Descrição de chapéu enem

Servidores do Inep saem em defesa de demissionários e cobram MEC

Grupo reafirma 'situação de fragilidade técnica e administrativa' da gestão atual

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

Um grupo de servidores do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) encaminhou nesta quarta-feira (17) um ofício à direção do órgão em apoio aos 37 colegas que pediram desligamento de cargos de chefia em protesto contra a gestão atual. Eles cobram o MEC (Ministério da Educação) para resolver a crise.

O apoio começou com 12 servidores na noite de quarta e chegou a 54 nesta quinta-feira (18).

O documento, obtido pela Folha, foi enviado aos diretores do Inep por meio do sistema eletrônico de informações do governo. Esses servidores, que não atuam em cargos de chefia, reafirmam a "situação de fragilidade técnica e administrativa" em que se encontra a gestão máxima do Inep.

Há cobranças internas pela saída so presidente do órgão, Danilo Dupas Ribeiro. Parlamentares também exigem sua saída.

Danilo Dupas Ribeiro, atual presidente do Inep
Danilo Dupas Ribeiro, atual presidente do Inep - Divulgação/Inep

Servidores do Inep denunciaram nos últimos dias assédio moral e pressão para retirar, durante a elaboração da prova de 2021, itens que desagradam ideologicamente o governo. Às vésperas do Enem, que começa no domingo (21), 37 servidores entregaram seus cargos de chefia no instituto, citando "fragilidade técnica e administrativa" da atual gestão.

O ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, tem minizado a debandada e diz que a motivação tem relação com mudança de pagamentos de gratificações. Ele, que esteve nesta quarta na Câmara prestando esclarecimentos, também negou interferência no conteúdo da prova.

Em reação, o grupo de servidores técnicos encaminhou o novo documento em que se solidariza com os demissionarios e seus motivos e ainda cobra o MEC sobre a vulnerabilidade atual do órgão.

"Apontamos o risco instucional que é a saída deles dessas funções estratégicas do órgão e solicitamos os bons préstimos quanto a esclarecimentos oficiais relativos ao posicionamento do Ministério da Educação, responsável pela nomeação da gestão máxima do Inep, quanto a situação de vulnerabilidade em que nos encontramos nesse momento", diz o ofício. "Ressaltamos o compromisso do corpo técnico do Inep com a educação brasileira."

Ribeiro reafirmou que não houve interferência no conteúdo, em contraste com declarações do próprio ministro. Ele mesmo repete que não permitiria questões consideradas inadequadas, prometeu que olharia a prova pessoalmente e depois recuou.

A frase contraria até iniciativas que já vieram à tona, de veto a determinados temas, como a ditadura militar e qualquer menção a homossexuais.

Em meio à crise com o Inep, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta semana que o Enem estaria, agora, com "a cara do governo". A fala foi considerada por parlamentares como confirmação das denúncias dos servidores.

Na terça (16), Ribeiro contradisse Bolsonaro, como também fez o vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), no exercício da Presidência.

Agora, na Câmara, Ribeiro disse que um Enem com a cara do governo teria relação com "competência honestidade e seriedade".

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.