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Trabalho e desinteresse na escola tiram brasileiros das salas de aulas, diz IBGE

Mulheres ainda deixam estudos por gravidez e tarefas domésticas
Trabalho tira crianças e adolescentes da escola Foto: José Luiz da Conceição/07.04.1998 / José Luiz da Conceição/07.04.1998
Trabalho tira crianças e adolescentes da escola Foto: José Luiz da Conceição/07.04.1998 / José Luiz da Conceição/07.04.1998

RIO - Metade dos homens (50%) de 14 a 29 anos que deixaram a escola sem completar o ensino médio o fez para trabalhar. Outro um terço (33%) se desinteressou pelos estudos. A informação é da Pnad Contínua Educação de 2019, divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE.

Já, entre as mulheres, as causas são mais variadas. A cada quatro que abandonaram os estudos, uma (23%) deixou para trabalhar, uma (24%) por desinteresse e uma (24%) por gravidez.

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O restante das mulheres saiu por motivos diversos, mas principalmente para (11%) realizar afazeres domésticos ou cuidar de pessoas. Apenas 0,7% dos homens deixaram a escola por esse motivo.

O país tem 50 milhões de pessoas nessa faixa etária. Dessas, 10,1 milhões (20,2%) não completaram o ensino médio - 58,3% homens e 41,7% mulheres. Além disso, 71% são pretos e pardos e 27,3%, brancos.

— Esse é um indicador novo da pesquisa. Por isso, ainda não há uma série histórica — afirma Adriana Beringuy, analista da pesquisa.

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Precisar trabalhar foi o principal motivo alegado por esses jovens em todas as regiões do país, com destaque para a Centro-Oeste (43,1%) e a Sul (48,3%). A Região Nordeste registrou a menor taxa, 34,1%. De forma complementar, o não interesse em estudar foi o segundo principal motivo informado, sempre acima de 25%, com destaque para o Nordeste, com 31,5%.

Marco aos 15 anos

Ainda segundo a Pnad, 8,5% abandonaram a escola até os 13 anos, e 8,1%, aos 14 anos. Já aos 15 anos a taxa dá um salto para 14,1%. Esse número sobe para 17,8% aos 17 anos e chega ao pico de 18% aos 19 anos ou mais.

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O marco dos 15 anos acontece em todas as regiões, sendo bem expressivo no Sul (16,3%), no Sudeste (14,9%) e no Nordeste (13,9%). Entre 16 e 18 anos, Norte e Nordeste exibiram percentuais de abandono entre 14,0% e 16,4%, saltando para, respectivamente, 26,6% e 22,2% aos 19 anos ou mais.

“Essa maior saída tardia da escola deve, provavelmente, estar associada a um esforço desses jovens para recuperar o atraso educacional”, avalia a pesquisa do IBGE.

O país tem progressivamente reduzido as taxas de abandono escolar. Segundo o Inep, a taxa passou de 4,7% no fim do ensino fundamental, em 2010, para 2,4% em 2018. Isso significa 380 mil crianças a menos fora da escola.