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Sisu terá só uma edição no ano: o que muda para os candidatos? Especialistas respondem

Processo seletivo para ingresso no ensino superior tem mais de 264 mil vagas ofertadas em 127 instituições

Por Beatriz Bulhões
Atualização:
Correção:

O resultado oficial das provas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) já está disponível, marcando o início da busca por um lugar nas universidades do País. O Sistema de Seleção Unificada (Sisu), portal onde as vagas são oferecidas, estará disponível na próxima semana, com novidades. São mais de 264 mil vagas ofertadas em 127 instituições de educação superior participantes do Sisu 2024.

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A principal delas é de que ocorrerá apenas uma edição do Sisu em 2024, sem mais a oportunidade do meio do ano: todas as vagas, sejam com início no primeiro ou segundo semestre, serão ofertadas entre os dias 22 e 25 de janeiro. Durante a escolha no sistema, a própria universidade deverá indicar se as aulas começarão agora ou após alguns meses. O resultado da chamada única será divulgado ainda em janeiro, no dia 30.

Outra mudança é relativa à distribuição para os cotistas, que passam a concorrer também às vagas gerais e, apenas quando essas forem preenchidas, são abertas as específicas de cotas. O valor mínimo da renda da família que se enquadra na cota social desceu de 1,5 salário mínimo para 1 salário mínimo per capita.

Aqueles que não foram selecionados na primeira opção de curso poderão ficar na lista de espera Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil

O Estadão ouviu professores e alunos e separou uma série de dicas para os estudantes:

Número de alunos será o mesmo

“O fato de o Sisu ter apenas uma edição por ano não fará nenhuma diferença no que diz respeito à concorrência. Tecnicamente, o número de alunos convocados será o mesmo, uma vez que a soma das vagas nas universidades continuará a mesma”, tranquiliza Luís Felipe Tuon, coordenador do ensino médio da unidade Brasil do Colégio Oficina do Estudante.

Ele aponta que o fato de não ter uma segunda edição já ser, em si, um fator tranquilizante: “É vantagem, pois o aluno já fica sabendo se está aprovado ou não. Acaba aquela ansiedade de ‘passei ou não passei’ para quem ficou no limite da primeira edição e pode ser aprovado na segunda, ficando na insegurança por seis meses.”

Faça uma lista de universidades e cursos

Bárbara Espuny, mentora de carreira e vestibular, além de professora do Colégio Pentágono, sugere que o aluno entenda o que a profissão significa na prática. Uma das dicas é entrar nos sites das universidades e verificar as matérias e suas respectivas ementas.

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“Por exemplo, muito se fala nas engenharias, mas poucos alunos realmente entendem que vão estudar Cálculo 1, Cálculo 2, etc... Então, chamo ex-alunos para explicarem como são os estudos e profissionais para contar tanto os prós quanto os contras no dia a dia”, explica.

Além disso, ele indica que o aluno faça uma lista de opções de faculdades e cursos que tem afinidade. Para a professora, é preciso aproveitar a funcionalidade do sistema gerido pelo Ministério da Educação (MEC) de conseguir trocar de opção ao longo da semana sem cair na pegadinha de fazer muitas trocas sem fundamento.

“O Sisu é quase que estratégico. São muitas universidades, o aluno consegue olhar o desempenho dele e ir planejando”, defende.

Simulações

Para compor a lista de possibilidades, o coordenador de vestibulares do Curso Anglo, Madson Molina, sugere que, no período entre a divulgação da nota do Enem e o início das inscrições para o Sisu, o estudante faça simulações. “Diversos sites oferecem simuladores de graça que se baseiam na nota de corte do ano anterior, usando os pesos das notas como indicado pela universidade, para já ter uma noção”, diz.

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Ele ensina uma tática que chama de elasticidade: “Vamos imaginar uma carreira extremamente concorrida, como Medicina. Qual é a elasticidade no quesito cursos? Temos Enfermagem, Biologia, outros da área de saúde que ele possa eliminar matérias. O outro ponto é a elasticidade da distância: consigo morar sozinho, tenho maturidade e renda para isso? quão longe da minha casa eu consigo ficar? A lista tem de ser baseada nessas respostas.”

Cuidado com os prazos

Parece simples, mas o próprio ato da inscrição costuma ser problemático. “Por mais que o Sisu seja muito bem desenvolvido, não tem a capacidade de aguentar todo mundo que está entrando. Ele pode apresentar instabilidades”, destaca Bárbara Espuny.

Não conseguir fazer a inscrição logo nas primeiras horas ou até durante todo o primeiro dia não é incomum. Assim, caso aconteça, não é necessária uma preocupação maior ou estresse desmedido.

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“O mesmo acontece no dia 25, último dia. Deixe tudo mais ou menos planejado para não ter de fazer grandes mudanças, se preparando para uma possível queda no site”, acrescenta.

Diferenças entre 1ª e 2ª opção

Outro fator a ser considerado é que o Sisu apresenta apenas duas opções e, entre elas, só é possível participar da lista de espera da primeira. “As listas de espera na faculdade rodam apenas para a primeira opção, mas elas rodam muito e pode ser que o aluno seja aprovado um pouco mais pra frente”, reitera o coordenador da Oficina do Estudante.

Na segunda opção, na qual o aluno não seguirá concorrendo, a sugestão é checar a lista feita anteriormente, considerando a “elasticidade”, para conseguir encontrar uma opção com nota menor.

Cotas

Luis Felipe Tuon é taxativo: “Basta atingir a nota de corte que o aluno será aprovado, sendo cotista ou não”.

Jonata Barbosa, de 21 anos, terminou o ensino médio técnico no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia no final de 2023. Pai de uma menina de pouco mais de um mês de vida, o cotista sonha em passar em Medicina numa universidade pública ou uma particular, com apoio do ProUni (programa do Ministério da Educação que oferece bolsas de estudo, integrais e parciais). “Fiquei muito feliz com a mudança das cotas, mas, mesmo assim, não acho que tive uma nota suficiente para Medicina. Vou tentar outro curso e ir juntando dinheiro até que um dia eu consiga”, conta.

Ainda há outras oportunidades

“Hoje a gente tem um mercado de trabalho mudando a todo momento. Antes, o mundo mudava de forma gradual, diferente de hoje em dia”, relata Bárbara Espuny, citando a si mesmo como exemplo. Formada em Engenharia, voltou para ensinar no colégio onde estudou e hoje é mentora de carreiras da instituição.

O aluno deve estar atento ao fato de que nem todas as universidades abrem seleção pelo Sisu. Algumas utilizam a nota do Enem em sistemas próprios e outras preferem diferentes formas de entrada, desde o vestibular tradicional até entrevistas.

Correções

Uma versão anterior desta reportagem grafou incorretamente o sobrenome de Bárbara Espuny, mentora de carreira e vestibular e professora do Colégio Pentágono. O nome foi corrigido.

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