Análise|Três notícias boas e dois problemas sobre a educação básica revelados pelos dados do MEC

Números colocam em evidência pontos importantes a serem considerados desde a primeira infância até a formação de professores

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Atualização:

Os dados do Censo Escolar, divulgados nesta quinta-feira, 22, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação (MEC) trazem pontos importantes sobre a educação básica, da primeira infância à formação de professores.

  • Em relação às matrículas, é importante observar o aumento de crianças de zero a três anos em creches. Depois de um recuo bastante relevante na pandemia, esse número vem se recuperando e chegou a 4,1 milhões.
  • Porém, ainda estamos distantes da meta do Plano Nacional de Educação – de 50% de matrículas até 2024. Para chegarmos a esse marco, precisaríamos matricular mais um milhão de crianças nas creches até o final deste ano – crescimento muito acima do que já foi observado na série histórica.

Esse é um desafio, agora, no período das eleições municipais, pois é preciso discutir como expandir o acesso à educação infantil com qualidade no país.

Falta de vagas em creches é problema que se alonga há anos no Brasil. Foto: Werther Santana/Estadão
  • Outro dado que chama atenção é em relação às matrículas de tempo integral no ensino médio, que atingiram o patamar de 22%. Ou seja, basicamente de cada cinco matrículas nesta etapa, uma está em tempo integral.

Esse dado é bastante relevante e mostra aumento crescente da modalidade ao longo do tempo (em 2019, por exemplo, esse dado era de 12%). Temos, portanto, o desafio de manter em ritmo satisfatório essa expansão.

Há ainda dois pontos que chamam atenção na dimensão dos recursos humanos para a educação.

  • O primeiro: o número de professores temporários segue crescendo no país e esse total já superou o número de professores efetivos. Minas Gerais, por exemplo, tem praticamente 80% dos seus professores na rede estadual com vínculos temporários.

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O Brasil tem de olhar mais para essa pauta. Os professores temporários são importantes, mas para suprir ausências eventuais, e não podem se tornar a regra nas redes de ensino. É preciso valorizar, qualificar e profissionalizar cada vez mais a profissão docente para que tenhamos uma educação de qualidade.

  • Por fim, na outra perspectiva, vale mencionar que houve melhora de processos seletivos qualificados para escolhas de diretores nas escolas brasileiras. E por que isso é importante? Porque diretores escolares constituem o elo entre a secretaria de Educação e as escolas, garantindo contextualização e implementação das políticas públicas a partir da realidade local.

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Esse profissional é fundamental e está entre os fatores intraescolares que mais impactam na aprendizagem dos estudantes. É fundamental avançar nesse quesito e na formação dos diretores, para que estejam preparados para assumir os desafios da gestão escolar, que mesclam aspectos pedagógicos como administrativos.

Ivan Gontijo, gerente de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação

Análise por Ivan Gontijo

Todos Pela Educação

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