O Brasil tem uma das menores taxas de conclusão do ensino médio do G20. A informação consta na publicação Criando Sinergias entre a Agenda 2030 e o G20 – Caderno Desigualdades, divulgada nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE). Num levantamento com dados de 2021 levando em consideração 13 países do G20, o Brasil está na quinta pior colocação com 73,3% dos estudantes concluindo essa etapa escolar. Abaixo, estão Indonésia, Argentina, África do Sul e México.
"Em 2021, nenhum país do G20 havia alcançado a cobertura universal de conclusão do ensino médio, o que significa que há pessoas que estão ‘sendo deixadas para trás’ (fora da escola) e há desigualdades, embora as proporções dos países desenvolvidos sejam mais elevadas do que as dos países em desenvolvimento. Nos Estados Unidos a taxa de conclusão do ensino médio alcançou 94,58%. Por outro lado, no México era 59,53%", aponta o relatório.
De acordo com o IBGE, o levantamento apresenta informações de apenas 13 dos 20 países que compõem a cúpula porque nem todos possuem pesquisas com esse mesmo recorte de tema. Dessa forma, a comparação entre eles acaba sendo inviável.
A publicação divulgada traz um primeiro conjunto de indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, que mostram desigualdades de renda, gênero, cor ou raça, grupos de idade, pessoas com deficiência e desigualdades regionais no Brasil.
A Agenda 2030 da ONU é um plano global para atingir em 2030 um mundo melhor para todos os povos e nações. A Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada em Nova York, em setembro de 2015, com a participação de 193 estados membros, estabeleceu 17 objetivos de desenvolvimento sustentável relacionados à saúde, educação, desenvolvimento econômico e redução das desigualdades.
Reforma do ensino médio
O Brasil tem rediscutido seu ensino médio desde 2017, quando o então presidente Michel Temer (MDB-SP) determinou, por medida provisória, uma reforma na etapa escolar. As alterações entraram em vigor entre 2021 e 2022 gerando muitos ruídos. No ano passado, ele voltou a ser rediscutido.
A Câmara aprovou um novo texto para a reforma (entenda abaixo), que está no Senado. A expectativa é dele ser votado ainda no primeiro semestre.
Motivos de abandono
No fim de março, o IBGE divulgou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2023, com os motivos que levam à evasão escolar.
O levantamento aponta que os brasileiros de 15 a 29 anos deixarem a escola por trabalho (45%), falta de interesse (23%) e afazeres domésticos ou cuidar de pessoas (15%).
Este último motivo, porém, tem uma enorme diferença entre homens e mulheres. Menos de 1% dos homens deixou as salas de aula para o trabalho não-remunerado, enquanto 36% das mulheres apontaram esse motivo — o que já foi até tema de redação do Enem, em 2023.
Segundo o IBGE, assegurar igualdade de acesso à educação, melhorar a qualidade, financiamento e cooperação internacional, construção e melhoria da infraestrutura nas escolas, e a eliminação das desigualdades estão entre os desafios para alcançar o ODS 4 (Educação de Qualidade) nos países.
De acordo com a gerente de Relações Internacionais do IBGE, Denise Konemberger, os dados devem ajudar o Brasil a criar políticas públicas focadas nos temas do G20 e na Agenda 2030.
— O Brasil vai sediar o G20 em novembro e o IBGE tem acesso a muitas informações úteis que podem ajudar o nosso país a criar políticas mais efetivas de desenvolvimento econômico e social junto aos outros 19 países membros. Analisamos nossos dados nacionais e também cruzamos com os dados locais das outros países para produzir esses monitores que devem guiar a Agenda 2030 — explica.