Rio

Sepe critica decisão de fechamento de escolas em Jacarezinho e Manguinhos

Entidade critica falta de ações conjuntas para solução dos problemas de segurança
Operação em comunidades da Zona Norte do Rio: polícias e Forças Armadas fizeram operação em sete comunidades na região nesta segunda-feira Foto: Arquivo / 21/08/2017 / Márcio Alves / Agência O Globo
Operação em comunidades da Zona Norte do Rio: polícias e Forças Armadas fizeram operação em sete comunidades na região nesta segunda-feira Foto: Arquivo / 21/08/2017 / Márcio Alves / Agência O Globo

RIO — O Sindicato estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) criticou a decisão anunciada nesta segunda-feira pela Secretaria municipal de Educação de fechar, por tempo indeterminado, 15 escolas da comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio . Além dessas unidades, outras 11 unidades — duas no entorno do Jacarezinho e nove em Manguinhos — vão funcionar em horários alternativos para não expor os alunos a riscos de tiroteios. Segundo Marta Moraes, diretora da entidade, o sindicato reconhece o “desespero” da pasta, considerando o histórico recente de conflitos na região, mas reivindica decisões integradas entre município e estado, de curto e médio prazo, como o cumprimento da resolução que determina o fim de operações policiais em horário escolas, para solucionar o problema da violência na educação.

— A próxima medida será fechar todas as escolas em áreas conflagradas? A gente entende o desespero, a apreensão da Secretaria de Educação em apresentar uma resposta, mas a SME não pode funcionar como uma secretaria de segurança — afirma Marta Moraes.

A diretora do Sepe pondera que não houve, ainda, uma proposta para a continuidade dos trabalhos acadêmicos dessas unidades. O sindicato levanta, também, a preocupação com o prejuízo ao calendário. Segundo ela, a medida gera ainda problemas para as mães, que não terão onde deixar seus filhos para ir trabalhar.

— Não há nenhuma proposta paliativa no momento. Por isso, a gente defende que essas propostas também sejam discutidas com a comunidade escolar. Os pais, os alunos, os professores precisam ser ouvidos. Vai penalizar depois esses professores e alunos nas férias deles. E essa história das 11 escolas de que diretores vão definir se as unidades fecharão ou não. Como assim? É muita responsabilidade nas costas de professores, diretoras que não têm formação em segurança — afirma Marta, reforçando a preocupação com a medida anunciada ontem pelo secretário Cesar Benjamin: — Nós recebemos de forma muito preocupada. Essa medida do secretário tem problemas porque vai ter 15 escolas fechadas. As mães vão deixar (os filhos) com quem? Nessas escolas fechadas temporariamente, temos creches, espaços de Desenvolvimento Infantil. Como esse processo vai se dar com as mães que trabalham? Isso vai afetar a aprendizagem. Estamos denunciando desde o ano passado que medidas profundas no sentido da segurança precisam ser adotadas pelo poder público. Precisa haver a união da prefeitura com a Secretaria estadual de Segurança pra medidas de média e curto e curto curto.

Nesta segunda-feira, 64 escolas fecharam as portas, deixando 26.975 alunos sem aulas no Rio. Desde o início do ano letivo até hoje, 409 unidades escolas fecharam por conta da violência, prejudicando o aprendizado 145.928 estudantes.

ENCONTRO COM PREFEITO E SECRETÁRIO

Ainda de acordo com Marta Moraes, o Sindicato estadual dos Profissionais de Educação pedirá uma audiência com o secretário estadual de Segurança, Roberto Sá, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, e o titular da pasta de Educação, Cesar Benjamin. Na pauta, o Sepe quer reforçar o pedido pelo fim de ações policiais em horário escolar.

— Essa medida de não haver incursão policial foi apresentada pelo Sepe. No horário escolar, não pode haver incursão policial. Coloca a vida de todos em risco. Defendemos a falta de incursão da polícia em horário escolar. Não há nada que justifique tiroteio. As escolas estão em áreas conflagradas. Tem que haver investimentos em projetos sociais, cultura pra que essas crianças tenham alternativas de construção de uma vida melhor. Não vemos o investimento de cultura nessas áreas. São ruas sem luz, sem esgoto. Falta um trabalho sério da prefeitura nessas áreas. Tem de haver investimento grande na área social, pedagógica e cultura — acrescenta a diretora do Sepe.

Confira a lista das escolas que foram temporariamente fechadas:

- Creches Municipais Tia Andreza, Marcília Catarina (Tia Mana), Comunidade do Jacarezinho e Geralda de Jesus;
- Cieps Willy Brandt e Vinícius de Moraes;
- Escolas Municipais José Lins do Rego, Pernambuco, George Sumner, Estado da Guanabara, Oswaldo Cruz, Pace e Rio de Janeiro;
- Espaços de Desenvolvimento Infantil Padre Nelson e Brício Filho.

Confira a lista das 11 escolas que poderão reduzir horários de funcionamento:

- Escolas Municipais Delfim Moreira, Marechal Bittencourt, Ema Negrão de Lima, Albino Souza Cruz e Professora Maria de Cerqueira;
- Ciep Juscelino Kubitschek;
- Creches Municipais Manguinhos e Chico Bento;
- Espaços de Desenvolvimento Infantil Doutor Domingos Arthur Machado Filho, Antônio Fernandes Figueira e Joaquim Venâncio.