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Por João Batista Oliveira
O que as evidências mostram sobre o que funciona de fato na área de Educação? O autor conta com a participação dos leitores para enriquecer esse debate.
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Seu filho está na turma adiantada ou atrasada?

O que podemos fazer para evitar a rotulação e a segregação de alunos, que se dão em escolas diferentes e muitas vezes dentro das próprias escolas?

Por João Batista Oliveira Atualizado em 8 ago 2017, 10h53 - Publicado em 8 ago 2017, 10h21

A resposta é cruel, especialmente se seu filho estiver na turma atrasada. O ser humano é impiedoso – desde os tempos imemoriais, ele fofoca e procura informações para avaliar seus companheiros e saber com quem pode contar. A explosão das comunicações via celular comprova esse instinto social primário de nossa espécie. Avaliar é parte de nosso instinto de sobrevivência. Avaliar leva necessariamente a rotular – e os rótulos são usados para juntar ou segregar. A escola não faz maldades por ser escola – ela rotula e segrega por que é um instrumento usado por seres humanos.

No mundo da educação escolar, a segregação dos alunos se dá de formas muito semelhantes – embora algumas sejam mais sutis. As mais óbvias são o prestígio das escolas – isso vai desde creches até as universidades. O termo “Nota Dez” resiste ao tempo. O uso de conceitos, letras ou outros termos politicamente corretos ainda não foi capaz de superar a mensagem contida no DEZ e seus efeitos classificatórios. A expulsão de alunos em exames de entrada ou na reprovação, típica de escolas seletivas, constitui outro mecanismo nada sutil.

Um pouco mais sutis são as diferenças que ocorrem dentro das próprias escolas, que tendem a segregar alunos em turmas – quase sempre por critérios que separam os “mais adiantados” dos “mais atrasados”. Os processos são variados, mas tipicamente passam pela triagem e concentração progressiva dos alunos repetentes, bagunceiros, menos esforçados ou menos interessados em turmas específicas. Esses mecanismos são reforçados pelas preferências e expectativas dos professores. Estudo recente da economista Mariana Leite, do IDados, mostra que dentro das mesmas escolas públicas a diferença de desempenho entre as médias das melhores e piores turmas pode variar de 185 a 246 pontos – uma diferença equivalente a mais de seis séries escolares, em termos de conhecimento adquirido pelos alunos.

É difícil mudar a natureza humana. Salvas mutações genéticas abruptas, isso passa pela seleção natural do DNA e costuma levar entre milhares e milhões de anos. Também é difícil mudar as organizações – elas tendem a se acomodar de acordo com as pressões que recebem. O que fazer diante de tais circunstâncias?

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As evidências sugerem que não existe saída simples. Um ou dois alunos bagunceiros colocam em risco o desempenho de uma turma inteira – portanto, quem quer estudar fica prejudicado se a turma toda não encarar o estudo com seriedade. Outras evidências mostram que a mistura de alunos piores com melhores contribui para ambos, desde que os melhores sejam alistados para ajudar os piores e que os piores queiram melhorar. Ou seja: do ponto de vista de desempenho acadêmico, as soluções são conhecidas. O caminho está em novas formas mais flexíveis de enturmar os alunos para promover a convivência entre desiguais. Mas, para isso, a família e a escola precisam colaborar e estabelecer padrões básicos aceitáveis de comportamento e convivência. Sem consensos básicos, as diferenças só vão aumentar.

 

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