Por Lívia Machado, G1 SP — São Paulo


Caderno, caneta, lápis e parte do kit escolar entregue pelo estado às escolas — Foto: Divulgação/Governo do estado de SP

A secretaria estadual de Educação afirma que apenas alunos da cidade de São Paulo têm kit escolar garantido para o início do ano letivo. A pasta do governo de João Doria (PSDB), que assumiu o cargo na terça-feira (1º), afirma que não há contrato de material para 2,6 milhões de estudantes da Grande São Paulo e do interior.

"Ter mais de 73% dos estudantes sem o material escolar no início deste ano letivo é extremamente prejudicial. Professor em sala de aula e material escolar para os estudantes são questões essenciais e básicas para um bom início de ano letivo. Estamos buscando soluções para resolver estas situações o quanto antes", disse o secretário Rossieli Soares.

Ao G1 por telefone, o secretário de Educação da gestão de Márcio França (PSB), João Cury Neto, disse estar surpreso com as acusações do novo chefe da pasta.

"Me causa uma grande estranheza. Não tivemos nenhum problema, as equipes se reuniram, abri todos os números".

Segundo Cury, sua gestão conseguiu finalizar a licitação e dar andamento no processo de produção e fornecimento, que começou pela cidade de São Paulo, mas que "Interior e a Grande São Paulo já estão licitados, é só dar a ordem de fornecimento", garante Cury.

O ex-secretário também afirma que o atraso na entrega é um problema recorrente e antigo. As empresas que participam da licitação brigam na Justiça para vencer a disputa, o que provoca atraso na produção e fornecimento.

"O estado, todo ano, por conta desses processos, ele infelizmente entrega no segundo, terceiro mês, mesmo quando abre a licitação bem mais cedo".

"Devem [as empresas] levar até o começo de março para entregar tudo, exatamente o que ocorreu nos anos anteriores por conta da judicialização. Não tem nada de diferente. Vai entregar, e acho até que muito provavelmente vai entregar mais cedo do que nos outros anos."

Números

A atual gestão alega que para a Grande São Paulo, eram previstos 127.177 kits para o Ensino Fundamental 1, 409.140 para o Ensino Fundamental 2 e 367.066 a estudantes do Ensino Médio, que não foram contratados.

Já no interior, os contratos deveriam contemplar 187.141 alunos do Ensino Fundamental I, 749.206 do Ensino Fundamental 2 e 767.060 do Ensino Médio.

Nesta quarta-feira (2), em entrevista coletiva, Rossieli já havia afirmado que o governo não tem como garantir que os alunos receberão o kit escolar e o material pedagógico.

"Nossa preocupação é muito grande porque não tivemos pelo governo anterior assinado contrato por exemplo para aquisição de material didático. Não temos como garantir, não temos contrato de aquisição de caderno, caneta, lápis, ou seja, o kit fundamental para o aluno começar o ano letivo", disse o secretário durante entrevista coletiva. Na ocasião, o secretário alegou ter encontrado "uma tragédia na educação (do estado)".

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