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TSE abre, pela primeira vez, uma urna eletrônica para estudantes do ensino médio

TSE abre, pela primeira vez, uma urna eletrônica para estudantes do ensino médio

O Tribunal Superior Eleitoral informou nesta segunda-feira (2) que os portais e sistemas da Justiça Eleitoral apresentaram instabilidade por causa do número alto de acessos. Na quarta-feira (4) termina o prazo para obter e regularizar os títulos eleitorais, e muitos brasileiros estão se habilitando para votar em outubro. Houve relatos de demora no acesso em pelo menos 14 estados e no Distrito Federal. O TSE afirmou que os sistemas voltaram.

E numa ação inédita, o Tribunal Superior Eleitoral abriu uma urna eletrônica para estudantes do ensino médio: 300 alunos de uma escola no Gama, Distrito Federal, se reuniram no auditório, onde técnicos do TSE exibiram a urna e contaram como ela funciona. Em seguida, desmontaram o equipamento para mostrar que, mesmo aberta, o sigilo e a segurança do voto continuam mantidos.

“Eles percebem que quando eu demonstro uma urna aberta, eu mostro que não tem nenhum segredo, nada que a gente está escondendo. Como é tudo aberto, a gente mostra como os partidos podem participar disso tudo e como outras entidades, o Ministério Público, OAB, universidades, podem auditar o processo”, diz Rafael Azevedo, coordenador de Tecnologia Eleitoral do TSE.

Quem tem 16 e 17 anos pode votar nas próximas eleições, mas precisa se apressar para obter o título porque o prazo termina quarta-feira (4).

A pausa na aula do dia é para um recado sobre eleição. No auditório, tem muita gente que pode, mas ainda não tirou o título.

“Eu ainda não sei bem como faz, eu não tive a instrução de fazer e como fazer, mas eu acho que é uma coisa importante para as pessoas fazerem”, diz Kaíque Leonardo Barcellos Padilha, de 16 anos.

Quem ensina são os integrantes da Escola Judiciária Eleitoral do Rio Grande do Sul. O grupo está percorrendo colégios públicos e privados nos últimos dias para explicar a importância do voto.

“Até um mês atrás, basicamente, nós tínhamos a menor representação desse eleitorado jovem no país. Nós tivemos um decréscimo de 2012 para cá, Então, nós tínhamos esse percentual baixíssimo, em torno de 0,75%”, explica Carlos Vinicios Cavalcante, coordenador da Escola Judiciária Eleitoral do Rio Grande do Sul.

A procura pelo título cresceu com a campanha, mas ainda não chegou a 10% da população com 16 e 17 anos do estado. Nessa faixa, o voto é facultativo.

“Eu acho que é muito importante que todo mundo faça, que todo mundo se envolva”, define a estudante Larissa Neumann Both.

As colegas da estudante Manoela Fontana fizeram um mutirão de cadastramento.

“A gente trouxe a possibilidade de as pessoas fazerem o título online aqui na escola. Então, a gente reservou os tablets, os alunos trouxeram os documentos necessários e fizeram o título aqui no ambiente escolar”, destaca.

“Eu acho que as pessoas pilharam ainda mais aqui no colégio, que tem essa grande movimentação. E eu acho que a gente conseguiu um bom número”, conta a estudante Valentina Nicolazzi.

Uma pesquisa coordenada pelo professor Maurício Moura, presidente do Instituto IDEA, mostra que grande parte dos jovens desta idade pretendem tirar o título de eleitor: 72% dos entrevistados de 16 e 17 anos de todas as classes sociais e em todas as regiões do país; 28% não vão tirar. Segundo o professor, esses eleitores se sentem afastados da vida política em relação a outras gerações.

“A gente tem um distanciamento, a gente tem um baixo engajamento e a gente não tem uma identificação política. É um debate que repele, não atrai o jovem para essa discussão. Então, um sentimento de que nada muda e que fazer parte desse debate é ruim. Para mim, é o que afasta esses jovens”, analisa Maurício Moura.

A pesquisa também mostrou que a maior parte dos entrevistados disse que não costuma dar opinião sobre política na internet, e a maior parte acha que o debate político nas redes sociais é muito agressivo e intolerante, e que "faltam espaços que estimulem o debate e a participação política".

“Os jovens na pesquisa, a gente constatou que eles estão afastados do processo, seja porque eles têm medo de ser cancelados na discussão política, seja porque eles acham que não vão mudar de opinião participando deste debate e principalmente debate nos meios digitais”, pontua Maurício Moura.

Há pouco mais de três décadas eles nem poderiam fazer o título de eleitor. O voto para quem tem 16 e 17 anos foi uma conquista da Constituição de 1988, proposta do então deputado federal gaúcho Hermes Zaneti, do PMDB.

“Se o jovem com 16 anos podia trabalhar com um salário mínimo fixado pelo governo, por que ele não podia votar no governo que ia fixar o salário para ele estar trabalhando? Este marco foi importante porque mostrou o quanto o conflito estava presente. O que dizer aos jovens hoje? Eu diria o seguinte: é muito importante, o Brasil precisa do jovem e o jovem precisa do Brasil”, afirma.

O empresário Günther Gartner fez o título um mês depois de completar 16 anos, em 1989, e guarda o primeiro documento e os comprovantes de votação até hoje.

“Muitos começaram a falar sobre política e isso começou a criar uma consciência política maior entre a nossa geração que hoje está aí ocupando várias cadeiras em vários lugares. Isso nos fez muito bem, e são valores daquela época que continuam muito atuais hoje, que é participar do que está acontecendo no dia a dia, participar da votação que vai definir quem define as regras do que acontece na sua vida todos os dias”, enfatiza.

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