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Secretário de Educação do Rio diz que não reprovar alunos evitará evasão escolar de meio milhão de jovens

Comte Bittencourt explicou, ainda, que conteúdo perdido do ano letivo de 2020 será repassado em 2021 e até 2022, se necessário
Secretário de Educação do Rio, Comte Bitencourt, falou sobre a questão do ano letivo de 2020 Foto: Gabriel de Paiva / O Globo
Secretário de Educação do Rio, Comte Bitencourt, falou sobre a questão do ano letivo de 2020 Foto: Gabriel de Paiva / O Globo

RIO — A aprovação automática em 2020 na rede estadual de ensino do Rio de Janeiro, que  foi anunciada nesta quarta-feira , dia 14, pelo governo do estado, tem como objetivo evitar a evasão escolar de meio milhão de adolescentes e jovens. É o que afirmou o secretário de educação, Comte Bittencourt, nesta quinta-feira. Em entrevista ao "Bom Dia Rio", da TV Globo, o titular da pasta afirmou que "a opção do governo é recuperar o vínculo de 411 mil estudantes do ensino regular e de mais 89 mil da Educação de Jovens e Adultos (EJA)", que foram prejudicados pela falta de acesso ao conteúdo online e remoto durante a pandemia da Covid-19.

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— O grande objetivo da rede e do governo é não abrirmos a porta para evasão escolar. Nós temos o quadro hoje de quase meio milhão de jovens que ficaram sem nenhuma relação com a vida escolar nesses últimos sete meses de pandemia. Num país como o nosso, que tem várias injustiças sociais no seio da sociedade, nós pensarmos num processo de retenção, pela simples reprovação, por uma culpa que foi do estado, através do governo, que não ofereceu o mínimo de relação acadêmica nesse período — afirmou o secretário, que ainda indagou:

— O que é melhor para sociedade: reprovar esses alunos ou recuperarmos o vínculo dos meninos, para trabalharmos em um sistema contínuo ou de bloco? Isso é para recuperar os objetivos educacionais que não foram alcançados nesse ano. Não temos que ter pressa e aceleração em um ano pandêmico, que é um desafio para o mundo.

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Comte, que assumiu a pasta há 13 dias após a prisão e exoneração de Pedro Fernandes, por suposto envolvimento em um esquema de corrupção, explicou que o objetivo é montar um plano para que o conteúdo de 2020 não seja perdido. A ideia é fazer um mapeamento individualizado de cada aluno, entender a sua necessidade e ir passando as matérias desse ano em 2021 e até em 2022, se for necessário. Segundo o secretário, uma equipe com especialistas da secretaria, de outras instituições e da academia já trabalham para criar uma ferramenta para fazer esse diagnóstico de cada estudante.

— O problema é que, no Rio de Janeiro, quando se fala em aprovação automática, nos remete a um período dos anos 1980, quando a promoção era continua e sistêmica na educação pública. É cruel com a escola, porque é o local de estabelecer responsabilidades e construir um currículo de aprendizado. Em 2020, no mundo todo, não se fala em reprovação. Vamos distribuir o conteúdo e olhar como parte de 2021 e até de 2022, se for necessário. Vamos criar um itinerário para dar ao professor ferramentas avaliativas para que cada aluno, no seu devido tempo, possa recuperar os objetivos escolares nas disciplinas que não foram alcançadas em 2020. É um grande desafio — afirmou ao "Bom Dia Rio".

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Professores vão entregar declarações de saúde

Os alunos do terceiro ano do Ensino Médio em escolas estaduais vão retomar as aulas presenciais na próxima segunda-feira, dia 19, a poucos meses de realizarem o Enem, marcado para janeiro de 2021, quando vão tentar vagas em universidades. Comte afirma que é uma obrigação do estado dar todo esse aparato, inclusive na questão da saúde e evitar um possível contágio do coronavírus. Para isso, os professores vão ter que entregar uma autodeclaração na qual afirmam que estão bem ou se têm comorbidades e mais de 60 anos.

— A maior preocupação dos alunos no terceiro ano é porque tem prova do Enem em janeiro, e eles vão disputar vagas nas nossas universidades com alunos de outros estados, que não tiveram um apagão educacional como o do Estado do Rio. Apresentar uma alternativa presencial apenas para os alunos da terminalidade do Ensino Médio é uma obrigação nossa como educadores. Preparamos as escolas no ponto de vista sanitário, editamos uma resolução cuidando da saúde do professor, que farão autodeclaração se tiverem mais de 60 anos ou comorbidade. O compromisso desses educadores não é com o governo, é com os seus educandos, que esses meninos que têm uma prova de Enem em janeiro — explica.

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O secretário ainda afirmou que a carga presencial será e que os alunos vão receber o material em suas casas, mas não pelos Correios. Segundo Comte, as apostilhas que eram para ter sido entregue no início da pandemia nunca chegaram nas residências dos estudantes porque o serviço de entrega não funcionou.

— A carga de retorno será pequena, porque vamos continuar oferecendo o remoto. Algumas escolas encontraram uma solução, tentando levar um material autoinstrutivo. Não pelos Correios, porque não entregaram o outro. Estamos analisando cada território e região e vamos usar todos os meios possíveis para o material chegar ao aluno  — disse.