Edição do dia 10/08/2017

10/08/2017 14h26 - Atualizado em 10/08/2017 15h07

Série homenageia professores que fazem a diferença nas escolas

Apesar da falta de estrutura, da desvalorização e dos baixos salários, eles não desistem da missão de ensinar.

Hélter DuarteRio de Janeiro

Imagine que a vida seja uma grande peça de teatro. No palco, além da nossa família, a escola é protagonista e dentro dela, os professores e funcionários são mais do que personagens, são os roteiristas, que ajudam a gente escrever a nossa própria história.

A Maria de Fátima Silva da Redenção, mais conhecida como Fatinha, é assim. Desde que assumiu a direção de uma escola em Aparecida de Goiânia, Goiás, ela lida com os alunos olho no olho e consegue enxergar cada um deles.

Se o aluno não está bem, a escola não vai bem e a Fatinha percebeu isso logo no primeiro dia de trabalho, três anos atrás.

“Quando eu cheguei foi um momento assustador. Se eu pudesse voltar do portão para trás, eu teria voltado, mas quando a gente recebe um desafio, a gente tem que dar o máximo. Então eu decidi buscar forças e prosseguir”, conta.

A escola é super limpa, bem cuidada, o ambiente é ótimo, mas antes o cenário era bem diferente. O pátio era tomado de lixo e mato, o prédio da escola era todo pichado e os alunos só faziam o que dava na cabeça. Mas, claro, essa mudança não aconteceu assim, num estalar de dedos, não. Foi preciso muito trabalho, dedicação e paciência.  

A diretora Fatinha trouxe uns espelhos velhos de casa, outros ela conseguiu no comércio, com pais de alunos e espalhou vários deles pela escola com frases motivadoras como ''eu acredito'' e ''eu sou vencedor''.

E depois de tanta mudança, a fama da escola mudou bastante. Foi uma mudança tremenda que não custou um centavo e que não tem preço porque vale para vida!  

Os alunos sabem disso. Na pesquisa do movimento Todos Pela Educação, alunos de todo o país disseram que paixão pela profissão é a principal característica dos professores do Ensino Médio. Mas apesar desse reconhecimento, a maioria dos estudantes não quer seguir carreira. Por que? Eles apontam a falta de respeito dos próprios alunos e o baixo salário.

“A gente está perdendo jovens talentosos, que gostariam de ser professores e poderiam ajudar o Brasil a melhorar a educação pública. A gente está perdendo porque infelizmente a carreira de professor no Brasil não é valorizada nem pelos governos, nem por nós, sociedade. Só vamos conseguir resultados mais vigorosos no dia que a gente resolver de uma forma muito enfática a questão docente e dizer 'olha, o professor é o principal profissional do país'. A gente tem que tratá-lo dessa forma”, explica Priscila Cruz, presidente executiva do movimento Todos Pela Educação.

A nossa sorte é que existem muitas Fatinhas aí pelo Brasil. Profissionais que, apesar das imensas dificuldades, são apaixonados pela educação.