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Por Jornal Nacional


Total de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas cresce no Brasil, diz IBGE

Total de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas cresce no Brasil, diz IBGE

Em dez anos, cresceu no país o total de brasileiros que se autodeclaram pretos e pardos. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (22) pelo IBGE.

Somos agora 212,7 milhões de brasileiros. Em dez anos, a população aumentou 7,6%.

A cara do Brasil foi pintada nesses muros do centro do Rio; são desenhos que refletem as mudanças profundas de um país que, na última década, aprendeu a enxergar a sua cor.

“Está tendo uma luta, os negros estão se unindo mais. Perante isso, então está tendo mais orgulho", acredita o vendedor Bruno Costa de Azevedo.

A pesquisa de domicílios do IBGE mostra que em dez anos aumentou 32% o número de brasileiros que se declaram pretos e quase 11% os que se declaram pardos, nomenclatura usada pelo IBGE.

A historiadora e guia de turismo, Luana de Oliveira Ferreira, que hoje se considera negra, lembra que durante a adolescência se enxergava como uma pessoa branca.

“Investimento em política pública, ações afirmativas - tanto a questão da reparação, educação, levar isso para sala de aula - foi a base da mudança”, afirma.

Proporção de pretos e pardos e de brancos na população — Foto: Jornal Nacional

Pelos números atualizados, pretos e pardos representam, agora, 56% da população. Já o percentual de pessoas que se declaram brancas caiu para 43%.

“Eu tenho ouvido falas de pessoas assim: 'eu descobri que eu era preto'. O que eu acho muito engraçado. Aí eu pergunto: 'como é que foi isso?'. E a pessoa me diz assim: 'eu cresci ouvindo que eu era moreninho, que eu não era preto, porque ser preto era ser feio e, hoje em dia, eu me sinto acolhido. Eu sinto que o meu cabelo é legal, que eu sou aceito'. E a pessoa passa a se autodeclarar preto ou parda. Ela se assume”, conta Dirlene Silva, economista e especialista em diversidade.

A pesquisa também analisa outros aspectos, como a idade dos brasileiros. Entre 2012 e 2021, o total de pessoas com menos de 30 anos caiu 5,4% e, ao passo em que vai crescendo, a população brasileira também vai envelhecendo. Em 2012, o grupo de brasileiros que tinham 30 anos ou mais representava 50% da população e, em 2021, esse número saltou para 56%.

Nesse intervalo de dez anos, aproximadamente 9 milhões de brasileiros também entraram para o grupo de quem tem 60 anos ou mais. Essa turma mais velha representava 11,3% da população em 2012 e 14,7% em 2021.

População idosa cresceu no país — Foto: Jornal Nacional

A população idosa aumentou em todas as regiões do Brasil, mas o Rio de Janeiro é o estado que concentra o maior número. Na Zona Norte da capital, muitos se concentram em uma quadra, todas as manhãs, para exercitar o corpo e o astral.

“Nós aqui é como se fosse família. É legal. Às vezes, o carinho que a gente não tem da nossa família real, nós temos aqui”, relata o aposentado José Duarte.

“Eu faço ginástica, faço hidroginástica e adoro samba. É isso aí”, festeja Maria da Glória Marciano.

As mulheres são maioria no Brasil; representam 51% da população. A pesquisa mostra, no entanto, que a diferença aumenta conforme a faixa etária avança. Entre os brasileiros com 60 anos ou mais são, aproximadamente, oito homens para cada dez mulheres.

O envelhecimento da população mostra a importância de políticas públicas que garantam saúde e bem de estar para esse grupo que está cheio de vontade de viver. “Tendo saúde e paz está bom demais”, afirma Maria da Guia Nascimento Rocha.

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