Tabata Amaral

Cientista política, astrofísica e deputada federal por São Paulo. Formada em Harvard, criou o Mapa Educação e é cofundadora do Movimento Acredito.

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De uma vez por todas, fora Weintraub

O atual ministro representa aquilo que há de pior, mais intolerante, autoritário e ignorante no governo Bolsonaro

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O vídeo da reunião interministerial realizada no dia 22 de abril apenas reforçou algo que já sabíamos: Abraham Weintraub não pode continuar como ministro da Educação.

Alunos estão há mais de dois meses sem aulas presenciais e a pandemia está aprofundando a desigualdade educacional, mas, em mais de duas horas de reunião, o ministro não mencionou a palavra “educação” sequer uma vez.

Ao invés disso, fez uma fala preconceituosa e antidemocrática, de que quer “acabar com esse negócio de povos [indígenas] e privilégios” e prender os ministros do Supremo Tribunal Federal, confirmando mais uma vez que sua única preocupação é ser capacho da guerra ideológica travada pelo governo Bolsonaro.

Não faltam provas de que o ministro é incompetente e inábil, e que só tem prejudicado a educação brasileira com sua falta de liderança e gestão.

No ano passado, identificamos que o programa nacional de alfabetização, anunciado no plano de 100 dias do governo, não passou da fase de estruturação.

Em fevereiro deste ano, no pedido de impeachment do ministro, protocolado por mim e um grupo de parlamentares, denunciamos dez outras ações de Weintraub que são incompatíveis com o decoro, a dignidade e a honra do cargo, além de condutas de improbidade administrativa.

O ministro da Educação, por exemplo, prejudicou milhares de estudantes ao não resolver os graves erros do Enem de 2019 com transparência, xingou mães e pais preocupados e fez o Ministério da Educação perder R$ 1 bilhão que foram recuperados pela Lava Jato, por não ter empenhado a verba a tempo.

Enquanto isso, o ministro continua se ausentando completamente das negociações do novo Fundeb, fundo responsável por R$4 em cada $10 reais investidos na educação básica e que vence neste ano. Sem o Fundeb, não teremos educação no pós-pandemia.

Atualmente, as 27 redes estaduais e 5.570 redes municipais enfrentam um dos momentos mais desafiadores já vividos pela nossa educação, sem nenhuma orientação do MEC.

Falta apoio na construção de plataformas, elaboração de conteúdo, enfrentamento das desigualdades de acesso a equipamentos e internet, combate à evasão e construção de um novo calendário escolar.

Ignorando as muitas desigualdades que marcam o nosso país, as dezenas de milhares de vidas perdidas para o coronavírus, e os milhares de estudantes que imploravam pelo adiamento do Enem, o ministério da Educação patrocinou uma campanha desinformativa com o slogan “O Brasil não pode parar”.

O MEC só recuou quando um projeto que suspendia provas e exames, como o Enem, em casos de calamidade pública, estava prestes a aprovado no Congresso. No entanto, o fez de forma arbitrária, dizendo que o adiamento seria de 30 ou 60 dias, que a nova data seria definida por meio de uma enquete online e que só prorrogaria as inscrições por cinco dias.

Não temos um Ministro da Educação. Temos é um militante que representa aquilo que há de pior, mais intolerante, autoritário e ignorante no governo Bolsonaro. Não podemos ter um segundo ano perdido para a educação. Recorremos à decisão do STF de não acatar nosso pedido de exoneração de Abraham Weintraub e precisamos continuar pressionando por sua saída imediata.

A educação, que é o principal pilar de desenvolvimento de qualquer país, será ainda mais crucial se quisermos superar o desemprego e o aumento da pobreza que vêm pela frente. É para que uma geração inteira não seja condenada que nós estamos lutando.

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