Por Walder Galvão, g1 DF


  • Capital tem 701 mil pessoas considerados jovens — entre 15 e 29 anos.

  • Estudo mostra que segundo maior grupo é daqueles que apenas estudam.

  • Segundo especialista, Brasil tem problema histórico com abandono escolar e acesso à educação.

  • Jovem ouvida pelo g1 conta que trabalha desde os 14 anos e precisou ajudar família.

Carteira de Trabalho — Foto: Reprodução/Associação Nacional dos Servidores Públicos, de Previdência e da Seguridade Social (Anasps)

A maioria dos jovens entre 15 e 29 anos não estuda e apenas trabalha no Distrito Federal. Uma pesquisa, divulgada na terça-feira (28) pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF), mostra que, apesar da taxa de desemprego ter caído entre essa faixa etária em 2022, o acesso à educação ainda é um problema.

Brasília tem 701 mil jovens com idade entre 15 e 29 anos, desse total, 35,1% apenas trabalha. É o caso da recepcionista Camila Oliveira, de 23 anos. Moradora da Estrutural, ela conta que trabalha desde os 14 anos para ajudar a família.

"Comecei como menor aprendiz e nunca mais parei. Tive que ajudar em casa", diz Camila.

Camila diz que "faltam oportunidades" para que os jovens consigam estudar. Além disso, ela afirmou que, apesar de cursos, vestibulares e outros meios de ingressar nas especializações, ainda há o desafio de encaixar a rotina do trabalho com os estudos.

Este ano, depois de várias tentativas, a jovem conseguiu começar um curso de secretariado. "Moro com minha família e ajudo em casa. Me arrependo de não ter começado a estudar antes", afirma.

Segundo o especialista em psicologia educacional Afonso Galvão, o abandono escolar a partir do ensino médio no Brasil é histórico (saiba mais abaixo).

Acesso à educação

O segundo grupo de jovens que mais aparece na pesquisa são os que apenas estudam (24,1%). Em seguida, estão os que estudam e trabalham (12,9%) e os que não estudam e procuram emprego (12%).

Distribuição dos jovens de 15 a 29 anos, segundo a situação de trabalho, estudo e procura de trabalho no DF
Pesquisa analisa dados de 2022.
Fonte: IPEDF

O especialista em educação Afonso Galvão lembra que a desigualdade social no Brasil afasta os mais pobres das escolas.

"Uma parcela da população está em boas escolas, com boa alimentação e bem cobertas no ponto de vista de segurança psicossocial. Outra parte expressiva, porém, tem educação precária, não tem acesso ou tem famílias que não tiveram", afirma Galvão.

Segundo ele, famílias que têm acesso ao ensino superior, geralmente, têm filhos que vão melhor na escola. Enquanto que nas famílias que não têm, o problema da dificuldade com a escola passa de pai para filho.

"Os países que resolveram esse problema investiram pesadamente na educação, pegando essa tarefa de manter a criança na escola", explica o especialista.

Afonso Galvão diz ainda que uma saída para o problema é o investimento na educação e a manutenção dos jovens na escola, como, por exemplo, em unidades de ensino integral. No entanto, ele afirma que a solução não é a curto prazo, e que os reflexos de uma mudança na educação só podem ser sentidos depois de 10 ou 20 anos.

Taxa de desemprego caiu entre jovens no DF

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O estudo mostra ainda que a taxa de jovens desempregados no Distrito Federal caiu entre 2021 e 2022. Segundo o levantamento do Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF), o índice passou de 57,1% para 54,6%.

De acordo com o estudo, entre a faixa etária, a maioria dos sem emprego tem entre 15 e 17 anos. Veja o recorte por idade:

  • 15 a 17 anos: 67,7%
  • 18 a 24 anos: 33%
  • 25 a 29 anos: 18,4%

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