Brasil Educação

Todos pela Educação: 'Novo ministro tem características de Vélez que tornaram MEC inoperante'

Priscila Cruz, presidente da entidade, afirma que, como antecessor, Abraham Weintraub não tem experiência em gestão pública e possui viés ideológico
Ministério da Educação está mergulhado em uma crise desde março Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
Ministério da Educação está mergulhado em uma crise desde março Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo

RIO- A educadora Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos pela Educação, uma das entidades mais relevantes da área no Brasil, afirmou que o perfil do novo ministro da pasta, Abraham Weintraub, é muito semelhante ao de Ricardo Vélez Rodríguez, demitido nesta segunda-feira. Segundo ela, caso Weintraub não adote uma postura diferente à frente do órgão, priorizando questões educacionais urgentes, o Ministério da Educação (MEC) continuará inerte. Entre as características em comum, Cruz cita a falta de experiência em gestão e o forte perfil ideológico.

— Nós da área da educação realmente não conhecemos esse ministro. Mas o que dá para dizer é que ele tem características que o ex-ministro Vélez também tem e que fizeram com que o MEC ficasse inoperante — analisou. — Tivemos um ministério que não funcionou por 100 dias, porque o ministro não tinha experiência em gestão pública. Outras características em comum entre eles é que são pessoas que não têm formulações de políticas para a educação voltadas para a ampliação da oferta de escolas de tempo integral, formação de professores e avanço no desenvolvimento do sistema nacional de educação. E também traz uma carga ideológica.

O ministro compareceu a uma reunião do Todos pela Educação com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni,  no final do ano passado. Mas, segundo Priscilla Cruz, não se posicionou sobre temas relativos à área em nenhum momento.

Ela defende que o novo gestor do MEC precisa estar atento às formulações de políticas públicas que já existem e ouvir especialistas na área para traçar os rumos do ministério e atender prioridades para o sistema educacional.

—  Ele se apresenta como alguém que vai melhorar a gestão da pasta, mas é preciso que esteja aberto ao diálogo para entender que há caminhos já consagrados no Brasil. Temos evidências dos caminhos que devem ser tomados para melhorar os indicadores na Educação. Se esse ministro quiser trabalhar para que ao final da gestão o Brasil apresente resultados, não vai poder tomar o caminho diversionista que Vélez tomou — afirmou.

A fase mais aguda da crise no MEC começou no início de março por conta de uma disputa interna entre seguidores de Olavo de Carvalho e membros ligados à ala militar do ministério. Pelo menos 17 pessoas em postos-chave foram demitidas da pasta desde então. Em meio à confusão, o ministério ficou paralisado, afetando principalmente a educação básica.

Professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Weintraub é mestre em finanças pela FGV e executivo do mercado financeiro. Em seu currículo Lattes, na plataforma CNPq, o novo ministro da Educação informa que já atuou como CEO da Votorantim Corretora no Brasil.