Bolsolão

Senador José Serra anuncia apoio à instalação da CPI do MEC

Adesão do senador do PSDB acirra a disputa em torno da instalação de uma comissão que investigue denúncias de corrupção no Ministério da Educação, assunto que preocupa o governo de Jair Bolsonaro

Arquivo/Agência Brasil
Arquivo/Agência Brasil
Uma das pastas mais importantes, o Ministério da Educação está em meio a uma série de denúncias de corrupção que devem ser apuradas em CPI

São Paulo – O senador José Serra (PSDB-SP) comunicou na tarde de hoje (12) seu apoio à instalação da CPI do MEC. “Comuniquei agora há pouco o senador @randolfeap que assinei a favor da instalação da #CPIdoMEC no @SenadoFederal. As denúncias de corrupção no Ministério da Educação são graves e caberá novamente ao Senado apurar os fatos”, escreveu em sua conta no Twitter.

A adesão do senador tucano vem acirrar ainda mais a disputa em torno da abertura de investigações para apurar as denúncias de corrupção em um dos ministérios mais importantes. Há cerca de um mês o MEC está envolvido em um sucessão de escândalos que vão de cobrança de propinas em troca de liberação de recursos para municípios, feita por pastores amigos do presidente Jair Bolsonaro, uma licitação superfaturada para compra de ônibus escolares e a autorização para a construção de 2 mil escolas sem nenhuma previsão orçamentária para a empreitada. Nesse meio tempo, o então ministro, Milton Ribeiro, foi demitido.

A instalação da comissão preocupa tanto o governo que seus aliados não medem esforços para desviar o foco. Como retaliação, os governistas falam até em recolher assinaturas para investigar supostas irregularidades em obras nos governos Lula, Dilma e de Michel Temer.

Segundo o autor do requerimento da CPI do MEC, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a petição já recebeu assinaturas de 24 senadores, mas são necessárias 27 para dar andamento ao processo de sua instalação.

Omissões

Randolfe já tinha as assinaturas mínimas exigidas. No entanto, à medida que surgiram novas denúncias, o governo de Jair Bolsonaro passou a jogar pesado para impedir as investigações. A senadora Rose de Freitas (MDB-ES), além de Weverton Rocha (PDT-MA), Styvenson Valentim (Podemos-RN) e Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) haviam firmado apoio. Mas, por diferentes razões, voltaram atrás em suas decisões.

O senador Otto Alencar (PSD-BA), que teve grande destaque na CPI da Covid, está entre os que não assinaram o requerimento para a instalação da CPI do MEC. O parlamentar disse hoje (12) ao site Bahia Notícias que a decisão sobre o apoio à investigação das denúncias de corrupção no Ministério da Educação depende de decisão do líder do seu partido, senador Nelson Trad.

“Isso está com o líder do meu partido, Nelson Trad, do Mato Grosso do Sul. Ele é quem vai decidir isso. Ele está verificando. O senador Marcelo Castro (MDB) está fazendo as oitivas com o pessoal do FNDE, o TCU também entrou nisso naquela questão dos ônibus”, disse o parlamentar. 

Na Bahia, o PSD é da base aliada do governo Rui Costa (PT). No entanto, em outros estados a legenda apoia políticos apoiadores do governo federal e do próprio presidente Jair Bolsonaro (PL).

A abertura da CPI dependeria agora da decisão do presidente do Congresso Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Caso se recuse, o Supremo Tribunal Federal (STF) poderá intervir no processo para garantir a investigação.