RIO — O governador em exercício do Rio, Claudio Castro, afirmou em coletiva de imprensa, na tarde desta sexta-feira, que vai deixar para decidir na semana que vem, em conjunto com o município, sobre a possível suspensão das aulas presenciais no Rio. A medida, que foi anunciada mais cedo pelo secretário estadual de Educação, Comte Bittencourt, atingiria os colégios estaduais sediados na capital e as escolas particulares regulamentadas pelo estado, que são aquelas que oferecem o ensino fundamental 2 e o ensino médio. Ainda nesta sexta-feira, Castro anunciou que o estado terá toque de recolher entre 23h e 5h . A medida faz parte de um pacote de restrições que será publicado nesta tarde no Diário Oficial.
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— Eu e o Eduardo Paes temos o mesmo pensamento. As escola devem ser a última a fechar e a primeira a abrir. A gente vai trabalhar com o estado, não é o Eduardo Paes ou o Cláudio Castro. Eu disse que sou favorável. A gente olhando os número, não há a necessidade de fechar. Olhando o número de leitos, não há necessidade de fechar — disse Castro.
De acordo com o governador em exercício, a decisão não será tomada antes de ouvir os prefeitos.
— Eu disse ao secretário que respeito, mas instituímos o diálogo. Vamos trabalhar como estado, em parceria com prefeitos e a Alerj. Os números foram decisivos para indicar que ainda não há necessidade de fechamento — explicou.
Após a declaração de Cláudio Castro, a Secretaria estadual de Educação (Seeduc) afirmou, em nota, que um novo decreto será publicado para manter as atividades presenciais nas escolas: "por se tratar de atividade essencial e com base em orientações da SES, o Governo do Estado estabeleceu, por meio de novo decreto, que não é o momento de suspensão de aulas presenciais. As exceções são os municípios que tenham determinações locais de restrição".
Bandeira vermelha
A suspensão das aulas presenciais chegou a ser anunciada pelo secretário estadual de Educação, Comte Bittencourt. Segundo ele, a Região Metropolitana I, que corresponde à capital do estado, foi classificada nesta sexta-feira com a cor vermelha no sistema de bandeiras de risco para o Covid-19. Pelas regras da resolução conjunta 1.536, de 25 de janeiro de 2021, que regulamentou a volta às aulas, o funcionamento das escolas fica vedado "enquanto o município onde o estabelecimento de ensino encontra-se localizado estiver situado em área assinalada com as bandeiras vermelha e roxa".
Na semana passada, 19 municípios do estado haviam sido classificados com a bandeira vermelha. A capital não havia alcançado essa classificação de risco desde que a resolução foi publicada.
— Com bandeira vermelha, pela resolução, não temos aula presencial na rede estadual e nem na rede particular vinculada ao estado, que é o ensino fundamental 2 e o ensino médio — afirmou o secretário.
Questionado sobre os recentes posicionamentos de Cláudio Castro, que tem defentido a manutenção da abertura das escolas, Bittencourt afirmou que defende as escolas abertas, desde que dentro da bandeira de risco prevista.
— As escolas devem ser as últimas a fechar, mas não na bandeira vermelha — afirmou.
Nas redes sociais, o prefeito Eduardo Paes se manifestou defendendo que as escolas devem permanecer abertas. "No município do Rio as escolas serão as últimas a fechar e as primeiras a abrir!", escreveu ele em seu perfil do microblog.
Um ano após primeiro decreto
O vai e vem de informações sobre a suspensão das aulas gerou rebuliço nas escolas particulares. "Os pais estão enlouquecidos nos grupos de WhatsApp", contou a diretora da Escola Nova, na Gávea, Verinha Affonseca. Verinha conta que estava programando enviar uma mensagem aos pais da escola para lembrar sobre o primeiro fechamento das escolas em função da pandemia, há exatamente um ano, quando soube do possível novo fechamento.
— Há exatamente um ano as aulas foram suspensas. Era dia 13 de março, uma sexta-feira 13. Foi terror e pânico, porque a gente saiu da escola e não sabia o que ia acontecer. A gente saiu para ficar uma semana sem aulas e só fomos voltar meses depois. O que mais aflige a todos agora é essa história estar se repetindo — afirma.
Diretor do colégio Andrews, no Humaitá, e também do sindicato das escolas particulares, o Sinepe Rio, Pedro Flexa Ribeiro também disse que houve uma grande procura de pais querendo se informar sobre a suspensão das aulas presenciais. Ele reclama da falta de previsibilidade nas decisões das autoridades sobre as atividade da educação.
— No caso da minha escola, temos planos para todas as bandeiras. Mas a questão é esse vai e vem, essa bateção de cabeça. Não quero que os pais se sintam desinformados. O trabalho das escolas requer previsibilidade, senão vira um caos e acaba passando insegurança — diz.
Na opinião de Flexa Ribeiro, o prefeito e o governador acertam ao dizer que as escolas devem ser as últimas a fecharem e as primeiras a abrirem.
— O Brasil tem que escolher qual é a sua prioridade. Se é a praia, o shopping, os bares ou as escolas. No ano passado, as escolas ficaram meses fechadas e um monte de coisa abriu. Enquanto isso, outros países fizeram lockdwon com as escolas abertas. O Brasil foi a escola que ficou com as escolas fechadas por mais tempo
Já o Sindicato dos Profissionais de Educação (Sepe-RJ) criticou a decisão do governador Claudio Castro de adiar a decisão.
— Tomara que nesse final de semana, em dialogo com o secretário de Educação, o governador possa assumir uma atitude responsável e fechar as escolas antes que o Rio se transforme num estado onde a contaminação aumente a ponto de o sistema de saude não dar conta — afirma ele, que classifica as escolas públicas como locais de alto risco de contágio: — as escolas estaduais e municipais são de alto risco porque não tiveram preparação estrutural para ficar arejadas, o contato vai ser grande e muitos profissionais vão ficar doentes ou até morrer por conequência dessa decisão irresponsável.