ENEM 2017

Por G1


As mudanças na edição 2017 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) exigiram do governo federal novas medidas de segurança. Como neste ano as provas ocorrem em dois domingos consecutivos, e não mais em um só fim de semana, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anunciou, na tarde desta quinta-feira (19), que realizou uma simulação para testar a segurança dos diferentes agentes responsáveis pelo transporte dos malotes e pela aplicação das provas.

Neste ano, foram impressas 13,5 milhões de provas do Enem. A distribuição dos cadernos do exame, que foram divididos em 70 mil malotes, começaram oficialmente no fim de setembro. Os malotes serão entregues pelos Correios aos locais de prova em todo o Brasil.

Em 27 de setembro, a presidente do Inep, Maria Inês Fini, e o ministro da Educação, Mendonça Filho, marcaram o início oficial da distribuição das provas do Enem 2017 — Foto: Vanessa Fajardo/G1

Segundo o Inep, foi feita nesta quinta uma simulação do recebimento desse material nos galpões de triagem e processamento da Fundação Cesgranrio e Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro. As duas entidades, assim como a Fundação Vunesp, fazem parte pela primeira vez do consórcio responsável pela aplicação do Enem.

"O objetivo foi testar a logística da operação, por ser a primeira vez que o Enem será realizado em dois domingos consecutivos e sem aplicação para sabatistas, trazendo novidades para a logística reversa." - Inep

Correios com escolta policial

A autarquia do Ministério da Educação afirmou que cerca de 29 mil pessoas vão trabalhar nas fases após a aplicação das provas.

Com 19 mil pessoas, os Correios têm a responsabilidade de coletar, transportar e entregar os malotes que contêm os cadernos de provas e do cartão resposta ao consórcio aplicador. "Essa operação reversa usará caminhões, aviões, barcos e lanchas, todos com escolta policial", ressaltou o Inep.

Com mais de 6,1 milhões de inscritos, o Enem 2017 é o maior concurso público do Brasil, e é obrigatório para que estudantes de ensino médio possam concorrer a dezenas de milhares de vagas em universidades públicas, além de bolsas e contratos de financiamento em universidades privadas.

Problemas de segurança no passado

Desde 2009, quando foi reformulado e passou a funcionar como vestibular, o Enem já teve pelo menos quatro casos confirmados de vazamento das provas em diversos estados do Brasil.

  • 2009 - furto das provas: No primeiro Enem reformulado com caráter de processo seletivo, as provas acabaram adiadas três dias antes de sua realização, depois que uma repórter do jornal "O Estado de S. Paulo" afirmou ter recebido uma oferta de venda dos cadernos de provas. Três ex-funcionários da gráfica contratada pelo governo federal para imprimir as provas e dois intermediários da tentativa de venda foram denunciados e, em 2011, quatro deles foram condenados por corrupção passiva e violação de sigilo funcional.
  • 2011 - furto de questões do pré-teste: Dias depois a aplicação do Enem 2011, alunos do colégio Christus, de Fortaleza, confirmaram ter recebido um material em que continha questões idênticas ou parecidas com as que haviam caído no Enem. A escola havia recebido um dos pré-testes do Inep para testar e calibrar as questões, e um professor havia furtado questões e as inserido no banco de itens do colégio. Ele acabou sendo inocentado na Justiça Federal, em decisão de segunda instância, e 639 alunos do Christus tiveram o Enem anulado e refizeram a prova um mês depois, na edição do Enem para pessoas privadas de liberdade.
  • 2014 - vazamento da prova de redação: Em 2014, uma foto da página da prova do segundo dia do Enem, que continha o tema e os textos de apoio da redação, vazou pelo WhatsApp pelo menos uma hora e 13 minutos antes do início do exame. Naquele ano, o tema foi "Publicidade infantil no Brasil". Um estudante do Piauí foi o primeiro a denunciar o vazamento, pelas redes sociais e depois oficialmente à Polícia Federal. Depois, estudantes do Ceará também confirmaram terem visto o tema pouco antes de o Enem começar. A PF confirmou a veracidade da foto, mas, em fevereiro do ano seguinte, o Ministério Público Federal do Ceará arquivou o caso, por entender que não foi comprovada má-fé e que nenhuma das pessoas que receberam a prova tiveram como usar a informação em seu benefício, ferindo a isonomia do exame.
  • 2016 - vazamento da prova de redação: Na edição do ano passado, a Polícia Federal confirmou que prendeu pelo menos duas pessoas flagradas com materiais de apoio para produzir uma redação sobre o tema cobrado na redação. Segundo a delegada Fernanda Coutinho, o candidato preso em Fortaleza na operação Embuste já tinha acesso ao gabarito e ao tema da redação por volta das 11h e 11h30 do dia da prova (horário local, ou 12h e 12h30 no horário de Brasília), sendo que a prova só teve início uma hora depois. Já em Macapá, um homem de 31 anos foi preso na operação Jogo Limpo logo depois de deixar o local de prova em uma faculdade no Centro. Após abordagem, ele confessou que sabia o tema da redação antes mesmo de iniciar o segundo dia de provas. Com ele, foi encontrado um texto com o assunto "intolerância religiosa", aplicado no Enem a 5,8 milhões de candidatos em todo o país.

Em 2011, questões de apostila do Colégio Christus, de Fortaleza, foram parar na prova do Enem, depois de serem furtadas de um pré-teste realizado pelo Inep na escola — Foto: Reprodução

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