Por G1 SP — São Paulo


‘Não devemos atrelar a volta às aulas a vacina’, diz secretário estadual de Educação de SP

‘Não devemos atrelar a volta às aulas a vacina’, diz secretário estadual de Educação de SP

O secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, defendeu nesta sexta-feira (18) o retorno das aulas presenciais durante a pandemia de Covid-19 e disse que a reabertura das escolas não deve estar condicionada à vacinação dos profissionais da área.

"Eu, obviamente, defendo sim que a gente tenha a vacina para os professores, agora não defendo atrelar a volta às aulas somente as vacinas. Porque se a gente fosse fazer isso, deveríamos fechar o supermercado, fechar farmácia, fechar todos os ambientes que já estão abertos. Então, tem que ter cuidado, tem que ter protocolo e, assim que tivermos condição, vacinar os professores. Eles estão no grupo prioritário", disse Rossieli Soares, secretário estadual da Educação, nesta manhã.

Nesta sexta (18), o governo de São Paulo incluiu a educação básica na lista de serviços essenciais, o que permite manter as escolas abertas mesmo que o estado registre piora na pandemia de coronavírus. O decreto foi publicado no Diário Oficial.

"Não dá mais para a gente fechar escola. O prejuízo que as crianças estão tendo, o prejuízo que os jovens estão tendo, por não terem a educação funcionando, ele é irrecuperável. A gente faz um grande esforço para alcançar o jovem da melhor maneira possível, mas não substituiu a presença", continuou o secretário em entrevista ao Bom Dia São Paulo.

O estado de São Paulo chegou nesta quinta-feira a 44.681 mortes e 1.361.731 casos confirmados de Covid-19 desde o início da pandemia.

O número de pacientes internados com a doença é de 11.276, sendo 6.441 em enfermaria e 4.835 em leitos de UTI. A taxa de ocupação de UTI é de 61,1% no estado e 66,5% na Grande São Paulo.

Escola Estadual Orlando Maurício Zambotto, em Jarinu, interior de São Paulo — Foto: Divulgação

Crianças transmitem menos

Em entrevista à GloboNews nesta sexta, o infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunização, disse que as crianças são as pessoas que menos transmitem o coronavírus.

"Quem faz o vírus circular mais não são as crianças. As crianças são as que menos adoecem com gravidade. As internações na faixa pediátrica é um pouco mais de 1% de todas as internações. A mortalidade, então, é menos de 0,5%", disse o especialista.

"Então, sim, elas podem transmitir, sim, elas podem adoecer, mas não é justo deixá-las fora na circulação, fora das salas de aula, com todos os danos para a Educação, no aspecto do aprendizado, emocional, no seu desenvolvimento", continuou o infectologista Renato Kfouri.

Ele destacou, entretanto, que a Sociedade Brasileira de Pediatria defende que a volta às aulas seja segura, com escalonamento de horários, uso de mascara, salas ventiladas e "alfabetização sanitária", ou seja, ensinar hábitos importantes, para uma volta segura e com o menor risco possível.

VÍDEO: 'São elas que menos transmitem', diz infectologista sobre a volta às aulas para as crianças

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Como será

Pelas regras atuais, escolas públicas e privadas só podem abrir em regiões que estejam na fase amarela do plano de flexibilização. Com a mudança, a previsão é de que o ano letivo seja retomado em 4 de fevereiro.

Segundo a Secretaria Estadual de Educação, a autonomia dos prefeitos fica mantida para vetar a volta presencial em suas cidades. No entanto, nos municípios onde for acatada a orientação estadual de retorno, todas as escolas deverão reabrir e a volta dos alunos será obrigatória. Pelas regras anteriores, cada escola possuía autonomia de decisão e a presença dos alunos era facultativa.

Se uma área estiver nas fases vermelha ou laranja do Plano São Paulo, as escolas da educação básica, que atendem alunos da educação infantil até o ensino médio, poderão receber diariamente até 35% dos alunos matriculados. Na fase amarela, elas ficam autorizadas a atender até 70% dos estudantes; e na fase verde, até 100%.

Ensino Superior

Segundo o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, no caso de escolas de ensino superior, a autorização segue condicionada à manutenção de região na fase amarela.

"O ensino superior permanece com a mesma regra, só abre estando na amarela, ou seja, até 35% abre a universidade agora regionalmente, nós não temos mais o olhar global do estado tanto para educação básica quanto para o ensino superior. Já a educação básica, nós estamos autorizando a abertura mesmo na bandeira vermelha, mesmo na bandeira laranja, nós estamos autorizando com até 35% do atendimento à educação básica, especialmente focada naqueles que mais precisam", explicou Rossieli.

Histórico

Devido à pandemia de Covid-19, as aulas regulares presenciais estavam suspensas desde março, quando foi implantada a quarentena para prevenir a propagação do coronavírus.

No estado, o governo autorizou o retorno em outubro, mas deu às prefeituras autonomia para decidir se deveria ou não liberar a volta.

Na capital paulista, somente alunos do Ensino Médio foram autorizados a retomar. Para o ensino infantil e fundamental, foi permitida a reabertura apenas para aulas extracurriculares.

Mobilização de pais

Na quinta-feira (17), a Justiça deu o prazo de dez dias para que a Prefeitura de São Paulo e o governo do estado apresentem o cronograma de retorno das aulas presenciais para o próximo ano.

Na decisão, também foi exigido que o governo esclareça se há previsão de inclusão dos trabalhadores da educação no grupo prioritário de vacinação contra a Covid-19.

Pelo cronograma estadual, divulgado no dia 7 de dezembro, a vacinação contra a Covid-19 será feita a partir do dia 25 de janeiro em profissionais de saúde, indígenas e quilombolas.

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