Brasil

Secretários de educação acusam MEC de não dar apoio para garantir aprendizagem durante pandemia

Em nota, Consed respondeu ofensiva de Weintraub e defendeu atualização do cronograma do Enem
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, durante audiência no Senado para prestar informações sobre problemas na realização do Enem 2019 Foto: Geraldo Magela / Geraldo Magela/Agência Senado
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, durante audiência no Senado para prestar informações sobre problemas na realização do Enem 2019 Foto: Geraldo Magela / Geraldo Magela/Agência Senado

BRASÍLIA- Secretários estaduais de educação de todo o país divulgaram, nesta segunda-feira, uma nota afirmando que o Ministério da Educação (MEC) não tem apoiado os estados para garantir a aprendizagem dos estudantes durante a pandemia.

O comunicado emitido pelo Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação (Consed) é uma resposta a declarações feitas pelo ministro da educação, Abraham Weintraub, no Twitter. Em uma publicação sobre o cronograma do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Weintraub afirmou que "o ano não está perdido" e criticou governadores.

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"Considerando as orientações de especialistas e autoridades em saúde, e em defesa da vida e da saúde de todos, inclusive dos estudantes e profissionais de educação, o CONSED defende as ações de isolamento social e trabalha para encontrar soluções que permitam a aprendizagem dos alunos, com ações como oferecimento de ensino remoto e um planejamento do retorno às aulas presenciais que possa mitigar as perdas e para garantir a aprendizagem de nossos estudantes. Para isso, os estados não têm recebido o apoio do MEC", diz a nota.

No Twitter, no último domingo, ao defender a manutenção das datas do Enem, Weintraub disse que os governadores "devem tirar as nádesgas da cadeira e rebolar" para resolver o problema dos estudantes.

" #VaiTerEnem Governadores fizeram uma quarentena generalizada e precipitada. A população está no limite. Alunos sem aula ficam preocupados com o Enem. O ANO NÃO ESTÁ PERDIDO! Governadores devem planejar o retorno das aulas, tirar as nádegas da cadeira e REBOLAR atrás do prejuízo!", escreveu o ministro incluindo ainda um vídeo do governador de São Paulo, João Dória (PSDB).

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A resposta do Consed defende ainda que a data das provas do Enem sejam adiadas para que não haja prejuízo, sobretudo, para os alunos mais pobres. O GLOBO mostrou que, contrariando posição da equipe do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)- responsável pelo Enem-, o ministro Abraham Weintraub decidiu manter o cronograma da prova mesmo com a suspensão de aulas em todo país.

O Enem impresso está marcado para os dias 1 e 8 de novembro e o Enem digital será adiado para os dias 21 e 29 do mesmo mês (inicialmente, essa versão do exame seria feita nos dias 11 e 18 de outubro).

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"O Consed reitera sua posição pela necessidade do ajuste no cronograma, em benefício de nossos estudantes, especialmente os mais carentes das redes públicas, que estão sem as aulas presenciais neste período e com dificuldades quanto ao pedido de isenção e para inscrição para o exame", diz a nota.

Uma decisão da 12ª Vara Cível Federal de São Paulo decidiu na última sexta-feira que o calendário do Enem seja adequado à realidade do atual ano letivo, que teve suspensão de aulas em todas as redes do país devido à disseminação do coronavírus.