 20 milhões de visualizações.
“Para além dos prejuízos nesta eleição, temos claramente acompanhado a escalada de notícias falsas com uma disseminação que só pode ser explicada através de um trabalho de inteligência articulado e financiado com robustos recursos”, afirma o advogado Angelo Ferraro, que defende Haddad.
"Feliz"
O candidato do PT à Presidência disse que a campanha ficou "feliz" com a decisão do TSE de determinar a retirada de fake news espalhadas por Bolsonaro sobre o “kit gay”.
"O TSE tirou do ar o vídeo em que o Bolsonaro me acusa de distribuir material impróprio para crianças de 6 anos. É uma luta de anos que foi vencida ontem e espero que a imprensa registre porque isso circulou em igrejas, circulou entre o pessoal que respeita valores. Essa inverdade", disse o petista.
Haddad, que já tinha sofrido outra onda de boatos sobre o mesmo tema quando disputou a Prefeitura de São Paulo, em 2012, e a reeleição, em 2016, disse esperar "ter passado em pratos limpos esse absurdo".