Por G1 RS


Sem serviço de ônibus, escola adota rodízio de aulas em Dom Pedrito

Sem serviço de ônibus, escola adota rodízio de aulas em Dom Pedrito

Os estudantes de Dom Pedrito, na Região da Campanha, enfrentam dificuldades com o transporte escolar. Desde que uma operação da Polícia Federal prendeu acusados de fraudar licitações, em novembro do ano passado, o serviço não voltou ao normal. E, em função da falta de ônibus, algumas escolas, em especial da área rural, têm adotado rodízio de aulas.

A situação levou a prefeitura a decretar situação de emergência no município, que foi hologado pelo estado. Com isso, a administração municipal promete encaminhar as contratações sem licitação de novas empresas para executarem o serviço.

Na escola rural Sucessão dos Moraes, no interior do município, os alunos têm aulas semana sim, semana não. Foi a solução encontrada para evitar um atraso ainda maior no ano letivo. Oito das 28 rotas de transporte escolar não estão operando. Com isso, os ônibus próprios da prefeitura estão se dividindo para atender as 13 escolas na zona rural.

A estudante Fabrini da Fonsceca Dicrow, 11 anos, não gosta da situação. "Eu queria que a gente tivesse aulas todos os dias, porque a gente perde muito conteúdo", diz ela.

Desde o início das aulas, um grupo de pais de alunos pressiona o poder público por uma solução definitiva, como explica a produtora rural Tarcis da Fonseca.

"Nós estamos lutando pelo direito dos nossos filhos de morarem e de ficarem no campo. Porque é esse o nosso objetivo. Se não existe o campo a cidade não come, não tem produção. Então, nós precisamos do transporte escolar", diz.

Pais e professores estão preocupados com o aprendizado dos aunos. Os dois filhos da Ana Paula Andrade moram com ela no campo e estudam na escola. Ela relata as dificuldades enfrentadas pelas crianças. "Quando ele chega, ele já vem com bastante tema, o pequeno principalmente, e aí faz aquele tema em uma semana, e na outra, quando ele volta, já esqueceu de metade das coisas", explica.

A professora Nara Núbia também acredita que o intervalo entre as aulas compromete o aprendizado. "Acho que é uma coisa que prejudica muito o andamento dos trabalhos, uma incerteza diária que eles têm se amanhã haverá aula ou se não haverá por causa do tempo e ainda se semana que vem terá ou não terá transporte", lamenta.

Os estudantes costumavam contar com quatro linhas de transporte. Esse ano, são só duas até agora, mais um ônibus emprestado. Os veículos estão estacionados na frente da escola.

Más condições nas estradas

A falta de transporte não é o único problema. Quando chove, as péssimas condições das estradas impedem que os veículos passem. Para compensar os dias em que as aulas são suspensas por causa das estradas, os estudantes têm dois dias de aulas por semana, em período integral.

"Quando tem a semana deles, se chove, não tem aula, porque se a estrada está embarrada, não tem condições", diz a dona de casa Rafaela Lopes Cavalheiro.

Licitações sem interessados

O prefeito de Dom Pedrito, Mário Augusto de Freire Gonçalves, explica que, desde que os contratos com as empresas suspeitas de fraude foram encerrados, duas licitações já foram abertas para a contratação do serviço, mas não houve interessados. O município decretou situação de emergência, homologado pela Casa Civil do estado.

Com isso, a prefeitura já pode contratar sem licitação as empresas que vão fazer o transporte nas linhas que faltam. Sobre a situação das estradas, a prefeitura informou que procura melhorar as condições de acessos municipais sempre depois que a chuva passa, e a estrada volta a ficar seca.

"Eu sou solidário aos pais por tudo que estão vivendo, aos alunos e professores. Nós vamos encontrar uma solução definitiva. Estaremos buscando então empresas que possam locar veículos com motoristas para que possa se executar essas rotas que se teve licitação deserta", afirma o prefeito.

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